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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Professora com síndrome de Down lança livro de fábulas sobre inclusão

Fonte: www.g1.globo.com
05/08/2013 06h30 - Atualizado em 05/08/2013 06h30

Professora com síndrome de Down lança livro de fábulas sobre inclusão

Débora Seabra usa animais para falar de preconceito, rejeição e amizade.
Ela é a primeira professora do país com síndrome de Down.

Vanessa FajardoDo G1, em São Paulo
Débora Seabra escreveu livro infantil sobre inclusão (Foto: Divulgação )Débora Seabra escreveu livro infantil sobre inclusão (Foto: Divulgação )
Débora Araújo Seabra de Moura, de 32 anos, a primeira professora com síndrome de Down do Brasil, acaba de lançar um livro com fábulas infantis que têm a inclusão como pano de fundo. O livro traz contos que se passam em uma fazenda e têm os animais como protagonistas. Eles lidam com problemas humanos como preconceito e rejeição, caso do sapo deficiente que não conseguia nadar, da galinha excluída do grupo por ser surda e do passarinho de asa quebrada que precisou ganhar a confiança dos outros bichos para poder voar com eles.
Com 32 páginas, a obra "Débora conta histórias" (Araguaia Infantil, R$ 34,90) estará à venda nas livrarias a partir desta segunda-feira (5). As ilustrações são de Bruna Assis Brasil.


Em outra, Débora conta a história de amizade entre um cachorro e um papagaio. Alguns contos foram escritos baseados em situações vividas por ela. O texto da contracapa é do escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, João Ubaldo Ribeiro.

A professora também usa os bichos para abordar a importância da tolerância, respeito e amizade. Uma das fábulas é sobre a discriminação que o pato sofria por não querer namorar outras patas, e sim, patos.
"Usei os animais, mas as histórias se encaixam aos humanos. É preciso respeitar e incluir todo mundo, aceitar as diferenças de cada um. Ainda existe preconceito", afirma Débora.
O livro nasceu em 2010, quando a jovem resolveu escrevê-lo para dar presente de Natal aos pais, o médico psiquiatra José Robério e a advogada Margarida Seabra. "Queria fazer uma surpresa, e eles ficaram felizes, adoraram a ideia."
Margarida lembra que a filha passou alguns meses dedicada a escrever a obra escondida no quarto, quando a mãe entrava de surpresa ela tratava logo de proteger o presente.
Veja ao lado reportagem do Fantástico sobre a professora Débora
"A gente não imaginava, achávamos que fosse um diário." Os contos não foram escritos com a expectativa de se tornar livro, mas como o resultado agradou a todos, Margarida se rendeu aos conselhos e pedidos dos amigos e da família e foi em busca de uma editora. Antes, cogitou publicá-lo de forma independente, mas não foi preciso.
Não foi a primeira vez que a professora testou o lado escritora. Antes do livro de fábulas, escreveu a própria história que depois de ter as folhas impressas e presas por um espiral, foi dada aos pais. "Toda a família leu, guardamos como lembrança, mas achei que era comum. Já com as fábulas fiquei muito emocionada. As pessoas se surpreenderam pela dedicadeza das histórias", diz Margarida.
A obra "Débora conta histórias" será lançada oficialmente no mês de setembro em um evento para convidados, em Natal. Ainda não há data definida.
Escolas regulares
A autora da obra nasceu em Natal (RN) e há nove anos trabalha como professora assistente em um colégio particular tradicional da cidade, a Escola Doméstica. Débora sempre estudou em escolas da rede regular de ensino e se formou no curso de magistério, de nível médio, em 2005.

Quando começou a frequentar a escola, pouco se sabia sobre a síndrome de Down. Débora contou com o apoio da família que contrariou a tendência de matricular a filha uma escola especial, assim como fazia os pais naquela época. "Nunca cogitei uma escola especial porque Débora era uma criança comum. A escola especial era discriminatória e ela precisava de desafios. Não sabia muito bem como seria, mas estava aberta para ajudar minha filha a encarar qualquer coisa", diz Margarida.
Nem sempre foi fácil. Débora já foi vítima de preconceito. Ainda na educação infantil, lembra de ter sido chamada de 'mongol' por um garoto. Ela chorou, ficou magoada, mas encontrou na professora uma aliada que explicou à classe que 'mongóis' eram os habitantes da Mongólia e ainda ensinou as crianças o que era a síndrome de Down.
Por conta de sua experiência com professora, Débora já foi convidada para palestrar em várias partes do país e até fora dele, como Argentina e Portugal. Sempre que pode participa de iniciativas para ajudar a combater o preconceito, como apresentações teatrais - mais uma de suas paixões.
Débora Seabra, de 31 anos, com alunos na Escola Doméstica de Natal (Foto: Arquivo pessoal)Débora Seabra lê histórias aos alunos na Escola Doméstica de Natal (Foto: Arquivo pessoal)









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Um comentário:

  1. O caso de Débora é mais um entre tantos, que demonstram o discernimento e a capacidade de raciocínio dos portadores de síndrome de Down, essa é caracterizada como uma deficiência que prejudica o desenvolvimento daqueles que a possuem, porém alguns estudos demonstram que o seu simples diagnóstico não é o único fator que determina quão grave será o dano, questões como, inclusão social, estímulo à educação e ao trabalho, sensibilidade para lidar com as necessidades adicionais dos mesmos e o reconhecimento destes como indivíduos capazes de fazer suas escolhas, influenciam diretamente no crescimento e no aprendizado deles.
    A obra escrita por Débora demonstra que os personagens - sapo que não conseguia nadar, galinha surda e passarinho de asa quebrada - por possuírem uma particularidade que os distinguia dos outros, eram tratados como deficientes e deste modo excluídos do grupo, ela nos faz refletir, que apesar da existência de uma característica diferente, aqueles animais são iguais aos de sua espécie e podem como o pássaro de asa quebrada "voar".
    A Constituição da República de 1988, tem como função primordial, garantir a dignidade humana, deste modo, é fundamental que os portadores da Síndrome de Down sejam tratados como cidadãos que possuem direitos e que devem ser respeitados, é fato, que os mesmos possuem algumas necessidades próprias, mas estas não justificam a sua exclusão dos grupos sociais e o preconceito.

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