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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Jovem britânica morre após tomar agrotóxico vendido como remédio para emagrecer


BBC
25/04/2013 07h09 - Atualizado em 25/04/2013 07h44

Jovem britânica morre após tomar agrotóxico vendido como remédio para emagrecer

Sarah Houston, de 23 anos, comprou pílulas de DNP pela internet; apesar de banido para consumo humano, substância é legalmente comercializada como herbicida.

Da BBC

Sarah Houston, de 23 anos, morreu após tomar agrotóxico vendido também como pílula para emagrecer (Foto: Press Association)
Sarah Houston, de 23 anos, morreu após tomar
agrotóxico vendido também como pílula para
emagrecer (Foto: Press Association)
Uma investigação sobre a morte de uma estudante de medicina britânica de 23 anos concluiu que ela morreu após ingerir um agrotóxico que comprou pela internet como pílula para emagrecer.
Sarah Houston, da cidade de Chesham, na Inglaterra, foi encontrada morta em seu quarto em setembro do ano passado.
Apesar de proibido para consumo humano, o DNP (cujo composto ativo é o dinitrofenol) está disponível para compra online por seu uso legítimo como herbicida.
Os pais da jovem, Geoff e Gina Houston, disseram à BBC esperar que a morte de Sarah sirva de alerta para o perigo do consumo do DNP por outras pessoas.
"Esta é a terceira morte nos últimos seis meses. O consumo deve ser muito mais amplo do que imaginamos. Queremos que as pessoas saibam que estão correndo um grande perigo", disse o pai da jovem.
Ele fez ainda um apelo aos fornecedores da substância que estão oferecendo o produto em cápsulas de emagrecer para compra online.
"Por favor, por favor, parem, se vocês tiverem alguma noção de decência. Essas pílulas estão matando pessoas", apelou Geoff.
A mãe, tentando justificar por que a filha recorreu à substância para emagrecer, contou que Sarah tinha um problema de autoestima, se achava acima do peso e se recuperava também de uma bulimia.
"Ela se achava gorda, apesar de nunca ter sido", disse ela.
Falência dos órgãos

Gina explicou que o DNP age acelerando o metabolismo do organismo e aumenta a temperatura corporal para queimar gordura.

Em um comentário na Câmara dos Comuns sobre os resultados do inquérito sobre a morte da jovem, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que vai discutir com o governo formas eficientes de alertar as pessoas sobre o perigo deste tipo de substância.

"Basicamente, isso leva à falência dos órgãos. É um caminho sem volta, você cozinha por dentro. E foi isso que matou nossa filha", disse Gina que, junto ao marido, disse que não sabia que Sarah estava tomando a substância "extremamente perigosa".
"Só descobrimos depois dos resultados do relatório toxicológico", afirmou a mãe da jovem.
Além do DNP, a estudante de medicina também estava tomando um remédio para tratar bulimia, que pode ter como efeito colateral o aumento da temperatura corporal. Na avaliação da mãe de Sarah, isto pode ter 'mascarado' os sintomas letais provocados pelo DNP.



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Estudo sugere usar bactéria em tratamento do câncer de pâncreas


22/04/2013 16h09 - Atualizado em 22/04/2013 17h01

Estudo sugere usar bactéria em tratamento do câncer de pâncreas

Bactéria listeria infecta células de câncer e impede metástase.
Teste experimental foi feito em camundongos nos Estados Unidos.

Da France Presse
Um tratamento experimental que usa a bactéria Listeria para infectar células de câncer no pâncreas e transportar substâncias que matem o tumor demonstrou ser promissora em pesquisas com animais de laboratório, afirmaram cientistas dos EUA nesta segunda-feira (22).
Embora ainda desconheçam se o método pode funcionar em seres humanos, cientistas da Escola de Medicina Albert Einstein, da Universidade Yeshiva, em Nova York, contaram ter ficado entusiasmados com sua habilidade para deter a metástase ou disseminação do câncer.
"Neste ponto, podemos dizer que temos um tratamento que é muito eficiente em reduzir a metástase em camundongos", afirmou a co-autora sênior Claudia Gravekamp, professora associada de microbiologia e imunologia na instituição.
A técnica experimental, descrita no periódico da Academia Americana de Ciências, a revista "PNAS", funciona usando uma forma enfraquecida de listeria, que em estado natural pode provocar doenças transmitidas por alimentos.
Segundo o estudo, 90% das cobaias com câncer de pâncreas tratadas com a nova técnica não demonstraram evidências de disseminação do câncer após três semanas. Os cientistas suspenderam o experimento após 21 dias porque é quando o grupo de controle de camundongos, que tinham câncer de pâncreas mas não foram tratados, começaram a morrer.
Metástase
O câncer de pâncreas tende a se espalhar rapidamente pelo corpo e é particularmente letal, pois costuma ser descoberto somente quando já avançou para além do órgão. Pacientes sem tratamento costumam morrer no prazo de três a seis meses e a taxa de sobrevivência de cinco anos é de apenas 4%.

Cientistas inseriram rádio-isótopos, comumente usados no tratamento de câncer, na bactéria. Em seguida, a bactéria radioativa infectou as células cancerígenas, mas não as células normais.
O tratamento interrompeu a disseminação do câncer na maior parte dos casos e aparentemente não tem efeitos nos ratos, porém mais estudos são necessários para ver se é possível prolongar o tempo de sobrevivência. "Com melhorias adicionais, nossa abordagem tem o potencial de iniciar uma nova era no tratamento do câncer de pâncreas metastático", disse Gravekamp. A equipe é a primeira a testar o conceito em um modelo animal.



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quarta-feira, 24 de abril de 2013

SUS reduz idade para troca de sexo na rede pública de 21 para 18 anos



SUS reduz idade para troca de sexo na rede pública de 21 para 18 anos



O Ministério da Saúde vai reduzir de 21 para 18 anos a idade mínima para que um transexual possa fazer cirurgia de mudança de sexo na rede pública e de 18 para 16 a idade para início do tratamento hormonal e psicológico. Segundo o jornalO Estado de S. Paulo, a rede pública também passará a pagar a operação de troca de sexo feminino para masculino - o que ainda não era contemplado. A portaria, que será publicada nesta semana no Diário Oficial da União, vai incluir o pagamento de cirurgias para retirada de mamas, útero e ovários, além da terapia hormonal para crescimento do clitóris. O investimento inicial será de R$ 390 mil por ano. A cirurgia para construção do pênis (neofaloplastia) não será paga, pois a técnica ainda é considerada experimental pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
“Desde 2008, somos um dos únicos países do mundo a ofertar o tratamento para transexuais de maneira universal e pública. O salto agora é aumentar o acesso e ampliar a oferta de serviços que fazem a cirurgia, além de autorizar o acompanhamento em unidades ambulatoriais”, diz José Eduardo Fogolin Passos, coordenador-geral de média a alta complexidade do Ministério da Saúde. O grupo técnico que cuidou da revisão da portaria chegou à conclusão de que a idade mínima para a realização da cirurgia de mudança de sexo é de 18 anos. Como o pré-requisito é ter feito ao menos dois anos de acompanhamento psicológico, foi necessário diminuir para 16 a idade para início do processo. 







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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bebê gerada após seleção genética doa medula à irmã


19/04/2013 - 03h13

Bebê gerada após seleção genética doa medula à irmã

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO


Maria Vitória, 6, nasceu com talassemia major, uma doença hereditária que prejudica a produção de glóbulos vermelhos. A cada três semanas, tinha que receber "sanguinho", termo usado por seus pais para se referir às transfusões frequentes.
Há um ano e dois meses, ela ganhou a irmã que tanto pediu aos pais e que poderia ajudá-la a se ver livre da doença por meio de uma doação de células-tronco.
Maria Clara, a irmã mais nova, foi gerada a partir de um embrião selecionado em um tratamento de fertilização in vitro feito pelos pais.
A seleção buscou embriões sem a talassemia major e compatíveis para um transplante de células-tronco. O procedimento trazia uma chance de até 90% de cura para Maria Vitória.
Por isso, quando a mais nova nasceu, as células-tronco de seu cordão umbilical foram colhidas e congeladas.

Bebê gerada após seleção genética doa medula r »

Marcelo Justo/Folhapress
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Maria Clara, gerada após seleção genética doa medula à irmã Maria Vitória, 6, que nasceu com uma doença hereditária

Mas, como o número de células-tronco do cordão não era suficiente para o transplante, considerando o peso da mais velha, foi preciso esperar até que a caçula crescesse um pouco mais para que também fossem retiradas as células-tronco de sua medula óssea por uma punção no osso ilíaco, na bacia.

Há 22 dias, o transplante finalmente foi feito. E, nesta semana, apresentou resultados: a medula óssea de Maria Vitória teve "pega", ou seja, passou a produzir suas células de maneira saudável.

Antes de receber o transplante, ela foi submetida a uma forte quimioterapia para "destruir" sua medula óssea doente. As células doadas pela irmã repovoaram sua medula para que ela funcionasse de maneira normal.

A químio causou reações indesejadas, como náuseas e queda de cabelo, mas seu efeito mais grave (e discutido com os pais) é a infertilidade.

Segundo o médico responsável pelo transplante de Maria Vitória, Vanderson Rocha, do Sírio-Libanês, a chance de a menina ter filhos no futuro é pequena porque 95% dos pacientes submetidos a esse procedimento ficam inférteis.

Esse foi o primeiro caso na América Latina de seleção de embriões livres de doenças genéticas e compatíveis para um transplante.

O geneticista Ciro Martinhago foi o responsável pela seleção dos embriões. Segundo ele, o caso abre brecha para que outras doenças também possam ser tratadas dessa maneira, como a leucemia. Depois do nascimento de Maria Clara, Martinhago já usou o método em outros 20 casos, a maioria para talassemia major e anemia falciforme.

Para o médico, o importante é ter a certeza de que a família quer mais um filho, independentemente da ajuda que ele possa oferecer a um irmão doente.

"Não pode haver o desejo de ter o filho para curar o irmão. A criança não pode se sentir usada dessa maneira. Os pais que atendo me dizem que, se não for possível fazer a seleção, vão querer ter o filho de qualquer jeito."

CURA POSSÍVEL

O médico Vanderson Rocha afirma que Maria Vitória será acompanhada de perto por um bom tempo e só será possível falar em cura definitiva daqui a um ano.

Editoria de Arte/Folhapress
Os pais das meninas, porém, já comemoram.

"Sempre pensei que, se houvesse uma chance de cura para a Maria Vitória, eu não ficaria de braços 
cruzados. Não consigo descrever a sensação de meta cumprida", diz a biomédica Jênyce Reginato da Cunha, 36, mãe das meninas.

A rotina de transfusões começou quando a filha tinha cinco meses. A mãe conta que a menina sempre considerou o procedimento "normal", mas, há um ano, começou a reclamar e a não querer mais se submeter às picadas.

Antes do transplante, ela já vinha apresentando excesso de ferro no fígado, uma consequência das transfusões que pode causar cirrose e insuficiência cardíaca.

Hoje, Maria Vitória terá alta do Hospital Sírio-Libanês, onde fez o transplante e morou durante um mês.

Cansada da rotina do hospital e com saudade da casa da família, em Cerquilho (SP), deixará para trás um quarto todo decorado com adesivos e pôsteres da novela "Carrossel" --especialmente da personagem Maria Joaquina, interpretada pela atriz Larissa Manoela, que ela sonha em conhecer.








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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Morre aos 87 anos Robert Edwards, pioneiro da fertilização in vitro


Morre aos 87 anos Robert Edwards, pioneiro da fertilização in vitro

Anúncio da morte foi feito pela Universidade de Cambridge.
Britânico havia sido laureado com o Nobel de Medicina em 2010.

Da AFP
28 comentários
Robert Edwards, britânico laureado com o Nobel de medicina em 2010. (Foto: AP Photo / Matt Dunham)Robert Edwards (Foto: AP Photo / Matt Dunham)
O britânico Robert Edwards, pioneiro da fecundação in vitro e prêmio Nobel de Medicina em 2010, morreu nesta quarta-feira (10) aos 87 anos, anunciou sua universidade.
"Com grande tristeza, a família anuncia que o professor Sir Robert Edwards, vencedor do Prêmio Nobel, faleceu tranquilamente enquanto dormia em 10 de abril de 2013 depois de uma longa enfermidade", diz o comunicado divulgado pela Universidade de Cambridge, à qual continuava vinculado.
Foi ele que conseguiu o nascimento do primeiro "bebê de proveta", Louise Brown, em 25 de julho de 1978, um acontecimento histórico que foi a manchete dos jornais de todo o mundo.
Mais de 4 milhões de pessoas nasceram desde então graças à fecundação in vitro.
Seus trabalhos foram recompensados em 2010 com o Prêmio Nobel de Medicina, mas o cientista, que já estava aposentado havia anos, não foi recebê-lo em Estocolmo por motivos de saúde.
Nascido em 27 de setembro de 1925 na localidade de Batley, perto de Leeds, no norte da Inglaterra, serviu no exército britânico de 1944 a 1948, antes de iniciar seus estudos de biologia na Universidade de Bangor, em Gales, e depois em Edimburgo, na Escócia, onde se doutorou em 1955 com uma tese sobre o desenvolvimento embrionário dos ratos.
Depois de um primeiro emprego no Instituto Nacional de Pesquisa Científica em Londres, começou a trabalhar em 1963 na Universidade de Cambridge, onde, cinco anos mais tarde, viu pela primeira vez a vida ser criada fora do útero.
"Jamais esquecerei do dia que olhei em meu microscópio e vi algo diferente nos cultivos", afirmou Edwards em 2008. "O que vi foi um blastocisto humano me olhando fixamente. Pensei: conseguimos", acrescentou.
Uma década depois, em 25 de junho de 1978, nasceu Louise Brown, fruto da primeira fecundação in vitro -- fecundação dos ovócitos pelos espermatozóides fora do corpo da mãe --, em um parto cercado do mais absoluto sigilo para escapar do assédio dos meios de comunicação.
Em 1980, Edwards e Patrick Steptoe fundaram a Bourn Hall, a primeira clínica de fertilidade do mundo, onde continuaram aperfeiçoando seu procedimento com mais de 10 mil bebês nascidos desde então.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Consórcio Internacional do Genoma do Câncer


Consórcio Internacional do Genoma do Câncer
O projeto inscrito no Consórcio Internacional do Genoma do Câncer (International Cancer Genome Consortium – ICGC), iniciado em março pelo Hospital do Câncer de Barretos (HCB) e pelo Centro de Excelência em Bioinformática (CEBio) da Fiocruz Minas, tem a participação do Centro de Estudos em Biodireito (Cebid) da PUC Minas.

O Brasil passa assim a integrar a ambiciosa iniciativa mundial que envolve 51 equipes de pesquisadores de instituições da América do Norte, Ásia, Europa, Oriente Médio e, agora, América Latina, dedicadas a estudar mais de 24 mil genomas de tumores. Esta iniciativa conta, ainda, com a participação da Queens University, Kingston, Canadá, onde as descobertas relativas à população brasileira com melanoma serão comparados com os da população canadense.


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Pai assiste a aulas e ajuda filho com paralisia a se formar jornalista

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1258690-pai-assiste-aulas-e-ajuda-filho-com-paralisia-a-se-formar-jornalista.shtml



07/04/2013 - 02h30

Pai assiste a aulas e ajuda filho com paralisia a se formar jornalista

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JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO

Todos os dias, durante os últimos quatro anos, o ex-bancário Manuel Condez, 60, dedicou a mesma rotina ao filho Marco Aurélio, 26, que convive com sequelas severas de paralisia cerebral: deu banho, penteou os cabelos, carregou-o no colo até o carro e o levou para a faculdade de jornalismo a 17 km de casa.
O pai assistiu a todas as aulas, anotou as lições dadas pelos professores, auxiliou o filho na feitura das provas escrevendo no papel aquilo que ele lhe soprava, ajudou intermediando pensamentos, foi o motorista do grupo de trabalho e o assessorou em entrevistas e em reportagens.
Na semana passada, Marco recebeu o diploma da Universidade São Judas, em São Paulo, e Manuel viveu uma das noites mais emocionantes de sua vida, sendo o grande homenageado. Foi ovacionado pelos formandos e recebeu da direção da faculdade uma placa de honra ao mérito.
"Não fiz nada demais. Qualquer pai que tem amor ao filho também se dedicaria. Era um desejo dele fazer faculdade, e eu só ajudei a realizar", diz Manuel, com os olhos marejados.
Marco tem braços, mãos e pernas atrofiados, fala com dificuldade, já foi submetido a 11 cirurgias reparadoras, usa cadeira de rodas e programa especial de computador para ter mais autonomia. Precisa de cuidados específicos para tocar o dia a dia.
"O único ponto meu que ainda não foi operado é o cérebro", brinca o jovem, que lida com naturalidade com o estereotipo de que paralisados cerebrais, necessariamente, têm comprometimentos intelectuais.
Marcelo Justo/Folhapress
Manuel Francisco Contez, 60, ajudou o filho Marco Aurlio Contez, 26, durante todo o curso de jornalismo
Manuel Francisco Contez, 60, ajudou o filho Marco Aurlio Contez, 26, durante todo o curso de jornalismo
DESTAQUE DA TURMA
O rapaz não só tem pleno domínio do intelecto como, na avaliação de colegas de turma e de professores, foi um dos melhores alunos.
"Com o apoio do seu Manuel, o Marcão fez tudo: vídeo para TV, programa de rádio, debate. Ele se destacou muito. Tinha ideias contundentes e sempre se saia bem nas provas", conta Raquel Brandão Inácio, amiga do jovem e parte de seu grupo de trabalho de conclusão de curso, sobre novas famílias.
Professor e agora colega de profissão do rapaz, Celso de Freitas diz que pai e filho "quebram um cenário comum de pessoas com deficiência, que é ficar dentro de casa e não enfrentar a vida."
Para o mestre, "Marco tem inteligência acima da média, e Manuel foi tratado como um aluno, não como um acompanhante. Nas aulas de rádio, propus a eles fazerem apenas trabalhos escritos, mas, a sua maneira, entregavam gravações de áudio."
EXTENSÃO DO CORPO
O protagonismo que o pai teve e tem em sua vida é claro para o jornalista.
"Ele é uma extensão do meu corpo. Quando não posso fazer algo, ele está sempre ali para me ajudar, nunca para me atrapalhar", afirma Marcos.
Agora, o jovem, que gosta de rádio e de esportes, está atrás de uma vaga no mercado de trabalho.
"Quero usar o conhecimento que adquiri, quero ajudar os outros com meu trabalho. Não fiz faculdade para ficar no Facebook."
Pai e filho já começaram uma nova empreitada: estão fazendo aulas de inglês. Juntos, evidentemente.
"Nossa família está unida para tentar ajudar o Marcos a quebrar outras barreiras", declara Manuel.



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Filha dopou pai para interná-lo

fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/01/se-nao-fosse-forca-ele-ia-morrer-na-rua-diz-filha-que-dopou-para-internar.html

21/01/2013 19h32 - Atualizado em 22/01/2013 12h08

"Se não fosse à força, ele ia morrer na rua', diz filha que dopou para internar

Vendedor de 62 anos é internado involuntariamente no 1º dia de programa.
Decisões sobre internações contra a vontade sairão em um dia, espera juiz.

Tahiane StocheroDo G1, em São Paulo
90 comentários
Eram cerca de 8h desta segunda-feira (21) quando o vendedor aposentado Reinaldo, de 62 anos, chegou à casa da filha para o café da manhã. Ana Paula, de 33 anos, havia chamado o pai, que é morador de rua e usuário de crack há mais de dois anos, para ir a sua casa porque desejava levá-lo ao médico.

Reinaldo dizia sentir dores no corpo, problema de audição, não comia bem, sumia por meses sem deixar pistas.

Preocupada com a situação alarmante do pai e com diversos furtos que ele fez em sua casa e na dos irmãos, planejou uma "armadilha": o café seria a isca para dopá-lo e levá-lo à força até a sede do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), no Centro de São Paulo, onde o governo estadual iniciaria um programa de internação compulsória de dependentes químicos.

Antes do café, Reinaldo queria tomar caldo de cana. E foi onde Ana Paula colocou dois comprimidos de um forte calmante. A caminho do Cratod, ele dormiu no banco de trás do carro, deixando cair um cachimbo que levava no bolso, para a surpresa da família.
Quando vi a notícia sobre o programa de internação, conversei com minha família e tomei a iniciativa. Se eu não trouxesse ele à força, ele não ia querer e ia morrer na rua"
Ana Paula, autônoma
Reinaldo foi o primeiro paciente a ser internado na Cratod nesta segunda-feira, quando teve início o programa de internação compulsória em que, após avaliação clínica feita por médicos e psiquiatras, uma equipe jurídica formada por um promotor, um defensor público, um integrante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um juiz analisam os casos em que há necessidade de internação à força.
A capital paulista não registrou pedidos de internação compulsória nesta segunda-feira - o caso de Reinaldo é considerado involuntário. Internação voluntária ocorre quando o paciente aceita ser internado. Internação involuntária é quando o pedido é feito por familiares. A internação compulsória é determinada pela Justiça.

Ana Paula chegou à clínica por volta das 13h e, quatro horas depois, os médicos decidiram que seu pai tem que fazer tratamento. Mas, como o plantão jurídico já tinha acabado (o atendimento é das 9h às 13h), ela terá que voltar nesta terça-feira (22) para conversar com o juiz que vai atuar no caso.
“Quando vi a notícia do programa de internação sem a vontade da pessoa que o governo estava criando, resolvi que era hora de fazer alguma coisa. Somos uma família de quatro irmãos, conversamos e, como todos estavam de acordo, eu tomei a iniciativa. Se eu não trouxesse ele à força para cá para ser internado, ele ia morrer na rua”, conta Ana Paula, que é autônoma e possui um comércio de roupas no Jardim da Laranjeira, na Zona Leste de São Paulo.
crack internação (Foto: Tahiane Stochero/G1)Ana Paula e a mãe deixaram o Cratod com o documento de
internação do vendedor aposentado Reinaldo
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
Após decidir que era hora de fazer algo, a filha foi localizar o pai nas ruas e o convencer a ir à sua casa na data marcada.
“Meu pai é morador de rua. Desde que começou a usar crack, some de casa, passa dias vagando pela região do Aricanduva, mendigando, comendo mal, sem se cuidar. Ele diz que não consegue parar quieto nunca, que ouve barulhos, que tem que ficar vagando", explica a autônoma.
crack internação (Foto: Tahiane Stochero/G1)Documento atesta internação involuntária de
aposentado de 62 anos (Foto: Tahiane Stochero/G1)
"Não sabemos mais como lidar com isso porque outras vezes que tentamos tratamento em hospitais, ele saía, fugia. Precisamos de um lugar onde haja segurança, que ele possa ficar sem riscos de fugir ou acontecer algo”, diz Ana Paula, que foi ao centro de tratamento acompanhada da mãe, Telma.

Com quatro filhos e oito netos, Reinaldo chegou a roubar os próprios filhos para ter dinheiro para comprar crack, diz a filha. “Dávamos dinheiro para ele, mas mesmo assim sumiu dinheiro de casa, ele pegava roupas e mercadorias minhas para vender e sustentar o vício. Ele roubou a própria família. E é meu pai, eu me preocupo. Se ele está na rua, não sei onde está, se está bem, se está vivo. Eu não consigo dormir à noite por não saber como está meu pai”, afirma Ana Paula.

“Se fosse pela vontade dele, ele não viria. Ele diz que prefere viver e morrer assim, nas ruas”, relembra a filha. Segundo a família, o ex-vendedor começou a usar outros tipos de drogas há mais de 10 anos, mas quando se separou da mulher e conheceu o crack nas ruas, as coisas começaram a piorar.
“Nossa separação foi porque ele já usava drogas e foi consumindo nossa família. Ele foi se perdendo de tudo, se desligando de tudo. Nem os netos o faziam animar mais. Desde que entrou no crack, perdeu a consciência da situação, não responde mais por ele”, diz a ex-mulher Telma.
A família deixou o Cratod por volta das 16h, após Reinaldo acordar, almoçar e conversar com os médicos. Uma psiquiatra apontou que ele precisa de tratamento contra o crack e Ana Paula foi informada que deve voltar nesta terça-feira para que um magistrado analise o caso.

“Nos falaram que não há vagas para este tipo de internação, contra a vontade, e que um juiz deve apontar qual instituição deve receber o meu pai”, afirmou ela. “Ele vai passar esta noite aqui, medicado, para ficar calmo, até que decidam o que vai ser feito”, diz desapontada a filha, que esperava um destino para o pai ainda nesta segunda-feira.

“Não sabia do horário de funcionamento. Amanhã estaremos de volta”, diz.
Como trabalharemos aqui juntos, espero que as decisões sobre internação compulsória saiam em um dia. Ministério Público, OAB e defensoria poderão se manifestar após um médico fazer a avaliação clínica"
Samuel Karasin, juiz
Decisão sobre internação em um dia
Segundo o juiz Samuel Karasin, que irá decidir sobre a compulsoriedade do tratamento de dependentes de crack no Cratod, cada caso será analisado separadamente após o usuário ser ouvido e os médicos atestarem que realmente é preciso uma internação, pois há risco de vida para o dependente.

Quando a internação é involuntária (a pedido da família e com recomendação médica), o juiz nem sempre é chamado a participar. O magistrado interfere, em especial, quando há menores de idade envolvidos ou há necessidade de uma vaga com urgência que não é disponibilizada no serviço público.

“Ainda não vi o caso do senhor que veio dopado pela família, mas os médicos irão apontar o seu diagnóstico e todas as partes, Ministério Público, OAB, terão a oportunidade de se manifestar. Se é um processo de interdição, de forma compulsória, um processo é aberto. Mas aqui, como estaremos todos trabalhando juntos, espero que as decisões sejam rápidas e tudo não demore mais que um dia”, diz o magistrado.

O plantão judiciário para internações compulsórias no Cratod tem período preliminar de atuação de seis meses, diz o juiz.

“Acho que a maioria dos casos analisados será de internação involuntária, as internações compulsórias são exceções, quando realmente será necessário tomarmos uma atitude e a família não for localizada. O juiz aqui terá um papel maior para garantir uma vaga para quem quiser se internar. E se não houver vaga no sistema público, eu penso que o Estado terá a obrigação de arcar com os custos de uma internação em clínicas privadas”, disse o juiz Iassim Issa, da Vara da Infância e da Juventude.
crack internação (Foto: Tahiane Stochero/G1)Pais procuraram Cratod no Centro de São Paulo para receber
informações sobre como poderiam internar os filhos
dependentes de crack (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Pais à procura de esperança
O primeiro dia de atendimento na Cratod com plantão judiciário foi marcado pelo choro de mães e pais desesperados à procura de esperança para o futuro de seus filhos dependentes de crack.

Um casal de Itaim Paulista, na Zona Leste da capital, foi o primeiro a chegar. Trouxe a filha de 16 anos, usuária de crack, cocaína e álcool, para ser internada. Nas costas da menina, uma mochila escolar com roupas dentro. Os pais queriam que ela saísse direto do Cratod para a clínica ainda nesta segunda-feira.

“Eu recebi o casal logo que as portas se abriram. Eles estavam desesperados. Me disseram: ‘doutor, por favor, faz algo pela minha filha’. A jovem estava resistente à internação, mas conversando com os médicos acabou aceitando. Ela entendeu que precisa de tratamento”, diz o desembargador Antonio Carlos Malheiros, coordenador da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Nós estamos na expectativa que o tratamento dê certo, pois já tentamos de tudo. Minha filha some, acho até que ela está fazendo programas sexuais para ter dinheiro para comprar a droga. Eu é que não dou dinheiro para isso, não”, diz o pai da adolescente, um porteiro que pediu para não ser identificado. “Ela precisa ficar pelo menos um ano trancafiada, presa, sem poder sair para rua para poder ficar limpa das drogas”, acrescenta o pai. “Aos poucos ela está entendendo que precisa se tratar”.

A garota consentiu com o tratamento e será internada voluntariamente mas, como é adolescente, a Justiça irá acompanhar o caso.
crack internação (Foto: Tahiane Stochero/G1)Pai que busca internação involuntária para o filho mostra
marcas de briga após jovem querer dinheiro para o crack
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
Internações e agressões
O segundo a chegar no Cratod em busca de uma internação involuntária para o filho de 35 anos foi o mecânico Arlindo (ele preferiu não divulgar o sobrenome), de 52 anos, que teve que faltar ao trabalho em busca de ajuda.

No domingo, ele e o filho entraram em luta corporal após uma nova crise do jovem, que queria dinheiro para comprar crack. O irmão mais velho deu R$ 20 para que o caçula fosse “para a rua” se acalmar.

“Achei uma arma de brinquedo em casa, que ele usa para cometer assaltos e ter dinheiro para o crack. Eu não queria devolver e escondi. Aí ele começou a me agredir, porque queria de volta. Chamei a PM e não sabia o que fazer, mas os policiais falaram que não podiam fazer nada”, conta Arlindo, mostrando as marcas das agressões.
Pai, nos amamos, mas não vai ser você que vai impedir eu de comprar crack ou evitar de eu ir para a cadeia ou até de morrer"
Homem de 35 anos em SMS para o pai
“Estou aqui para falar com um juiz, um advogado, para ver se posso internar contra a vontade o meu filho. Ele já passou por 12 internações, sempre disse que ia porque queria, mas ficava poucas semanas e fugia. Eu tinha R$ 90 mil na conta que gastei pagando estes tratamentos que não deram em nada. Ele vendeu um carro, me roubou, para ter dinheiro para o crack. Isso nunca tem fim. Sempre que ele vai para a clínica, foge e volta a usar”, relembra o mecânico, que é separado e mora na Zona Norte de São Paulo.

Arlindo mostrou à reportagem do G1 mensagens de texto de celular que o filho havia lhe escrito, pedindo a arma de brinquedo de volta. Em um dos textos, o filho dizia: “Pai, me entregue o brinquedo, que não é meu e quem me emprestou sabe onde eu moro. Devolva logo para evitar outra daquelas brigas de lutinha. Nos amamos, mas não vai ser você que vai impedir eu de comprar crack de novo, ou evitar eu de ir para cadeia ou até de morrer”, mostrou o pai, desesperado.

Um juiz iria analisar o caso de Arlindo e avaliar a possibilidade de uma ambulância com um médico ir à casa do mecânico para saber o quadro clínico do jovem. “Eu sei que ele não vai deixar ninguém tocar nele e nem quer ser internado. Eu não sei mais o que fazer”, desabafou. Arlindo deixou o Cratod às 16h e, como não sabia aonde estava seu filho, não foi possível tentar uma internação à força na segunda-feira.

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