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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Justiça autoriza aborto de feto anencéfalo em Minas Gerais

 
24/04/2012 21h22 - Atualizado em 24/04/2012 21h38

Justiça autoriza aborto de feto anencéfalo em Minas Gerais

Gestante solicitou a interrupção da gravidez após fazer 3 exames.
Decisão é da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Do G1 MG

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) autorizou, na tarde desta terça-feira (24), que uma moradora de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, interrompa a gestação por estar grávida de um feto anencéfalo. A decisão unânime foi tomada pela 18ª Câmara Cível, seguindo orientação do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o TJMG, a mulher conta nos autos que engravidou no final de 2011. No último dia 8 de março, ela realizou uma ultrassonografia obstétrica, quando foi constatada a anencefalia fetal. Ainda segundo consta no processo, ela fez outros dois exames para confirmar o diagnóstico e, então, solicitou à Justiça a interrupção da gravidez.

O pedido foi negado pela comarca de Brumadinho, mas o recurso foi aceito em segunda instância. O desembargador Corrêa Camargo, relator do caso, foi favorável ao pedido da gestante por entender que, com a impossibilidade de sobrevida do feto portador de anencefalia, deve ser deferida a autorização para a imediata interrupção da gravidez. "Entende-se que a continuação da gravidez se apresenta como um processo verdadeiramente mórbido", afirmou o desembargador em sua decisão.

Decisão do STF

Foi publicada no Diário de Justiça desta terça-feira a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou a interrupção da gestação de fetos sem cérebro. Com isso, as grávidas de anencéfalos poderão solicitar a antecipação terapêutica do parto em hospitais da rede pública ou privada.

De acordo com a decisão do STF, órgãos públicos deverão definir os procedimentos a serem adotados pelos profissionais de saúde na interrupção da gestação em caso de anencefalia diagnosticada.

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domingo, 22 de abril de 2012

Com rara condição genética, bebê nasce com 6 pernas no Paquistão

Com rara condição genética, bebê nasce com 6 pernas no Paquistão

16 de abril de 2012 • 15h17 • atualizado às 16h54

Segundo médico que não quis se identificar, o menino sofre de uma rara condição genética que atinge um recém-nascido a cada 1 milhão ou mais. Foto: AFP


Segundo médico que não quis se identificar, o menino sofre de uma rara condição genética que atinge um recém-nascido a cada 1 milhão ou mais
Foto: AFP


Médicos paquistaneses lutam para salvar a vida de um menino que nasceu com seis pernas devido a uma rara condição genética. Jamal Raza, diretor do Instituto Nacional de Saúde Infantil, em Karachi, afirma que o bebê nasceu há uma semana e está na unidade de tratamento intensivo (UTI). As informações são do site do jornal inglês The Daily Telegraph e da agência AFP.

Segundo o jornal, um médico do hospital que não quis se identificar afirma que o menino sofre de uma desordem genética que afeta um recém-nascido a cada 1 milhão ou mais. "Os médicos estão examinando a criança para planejar o tratamento necessário para salvar a vida do bebê e garantir que ele tenha uma vida normal", diz nota oficial do governo.

Imran Shaikh, pai da criança, vive em Sukkur, 450 km ao norte de Karachi. "Somos uma família pobre. Estou grato pelo governo ajudar a tratar meu bebê", diz à imprensa.



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Família busca cura para menina com síndrome que deforma rosto

Família busca cura para menina com síndrome que deforma rosto


10 de abril de 2012 • 09h19 • atualizado às 09h36

Shameem Asghar conta que a família já conseguiu levantar 50 mil libras para Maha. Foto: BBC Brasil


Shameem Asghar conta que a família já conseguiu levantar 50 mil libras para Maha
Foto: BBC Brasil


Uma família de Manchester, na Inglaterra, está tentando conseguir uma cirurgia nos Estados Unidos para curar uma síndrome rara que está destruindo o rosto da filha de três anos. Há um ano, a criança, Maha Asghar, foi diagnosticada com a Síndrome Parry-Romberg, um problema facial raro que afeta uma em um milhão de pessoas.

A doença faz com que o sistema imunológico ataque a criança e já está começando a destruir o rosto de Maha. A família está tentando levantar 70 mil libras (mais de R$ 200 mil) para conseguir fazer o tratamento.

O National Health Service (NHS), o serviço público de saúde britânico, oferece cirurgia plástica para estes casos apenas a partir dos 16 anos, mas a família acredita que será tarde demais para Maha e quer levá-la para fazer tratamento nos Estados Unidos o mais rápido possível.

"No momento está afetando a visão dela e esta é minha principal preocupação, pois pode deixá-la sem enxergar", disse a mãe da criança, Shameem Asghar. "Está destruindo os ossos, está destruindo a língua e a gengiva e causando muitos danos atrás da orelha, o que pode afetar a audição. Ela pode ter episódios de dor que podem durar de duas a três horas e é uma dor insuportável", descreveu a mãe da criança.

"É bem difícil assistir (às crises) sabendo o que pode acontecer. É como se estivéssemos em uma montanha-russa emocional", acrescentou.

Técnica pioneira

Até o momento, a família de Maha Ashghar conseguiu levantar 50 mil libras (quase R$ 145 mil) promovendo eventos e espera levar Maha para fazer a cirurgia em maio. Shameem Asghar afirma que o NHS ofereceu o fornecimento do medicamento metotrexato, cujos efeitos colaterais "podem afetar os rins, podem até matá-la".

O professor de cirurgia John Siebert do Hospital da Universidade do Wisconsin, nos Estados Unidos, é o pioneiro em intervenções precoces nestes casos. Nestes procedimentos, o médico usa a reconstrução microcirúrgica para reparar a deformação.

A cirurgia de Siebert envolve a retirada de tecidos do próprio corpo do paciente e o transplante destes tecidos para o rosto. O professor americano passou 20 anos aperfeiçoando a técnica que pode não apenas reparar a deformação, mas também mudar a biologia da doença e parar seu avanço.

Até o momento a cirurgia foi feita em 120 pacientes com a Síndrome de Parry-Romberg. A doença, também conhecida como 
atrofia hemifacial progressiva, causa o encolhimento progressivo e a degeneração dos tecidos embaixo da pele, geralmente apenas em um lado do rosto. A doença pode levar à perda da visão, dores fortes e convulsões. Ainda não existe cura.


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sábado, 21 de abril de 2012

Colombiana indígena de 10 anos dá à luz menina e gera polêmica

06/04/2012 15h08 - Atualizado em 06/04/2012 15h10


Colombiana indígena de 10 anos dá à luz menina e gera polêmica

Jovem é de tribo chamada Wayuu, cuja autonomia é garantida pelo Estado.
Jornais especulam sobre pai da criança: menino de 15 ou homem de 30.


Do G1, em São Paulo


Uma menina colombiana de 10 anos de idade gerou polêmica ao se tornar uma das mães mais novas de que se tem notícia. A jovem faz parte de uma tribo indígena chamada Wayuu, na península La Guajira, no norte do país, e deu à luz uma menina saudável após a gestação com uma semana a mais que o normal.


Avó mostra a recém-nascida em seu colo após o parto da jovem mãe de 10 anos de idade na Colômbia (Foto: Reprodução/Univision)
Avó mostra a recém-nascida em seu colo após o parto da jovem mãe de 10 anos de idade na Colômbia (Foto: Reprodução/Univision)

Segundo a reportagem da emissora Univision, o parto foi a primeira visita ao médico que a menina fez relacionada a sua gestação. Ela chegou ao hospital sangrando e com muitas dores, dizem os relatos.

Após o parto de cesárea, tanto a mãe quanto o bebê passam bem, apesar de ela se recusar a amamentar a filha, nascida com 2,3 quilos. As duas estão sendo mantidas em uma unidade neonatal cuja localidade não foi divulgada.
O Estado poderia até processar os pais da menina por terem permitido que ela tivesse relações sexuais, mas as leis do país garantem autonomia às tribos indígenas em costumes como esse.
Jornais locais especulam sobre a identidade do pai da recém-nascida. Fala-se que poderia ser um jovem de 15 anos ou um homem de 30.

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Justiça de RR autoriza transexual a trocar nome sem cirurgia de sexo

19/04/2012 17h56 - Atualizado em 19/04/2012 17h56

Justiça de RR autoriza transexual a trocar nome sem cirurgia de sexo

Sandra dos Santos conseguiu tirar RG, CPF e título de eleitor em Boa Vista.
Apesar disso, dois documentos ainda a identificam como 'masculino'.

Glauco Araújo
Do G1, em São Paulo


Sandra com sua nova certidão de nascimento (Foto: Arquivo Pessoal)

Sandra com sua nova certidão de nascimento, em
Roraima (Foto: Arquivo Pessoal)
A locutora Sandra Gomez dos Santos, 33 anos, está passando uma nova fase em sua vida depois que o juiz Erasmo Hallysson Campos, da 3ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de Roraima, autorizou a mudança do nome em seus documentos, sem a necessidade de cirurgia de mudança de sexo. A decisão foi tomada no dia 3 deste mês. Nesta terça-feira (17), a transexual conseguiu fazer a correção em seu título de eleitor.
Em ano de eleições municipais, Sandra está feliz por poder votar pela primeira vez assinando o nome que ela considera que a identifica em sua essência. "Será a primeira experiência eleitoral verdadeiramente como mulher", disse a locutora.
Com a decisão do juiz em mãos, Sandra foi ao cartório de registros de Boa Vista no mesmo dia e já pediu a emissão de sua nova certidão de nascimento. "O único detalhe ruim desta decisão é que, apesar de ter mudado meu nome do documento, o sexo continua identificado como masculino. Esse é o lado ruim da decisão pela troca do nome sem a necessidade da cirurgia de readequação genital. Continuo como 'masculino' na certidão e no RG."
Sandra disse ainda que o próximo passo é conseguir a emissão do diploma da faculdade. "Quando me formei, pedi para não emitirem o documento porque queria que fosse com o meu nome de mulher. Agora, já fiz o pedido e é só esperar."
A locutora se considera conhecida em Boa Vista por trabalhar em rádio e por militar pelos direitos homossexuais, mas ainda assim não ficou de fora dos problemas com sua identificação. "Tinha vergonha de apresentar meus documentos. Me sentia péssima, pois sempre tinha de me explicar. Essa decisão judicial foi tudo para mim. E olha que quando somos conhecidos as coisas ficam mais fáceis."
O defensor público Natanael Ferreira, que representou Sandra no processo, disse que o caso da locutora apresentava um "descompasso entre o sexo anatômico e o psicológico". Ele afirmou que este é o primeiro caso em que a Justiça do estado decide pela autorização da mudança de nome sem mudança de sexo. "Há outros casos em andamentos no estado e essa decisão vai servir de jurisprudência", disse ele.
Problemas com Call Center
Além de tratar como vitória a emissão de documentos como o nome de Sandra, a locutora disse que vai deixar de viver um dos problemas que considerava o pior de todos. "Call center. Isso era um verdadeiro problema para mim. Minha voz é feminina e todas as tratativas eram tranquilas até a hora de falar meu nome [José]. Depois de alguns desconfortos com isso, passei a dizer que meu nome não era José e sim Jôse. Aí as coisas ficavam mais fáceis."
Cirurgia de mudança de sexo
"O próximo passo é fazer a cirurgia de readequação genital. Aqui em Roraima não conheço lugar onde poderia fazer isso. Esse tipo de procedimento já é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas é bem possível que eu entre com pedido de tratamento fora de domicílio para eu poder fazer a cirurgia em outro estado."
Quando conseguir fazer a cirurgia, Sandra terá outro "problema". "Vou ter de entrar com processo novamente para, dessa vez, mudar a minha indicação de gênero nos documentos que já tenho com meu nome de mulher", brincou a locutora.
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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Doador de esperma que trabalha por conta própria já tem mais de 80 filhos

16/04/2012 10h20 - Atualizado em 16/04/2012 10h20

Doador de esperma que trabalha por conta própria já tem mais de 80 filhos

Holandês é alternativa mais barata a clínicas de fertilização.
Ed Houben faz sexo com muitas das clientes, mas era virgem até os 34 anos.

Do G1, em São Paulo

Um holandês que se sustenta como um doador de esperma profissional já tem 82 filhos espalhados pelo mundo e mais dez em gestação. Ed Houben trabalha por conta própria, sem passar por bancos de esperma e clínicas de fertilização, e, em boa parte dos casos, realmente faz sexo com as mulheres que querem ser mães.

Ed começou a doar esperma aos 29 anos. Depois de quatro anos, já tinha doado quantidade suficiente para gerar 25 crianças, limite legal na Holanda. A partir daí, ele passou a procurar na internet em outras formas de
 continuar doando.
Ed Houben tem 82 filhos nascidos e dez em gestação (Foto: Reprodução/Der Spiegel)
Ed Houben tem 82 filhos nascidos e dez em gestação (Foto: Reprodução/Der Spiegel)

Inicialmente, o holandês usava um copinho e as mulheres interessadas colocavam o esperma na vagina com algum tubo ou seringa.

Em 2004, quando tinha 34 anos, Ed conheceu um casal em que o homem era infértil. Os dois queriam que o filho fosse concebido com intimidade e emoção. Foi só neste dia que ele perdeu a virgindade.
Em geral, o método sai mais em conta e é mais rápido que a fertilização artificial. Na Alemanha, de onde vêm muitas das clientes, as clínicas de fertilização impõem regras rigorosas, que são vistas como complicadores pelas mulheres. Estas regras dificultam principalmente casais de lésbicas, que costumam recorrer a Ed. Mas heterossexuais também o procuram, e ele inclusive está namorando com uma ex-cliente.

Com uma alta contagem de espermatozoides, o holandês consegue cerca de 80% de aproveitamento, segundo ele mesmo contou à revista alemã “Der Spiegel”.

O que ele faz não é considerado ilegal nem na Alemanha nem na Holanda, mas é perigoso do ponto de vista biológico. Quando um mesmo pai tem muitos filhos, existe o risco de que dois irmãos venham a ter relações sexuais sem saber do parentesco. Os filhos de casamentos consanguíneos têm maior probabilidade de apresentar problemas genéticos.

"Doação é o negócio jurídico bilateral gratuito, logo, não pode o doador se beneficiar economicamente do ato de doação; e no Brasil, o CFM não admite a compra e venda de esperma. Se, no Brasil, um homem tem relações sexuais com uma mulher casada e o marido assume a paternidade da criança, em razão do pater est, temos adoção à brasileira." - Comentário de Iara Antunes de Souza, Doutoranda e Mestre em Direito Privado pela PUC Minas.
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Decisão judicial aprova mudança de nome de transexual em Ceres, Goiás

14/04/2012 08h40 - Atualizado em 14/04/2012 08h54

Decisão judicial aprova mudança de nome de transexual em Ceres, Goiás

Registrado como Vando, microeemprededor pretende se chamar Ana Kely.
Para advogado, conquista abre as portas para outros transexuais.

Humberta Carvalho Do G1 GO

Justiça concede troca de nome para transexual de Goiás (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
Justiça concede troca de nome para transexual de Goiás (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
Um juiz da 2ª Vara de Ceres, a 177 quilômetros de Goiânia, acolheu parecer do Ministério Público (MP) e foi favorável a um pedido de mudança de documentação civil de Vando Carvalho dos Santos. Desde os 20 anos, o transexual, atualmente com 31 anos, mudou seu guarda-roupa, se traveste de mulher e passou a atender por Ana Kely.

Mesmo ainda não tendo se submetido à cirurgia de mudança de sexo, segundo a decisão judicial, ficou comprovado que a transexual Ana Kely possui características femininas e porta-se como mulher em seu cotidiano. A retificação do nome, segundo o magistrado, foi concedida devido ao constrangimento sofrido pelo rapaz, que está se submetendo a tratamento psicológico para passar por procedimento cirúrgico para mudar de sexo e faz tratamento com hormônio desde os 15 anos. A ação que aprovou a mudança de nome durou aproximadamente quatro meses.

Segundo Ana Kely Carvalho dos Santos, a mudança do nome foi um passo mais importante que a própria cirurgia, que está prevista para acontecer no final de 2013, quando termina o tratamento psicológico. “Não estou dando muita importância para a cirurgia. Eu já estou 95% completa. Não fiz a mudança de sexo, mas já consegui o que era o mais importante”, relata Ana Kely.

A transexual, que é microempreendedora, afirma já ter passado por vários constrangimentos na rua e no trabalho pelo fato de ter registrado o nome de homem e ter aparência de mulher. “O nome sempre me causou mais constrangimento porque se passar por uma mulher não é fácil”, conta Ana Kely.

Mudanças

Ana Kely, como é chamada por amigos e familiares desde os 15 anos, conta que notou modificações em seu comportamento quando tinha apenas oito anos: “Comecei a notar que meu comportamento era diferente. Eu notei que gostava e sentia desejo por pessoas do mesmo sexo que eu, mas não entendia. Eu pensava: ‘Mas eu gosto de meninos?’. Era estranho porque o certo, segundo a sociedade de um modo geral acredita, seria gostar de meninas”.

Com silicone, cabelos longos, voz mais fina após uma cirurgia nas cordas vocais e no pomo de adão, realizada há aproximadamente um mês, Ana Kely conta que a época de colegial, entre seus 15 e 18 anos, foi quando sofreu mais preconceito. “Nessa época, eu comecei a deixar o cabelo crescer, já usavas blusas femininas e maquiagem. Ouvia de tudo: ‘boiolinha’, ‘menininha’, ‘bichinha’. Sempre pedi à direção da escola que mudasse meu nome na chamada, porque era estranho. Eles me chamavam de Vando, mas, quando me olhava no espelho, não era isso que eu via”, relata o transexual.

Família

Ana Kely tem mais duas irmãs e um irmão. Ela conta que em casa nunca enfrentou problemas por causa de sua condição sexual: “Em casa foi tranquilo, não teve choque, não foi preciso reuniões. Eu sempre fui mais delicada, mais reservada e não gostava de roupas masculinas. Então, tudo aconteceu naturalmente, sem muito exagero”.

Segundo o advogado do transexual, José Barreto Neto, a conquista de sua cliente abre portas para que pessoas na mesma situação consigam mudar de nome: “Ela sofria muito preconceito, sempre sofreu. O nome na identidade já foi mudado e o sexo também será alterado no documento assim que ela passar pela cirurgia”.

Até este sábado (14), Ana Kely ainda não havia dado entrada para os novos documentos, mas afirmou que já está se preparando para realizar o procedimento.
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terça-feira, 17 de abril de 2012

Supremo decide por 8 a 2 que aborto de feto sem cérebro não é crime

12/04/2012 20h33 - Atualizado em 12/04/2012 21h14

Supremo decide por 8 a 2 que aborto de feto sem cérebro não é crime

Com a decisão, STF libera a interrupção de gravidez de feto anencéfalo.
Lei criminaliza aborto, com exceção dos casos de estupro e risco para mãe.

Débora Santos Do G1, em Brasília

Após dois dias de debate, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (12) que grávidas de fetos sem cérebro poderão optar por interromper a gestação com assistência médica. Por 8 votos a 2, os ministros definiram que o aborto em caso de anencefalia não é crime.

A decisão, que passa a valer após a publicação no "Diário de Justiça", não considerou a sugestão de alguns ministros para que fosse recomendado ao Ministério da Saúde e ao Conselho Federal de Medicina que adotassem medidas para viabilizar o aborto nos casos de anencefalia. Também foram desconsideradas as propostas de incluir, no entendimento do Supremo, regras para a implementação da decisão.

Plenário do STF durante julgamento do aborto de feto sem cérebro (Foto: Nelson Jr. / STF)
Plenário do Supremo durante julgamento do aborto de feto sem cérebro nesta quinta (Foto: Nelson Jr. / STF)
O Código Penal criminaliza o aborto, com exceção aos casos de estupro e de risco à vida da mãe, e não cita a interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Para a maioria do plenário do STF, obrigar a mulher manter a gravidez diante do diagnóstico de anencefalia implica em risco à saúde física e psicológica. Aliado ao sofrimento da gestante, o principal argumento para permitir a interrupção da gestação nesses casos foi a impossibilidade de sobrevida do feto fora do útero.

“Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida”, afirmou o relator da ação, ministro Marco Aurélio Mello.

Impedir a interrupção da gravidez sob ameaça penal equivale à tortura"
Luiz Fux, ministro do STF
Ao final do julgamento, uma manifestante se exaltou e os ministros deixaram o plenário enquanto ela gritava palavras de ordem. "Eu tenho vergonha. Hoje para mim foi rasgada a Carta Magna. Se ela não protege os indefesos, que dirá a nós", disse Maria Angélica de Oliveira Farias, advogada e participante de uma associação de espíritas.

O voto do ministro Marco Aurélio foi acompanhado pelos ministros Ayres Britto, Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello. Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, presidente da corte, foram contra. O caso foi julgado por 10 dos 11 ministros que compõem a Corte. Dias Toffoli não participou porque se declarou impedido, já que, quando era advogado-geral da União, se manifestou publicamente sobre o tema, a favor do aborto de fetos sem cérebro.

"Um bebê anencéfalo é geralmente cego, surdo, inconsciente e incapaz de sentir dor. Apesar de que alguns indivíduos com anencefalia possam viver por minutos, a falta de um cérebro descarta complementamente qualquer possibilidade de haver consciência. [...] Impedir a interrupção da gravidez sob ameaça penal equivale à tortura”, disse o ministro Luiz Fux.

O entendimento do Supremo valerá para todos os casos semelhantes, e os demais órgãos do Poder Público estão obrigados a respeitá-lo. Em caso de recusa à aplicação da decisão, a mulher pode recorrer à Justiça para interromper a gravidez.

A decisão foi tomada pelo STF ao analisar ação proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, que pediu ao Supremo a permissão para, em caso de anencefalia, ser interrompida a gravidez.

Os ministros se preocuparam em ressaltar que o entendimento não autoriza “práticas abortivas”, nem obriga a interrupção da gravidez de anencéfalo. Apenas dá à mulher a possibilidade de escolher ou não o aborto em casos de anencefalia.

“Faço questão de frisar que este Supremo Tribunal Federal não está decidindo permitir o aborto. [...] Não se cuida aqui de obrigar. Estamos deliberando sobre a possibilidade jurídica de um médico ajudar uma pessoa que esteja grávida de feto anencéfalo de ter a liberdade de seguir o que achar o melhor caminho”, disse Cármen Lúcia.

O ministro Marco Aurélio Mello, que relatou a ação que pediu liberação do aborto para feto anencéfalo (Foto: Fellipe Sampaio / SCO / STF )
O ministro Marco Aurélio Mello, que relatou a ação que pediu liberação do aborto para feto anencéfalo
(Foto: Fellipe Sampaio / SCO / STF )
Julgamento

O julgamento começou na manhã desta quarta-feira (11) e cerca de sete horas depois foi interrompido quando já havia cinco votos favoráveis à permissão de aborto de anencéfalos.

O primeiro dia foi marcado por vigílias de grupos religiosos e de defesa da vida e pela presença, no plenário, de mulheres que sofreram gravidez de feto anencéfalo e de uma criança que chegou a ser diagnosticadascom a doença e sobreviveu após o parto. A sessão foi retomada na tarde desta quinta com o voto do ministro Ayres Britto, em defesa do aborto diante do diagnóstico de anencefalia. Foram mais de seis horas de julgamento nesta quinta - cerca de 13 horas de debates no total.

“[O aborto do feto anencéfalo] é um direito que tem a mulher de interromper uma gravidez que trai até mesmo a ideia-força que exprime a locução ‘dar à luz’. Dar à luz é dar à vida e não dar à morte. É como se fosse uma gravidez que impedisse o rio de ser corrente”, afirmou o ministro Ayres Britto, cujo voto definiu a maioria dos ministros a favor do aborto de feto anencéfalo.

Celso de Melo destacou que a gravidez de anencéfalo "não pode ser taxada de aborto". "O crime de aborto pressupõe gravidez em curso e que o feto esteja vivo. E mais, a morte do feto vivo tem que ser resultado direto e imediato das manobras abortivas. [...] A interrupção da gravidez em decorrência da anencefalia não satisfaz esses elementos."

Tema controverso

O pedido da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde foi atendido pelo STF após oito anos de tramitação do processo. Em 2004, o relator chegou a liberar o aborto de anencéfalos em decisão liminar (provisória), que meses depois foi derrubada pelo plenário. Em 2008, audiências públicas reuniram cientistas, médicos, religiosos e entidades da sociedade civil para discutir o tema controverso.
No feto anencefálico, o cérebro sequer começa a funcionar. Então não há vida em sentido técnico e jurídico. De aborto não se trata"
Luís Roberto Barroso, advogado que defendeu a interrupção da gravidez de anencéfalo no plenário do STF
Para a entidade, não se trata de aborto, mas da “antecipação terapêutica do parto”, diante da inviabilidade de sobrevivência do feto.

"A interrupção nesses casos não é aborto. Então, não se enquadra na definição de aborto do Código Penal. O feto anencefálico não terá vida extra-uterina. No feto anencefálico, o cérebro sequer começa a funcionar. Então não há vida em sentido técnico e jurídico. De aborto não se trata", afirmou o advogado da entidade, Luís Roberto Barroso durante sua sustentação oral no plenário do STF.

Entidades religiosas
O ministro Gilmar Mendes criticou a opção do relator por não incluir como partes da ação entidades religiosas. Para ele, o debate precisava ser “desemocionalizado”.

“Essas entidades são quase que colocadas no banco dos réus como se tivessem fazendo algo de indevido e não estão. É preciso ter muito cuidado com esse tipo de delírio desses faniquitos anticlericais”, afirmou Mendes.

No caso de extermínio do anencéfalo encena-se a atuação avassaladora do ser poderoso superior que, detentor de toda força, infringe a pena de morte a um incapaz de prescendir à agressão e de esboçar-lhe qualquer defesa"
Cezar Peluso, presidente do STF
Divergência

Apenas os ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso se manifestaram contra o aborto de fetos sem cérebro, entre os dez que analisaram o tema.

Para Lewandowski, o Supremo não pode interpretar a lei com a intenção de “inserir conteúdos”, sob pena de “usurpar” o poder do Legislativo, que atua na representação direta do povo. Ele afirmou que o assunto e suas conseqüências ainda precisam ser debatidos pelos parlamantares.

"Uma decisão judicial isentando de sanção o aborto de fetos anencéfalos, ao arrepio da legislação existente, além de discutível do ponto de vista científico, abriria as portas para a interrupção de gestações de inúmeros embriões que sofrem ou viriam sofrer outras doenças genéticas ou adquiridas que de algum modo levariam ao encurtamento de sua vida intra ou extra-uterina", disse.

O presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, que se manifestou contra o aborto de feto sem cérebro (Foto: Fellipe Sampaio / SCO / STF)
O presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso,  que se manifestou contra o aborto de feto sem cérebro (Foto: Fellipe Sampaio / SCO / STF)
Peluso comparou o aborto de fetos sem cérebro ao racismo e também falou em "extermínio" de anencéfalos. Para o presidente do STF, permitir o aborto de anencéfalo é dar autorização judicial para se cometer um crime.

"Ao feto, reduzido no fim das contas à condição de lixo ou de outra coisa imprestável e incômoda, não é dispensada de nenhum ângulo a menor consideração ética ou jurídica nem reconhecido grau algum da dignidade jurídica que lhe vem da incontestável ascendência e natureza humana. Essa forma de discriminação em nada difere, a meu ver, do racismo e do sexismo e do chamado especismo", disse Peluso.

"Todos esses casos retratam a absurda defesa em absolvição da superioridade de alguns, em regra brancos de estirpe ariana, homens e ser humanos, sobre outros, negros, judeus, mulheres, e animais. No caso de extermínio do anencéfalo encena-se a atuação avassaladora do ser poderoso superior que, detentor de toda força, infringe a pena de morte a um incapaz de prescendir à agressão e de esboçar-lhe qualquer defesa", completou o presidente do STF, que proferiu seu voto antes de proclamar o resultado do julgamento.

Anencefalia

O relator do caso, ministro Marco Aurélio, citou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), referentes ao período entre 1993 e 1998, segundo os quais o Brasil é o quarto país no mundo em incidência de anencefalia fetal, atrás de Chile, México e Paraguai. De acordo com o ministro Gilmar Mendes, dos 194 países vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU), 94 permitem o aborto quando verificada a ausência parcial ou total de cérebro no feto.

A chamada anencefalia é uma grave malformação fetal que resulta da falha de fechamento do tubo neural (a estrutura que dá origem ao cérebro e a medula espinhal), levando à ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo. A junção desses problemas impede qualquer possibilidade de o bebê sobreviver, mesmo se chegar a nascer.

Estimativas médicas apontam para uma incidência de aproximadamente um caso a cada mil nascidos vivos no Brasil. Cerca de 50% dos fetos anencéfalos apresenta parada dos batimentos cardíacos fetais antes mesmo do parto, morrendo dentro do útero da gestante, de acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Um pequeno percentual desses fetos apresenta batimentos cardíacos e movimentos respiratórios fora do útero, funções que podem persistir por algumas horas e, em raras situações, por mais de um dia. O diagnóstico pode ser dado com total precisão pelo exame de ultrassom e pode ser detectado em até três meses de gestação.

Clique aqui para ver os votos dos ministros.
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Garoto de três anos sobrevive por 251 dias com coração artificial

11/04/2012 08h03 - Atualizado em 11/04/2012 09h42

Garoto de três anos sobrevive por 251 dias com coração artificial

Menino britânico vítima de cardiomiopatia dilatada teve de esperar oito meses até receber transplante.

Da BBC

Joe Skerratt teve uma doença chamada síndrome de Barth (Foto: Great Ormond Street Hospital/BBC)
Joe Skerratt teve uma doença chamada síndrome de Barth (Foto: Great Ormond Street Hospital/BBC)
Um menino britânico de três anos foi mantido vivo com um coração artificial por mais de oito meses, tempo considerado recorde para uma criança na Grã-Bretanha.

Joe Skerratt, de Kent, no sudeste britânico, foi diganosticado com cardiomiopatia dilatada, condição em que o coração tem dificuldades para bombear o sangue pelo corpo.

O menino foi temporariamente ligado a um coração artificial, que ficou com a função de transportar seu sangue enquanto esperava por um doador. Após 251 dias, no ano passado, ele finalmente obteve um transplante de coração.

A mãe de Joe, Rachel, disse que a família começou a perceber a 'personalidade dele voltar à vida' quando ele foi conectado ao coração artificial. Mas essa etapa foi apenas o começo de uma longa espera por um doador de órgão.

'Quando ele passou a marca de 200 dias ligado ao coração artificial, começamos a nos perguntar o que poderia ser feito caso não conseguíssemos (um doador). Mas no fundo sabíamos que não havia muito a ser feito', disse Rachel.

'No 251º dia, recebemos o telefonema que esperávamos. Havia um coração.'

Diagnóstico
O diagnóstico de cardiomiopatia foi feito quando Joe tinha apenas três semanas de vida. Pálido, ele foi levado ao hospital por seus pais, e um exame de raio-x mostrou que seu coração estava muito acima do tamanho normal. Os médicos identificaram que ele tinha um problema genético - a síndrome de Barth, que provoca fraqueza muscular, baixa estatura e dificuldades de alimentação.

Coração artificial fica acoplado a um dispositivo fora do corpo (Foto: Great Ormond Street Hospital/BBC)
Coração artificial fica acoplado a um dispositivo fora do corpo (Foto: Great Ormond Street Hospital/BBC)
Em dezembro de 2010, o quadro era delicado: o coração de Joe estava começando a falhar, e os médicos descobriram que suas válvulas não estavam funcionando. O órgão havia aumentado ainda mais de tamanho, ocupando espaço demais em seu peito.

Dias depois, a criança sofreu duas paradas cardíacas enquanto estava no hospital. Foi transferida para o hospital londrino Great Ormond Street, onde seu coração parou pela terceira vez.
Estabilizado, ele foi conectado ao 'Berlin Heart', o coração artificial, que é do tamanho de uma geladeira portátil pequena.

Algumas crianças ficam ligadas ao aparelho por apenas poucas semanas; para outras, porém, a espera por um coração pode levar meses.

'Muito tempo conosco'
Após a cirurgia, o peito de Joe não foi fechado por quatro dias, e os pais puderam ver seu novo coração funcionando. 'Ver o órgão, de tamanho normal, batendo em seu peito, foi incrível', disse Rachel.

A primeira noite após a alta do hospital foi celebrada com a refeição favorita de Joe: pizza.

'Estamos realmente felizes com o fato de ele estar tão bem, depois de passar tanto tempo conosco no hospital', disse o cardiologista pediátrico Alessandro Giardini.

'Somos eternamente gratos à família do doador', agregou Rachel. 'Não podemos imaginar (a dor) pela qual eles passaram, mas sua generosidade durante um momento tão horrível foi incrível.'
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Mulher vítima de paralisia infantil lança livro escrito com a boca

Mulher vítima de paralisia infantil lança livro escrito com a boca



São Paulo, 10 abr (EFE).- Uma paciente de 38 anos do Hospital das Clínicas de São Paulo, que teve paralisia infantil e perdeu os movimentos do pescoço para baixo, apresenta nesta terça-feira (10) sua autobiografia escrita com a boca.
Eliana Zagui vive há 36 anos na unidade de ortopedia do hospital desde que a poliomielite lhe causou graves paralisias que lhe impedem de movimentar-se e respirar sozinha.

Mesmo assim, a paciente estudou, aprendeu inglês, italiano e fez cursos de arte - tudo graças à boca que usa para escrever, pintar e digitar.

No hospital que virou seu lar, Eliana lança o livro "Pulmão de Aço - Uma vida no maior hospital do Brasil", da Belaletra Editora, memórias que escreveu usando uma caneta amarrada a uma espátula e mais adiante no computador.

O livro, de 240 páginas, cujo título saiu de uma máquina inventada em 1920 na qual colocavam as pessoas com insuficiência respiratória, narra as experiência da paciente no hospital e as poucas vezes que saiu dali.

 Eliana, nos anos 70, maquiada para a festa junina do hospital e hoje, aos 38 anos. (Fotos: Arquivo pessoal)

Entre 1955 e o final da década de 1970 quase seis mil crianças com pólio passaram pelo Hospital das Clínicas, sendo que sete sofriam a variação mais severa da doença.

"Nós nos apegávamos um ao outro, como numa grande família. Era a única maneira de suportar aquilo tudo", lembrou Eliana.

Entre todos eles, só sobreviveram a própria Eliana e Paulo Machado, de 43 anos, que divide o quarto com a amiga e cuja história também aparece no livro.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou em 1988 a Iniciativa Mundial pela Erradicação da Pólio, um programa que reduziu a incidência desta doença em 99%.

Clique aqui para ver o vídeo "Pulmão de Aço - A vida no maior hospital do Brasil "

 
Capa do livro 'Pulmão de Aço'. (Foto: Belaletra Editora/ Divulgação)
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terça-feira, 10 de abril de 2012

Médica e Unimed devem pagar a paciente indenização por erro cometido em cirurgia

02/04/2012 - 08h05
DECISÃO

Médica e Unimed devem pagar a paciente indenização por erro cometido em cirurgia

Operadoras de plano de saúde respondem solidariamente com médicos no pagamento de indenização às vítimas de erros ocorridos em procedimentos médicos. O entendimento, já manifestado em diversos julgamentos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi reafirmado pela Quarta Turma ao dar provimento a recurso especial para reconhecer a responsabilidade da Unimed Porto Alegre Cooperativa de Trabalho Médico e aumentar de R$ 6 mil para R$ 15 mil o valor da indenização por danos morais para cliente que teve vários problemas após cirurgia de retirada de cistos no ovário.

A questão teve início quando a cliente foi à Justiça pedir reparação por danos moral e estético, em ação contra a médica, o hospital e a Unimed, em virtude de erro médico. Em primeira instância, a ação foi julgada improcedente. O juiz considerou as provas periciais inconclusivas. Insatisfeita, a paciente apelou.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) decidiu, no entanto, que o hospital e a Unimed não poderiam ser responsabilizados pelo erro cometido pela médica. Segundo entendeu o tribunal gaúcho, a médica não era empregada do hospital e não foi indicada à paciente pela operadora do plano de saúde, embora fosse credenciada como cooperada. Condenou, então, apenas a médica, concluindo que estava caracterizada sua culpa, devendo pagar à paciente R$ 6 mil por danos morais.

No recurso para o STJ, a paciente não contestou a exclusão do hospital. Apenas sustentou a responsabilidade da Unimed e pediu aumento do valor da indenização fixado pela primeira instância. A médica também recorreu, mas seu recurso não foi admitido.

A Quarta Turma, de forma unânime, deu provimento ao recurso especial. Em seu voto, o relator, ministro Raul Araújo, observou inicialmente a distinção entre os contratos de seguro-saúde e dos planos de saúde. “No seguro-saúde há, em regra, livre escolha pelo segurado dos médicos e hospitais e reembolso pela seguradora dos preços dos serviços prestados por terceiros”, explicou. “Nos planos de saúde, a própria operadora assume, por meio dos profissionais e dos recursos hospitalares e laboratoriais próprios ou credenciados, a obrigação de prestar os serviços”, acrescentou.

Responsabilidade objetiva
Para o relator, não há dúvida de que a operadora do plano de saúde, na condição de fornecedora de serviço, deve responder perante o consumidor pelos defeitos em sua prestação. “Seja quando os fornece por meio de hospital próprio e médicos contratados ou por meio de médicos e hospitais credenciados, nos termos dos artigos 2º, 3º, 14 e 34 do Código de Defesa do Consumidor”, disse ele.

O ministro lembrou que essa responsabilidade é objetiva e solidária em relação ao consumidor. “Na relação interna, respondem médico, hospital e operadora do plano de saúde nos limites da sua culpa. Cabe, inclusive, ação regressiva da operadora contra o médico ou hospital que, por culpa, for o causador do evento danoso”, afirmou o ministro.

Além de reconhecer a solidariedade entre a Unimed e a médica para a indenização, o ministro votou, também, pelo aumento do valor a ser pago. A reparação por danos morais foi fixada em R$ 15 mil, mais correção monetária, a partir da data do julgamento na Quarta Turma, e juros moratórios de 0,5% ao mês até a entrada em vigor do Código Civil de 2002, e de 1% a partir de então, computados desde a citação.

A decisão determinou ainda que a médica e a Unimed paguem custas e honorários advocatícios de 12% sobre o valor da condenação. A paciente, que conseguiu Justiça gratuita, mas não recorreu sobre a exclusão da responsabilidade do hospital, pagará custas processuais em relação a ele, além de R$ 600 reais de honorários advocatícios.


Coordenadoria de Editoria e Imprensa
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terça-feira, 3 de abril de 2012

Inaugurada na Holanda clínica privada de eutanásia


Inaugurada na Holanda clínica privada de eutanásia
01 de março de 2012 • 13h37 • atualizado às 14h09

Foi inaugurada nesta quinta-feira na Holanda uma clínica de eutanásia que funcionará por meio de unidades móveis, e a previsão é de que em meados desse ano ela já tenha um centro médico para realizar a prática.
"Já recebemos 11 pedidos de eutanásia", disse à agência EFE Walburg de Jong, a porta-voz da Associação para a Morte Voluntária na Holanda (NVVE), que financia a clínica.
Após receber os pedidos, as seis unidades móveis, compostas por um médico e uma enfermeira, avaliam os casos para decidir se eles se enquadram nos requisitos legais.
Em caso positivo, "são feitos contatos com o doente, seus parentes e o médico pessoal, que muitas vezes recusou realizar a eutanásia por motivos éticos, por falta de experiência ou medo de não cumprir todos os preceitos definidos pela lei", explicou Walburg.
A NVVE criou a clínica na Holanda justamente para realizar os pedidos de eutanásia que são rejeitados por outros médicos. Financiada com fundos de seus próprios sócios, a NVVE espera que no futuro o serviço seja coberto pelo sistema de saúde comum.
Com um orçamento inicial de 800 mil euros, a associação está construindo em Haia uma clínica para os pacientes que desejam fazer eutanásia e não podem morrer em suas próprias casas.
A NVVE calcula que receberá cerca de mil solicitações por ano, a maioria casos de doentes terminais com câncer. Os sócios da clínica frisaram o tempo todo que as seis equipes móveis "se ajustarão à lei da eutanásia", vigente na Holanda desde 2002.
A legislação requer que os doentes que solicitam a eutanásia tenham uma enfermidade incurável, que sofram dor insuportável e que estejam em pleno uso da razão.
Além disso, os pedidos devem ser analisados por uma comissão de especialistas independentes. A lei holandesa prevê até doze anos de prisão nos casos que não cumprirem estes requisitos.
Apesar do rigor da legislação, casos recentes causaram polêmica, como a vez, em 2011, em que uma mulher com demência avançada foi submetida à eutanásia. O caso não teve repercussões legais porque a mulher solicitou a prática por escrito quando ainda estava lúcida.
Em 2008, foi divulgado que 22 bebês com espinha bífida foram submetidos à eutanásia, embora a prática não seja autorizada em recém-nascidos.
A eutanásia é legalizada na Bélgica, Luxemburgo, Suíça e nos Estados Unidos nos Estados de Montana, Washington e Oregon.
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Australiana ganha batalha legal por esperma de marido morto


Australiana ganha batalha legal por esperma de marido morto
23 de maio de 2011 • 07h38 • atualizado às 09h26

 

Uma viúva australiana ganhou nesta segunda-feira uma batalha legal pelo esperma congelado de seu marido morto, embora não tenha autorização escrita do doador requerida pela legislação do estado de
Nova Gales do Sul para se submeter à fecundação in vitro.
"Vamos ter nosso filho", anunciou aos jornalistas Jocelyn Edwards, 40 anos, após escutar a decisão favorável do juiz Robert Allan Hume, do Tribunal Supremo de Nova Gales do Sul, informou a agência AAP.
A decisão judicial concede à viúva poder sobre os espermatozoides de seu marido, mas ela terá que sair de Nova Gales do Sul para se submeter à fertilização in vitro.
"Foi a decisão correta. Mark (o marido) ficaria tão contente. Vamos ter nosso filho. Isso é o que penso fazer", afirmou a mulher.
"Agora só quero desfrutar deste momento. Foi um tempo muito longo e difícil para mim", acrescentou a australiana.
Jocelyn e Mark Edwards se casaram em 2005 e, após tentarem sem sucesso ter um filho, em meados de 2010 foram a uma clínica de reprodução assistida.
Após avaliar as opções, escolheram a fertilização in vitro e marcaram uma reunião em 6 de agosto de 2010 para assinar os formulários de autorização e começar o tratamento, mas na véspera o marido morreu em um acidente de trabalho.
No dia seguinte à sua morte, um juiz autorizou a extração dos espermatozoides e, desde então, ficaram congelados em um laboratório à espera que a justiça australiana decidisse a quem pertenciam.

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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Após 7 anos, Saúde estuda incluir fertilização in vitro no SUS em 2012

24/03/2012 08h48 - Atualizado em 24/03/2012 08h56

Após 7 anos, Saúde estuda incluir fertilização in vitro no SUS em 2012


Medida havia sido aprovada em 2005, mas foi suspensa 4 meses depois.
Grupo de trabalho do Ministério da Saúde analisa impacto financeiro.


Amanda Rossi
Do G1, em São Paulo

O Ministério da Saúde montou um grupo de trabalho para discutir a inclusão da fertilização in vitro na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em 2012 -- sete anos depois da primeira portaria que determinava o atendimento para casais que precisassem do procedimento. Se a medida for aprovada, será a primeira vez que o governo federal vai bancar os custos da mais eficiente forma de engravidar para quem tem problemas de fertilidade -- um procedimento que pode custar até R$ 50 mil por tentativa em médicos particulares.

A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida onde óvulo e espermatozoide são fecundados em laboratório. Depois, o embrião é implantado diretamente no útero na mãe. A técnica tem mais sucesso que a inseminação artificial, mas também é mais cara. Em clínicas particulares, o custo de uma tentativa gira em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil, mas pode ir a R$ 50 mil. A chance de engravidar na primeira tentativa é de 30%, dependendo da idade da mulher.

O Ministério da Saúde confirmou a intenção de colocar o procedimento na tabela do SUS até o fim do ano, mas não quis dar detalhes sobre como e exatamente quando isso iria acontecer. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, preferiu não comentar a movimentação no Ministério sobre o assunto. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, estão sendo discutidos quais seriam os impactos financeiros da medida e onde seria implantado o serviço.

'Botijão' usado para armazenar embriões congelados (Foto: Divulgação/Programa Alfa Reprodução Assistida)


'Botijão' usado para armazenar embriões
congelados (Foto: Divulgação/Programa Alfa
Reprodução Assistida)


No início de março, o Ministério da Saúde anunciou que estava estudando colocar técnicas de "reprodução assistida" no SUS, sem especificar exatamente qual delas. Ao G1, a assessoria confirmou que uma das técnicas em estudo é a fertilização in vitro.

Atualmente, são oferecidos pelo SUS 31 procedimentos de reprodução humana assistida -- a maioria, exames preparatórios para tratamentos mais complexos, como a própria fertilização. 

A coordenadora do Centro de Ensino e Pesquisa em Reprodução Assistida do Hospital Regional da Asa Sul, de Brasília, Rosaly Rulli, faz parte do grupo de trabalho do Ministério. “Não está sendo discutido nada além da fertilização in vitro. O ministério já tem vários programas para o restante [das áreas da reprodução humana assistida], só a fertilização que não tem”, diz ela.

“Tivemos a primeira reunião no final de fevereiro. Agora, há outra reunião marcada para abril. Estamos avançando”, conta. O hospital é referência em fertilização in vitro gratuita, com verbas do governo do Distrito Federal.

A primeira vez que surgiu a possibilidade de colocar a fertilização no SUS foi em março de 2005, quando o Ministério publicou uma portaria que determinava o oferecimento da fertilização pelo SUS a pessoas com dificuldade para ter filhos. Quatro meses depois, ela foi suspensa para a avaliação dos impactos financeiros.




“A grande dificuldade foi [a falta de] recursos. Esse é um tipo de tratamento que tem um custo elevado. Quando fomos debater a política com estados e municípios, houve um movimento muito forte que pontuou que isso não era prioridade”, lembra o senador Humberto Costa, que era ministro da Saúde em 2005, quando o programa foi lançado.

“Hoje há uma demanda cada vez maior da sociedade. Além disso, ao longo destes últimos anos, muitas coisas que eram consideradas prioridades já foram contempladas por recursos da área da saúde. Acredito que hoje não existiria o mesmo tipo de resistência [para a inclusão da fertilização in vitro no SUS]”, opina 
Costa.

Infográfico fertilização in vitro (Foto: G1)


Atualmente, existem pelo menos oito hospitais que realizam a fertilização in vitro de forma gratuita, custeada por secretarias estaduais de saúde e orçamentos próprios de universidades. De acordo com levantamento realizado pelo G1, cada ciclo de fertilização in vitro custa para os cofres públicos entre R$ 2,5 mil e R$ 12 mil, dependendo do hospital onde é realizado.

Hospitais

Uma das possibilidades para atendimento via SUS é reembolsar esses centros de reprodução assistida que já oferecem fertilização in vitro de forma gratuita. Espalhados por São Paulo, Brasília, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre, pelo menos oito hospitais realizam cerca de duas mil fertilizações por ano – enquanto a iniciativa privada realiza entre 25 e 30 mil, segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

“Estou confiante de que a fertilização in vitro será incluída no SUS este ano. Acredito que o Ministério da 

Saúde vai repassar estes recursos, para que serviços que já estão estruturados passem a dar vazão à demanda”, afirma Luiz Henrique Gebrim, diretor do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, referência nacional na fertilização in vitro na rede pública. O hospital acaba de ampliar a infraestrutura na expectativa de realizar mais procedimentos e também poderia, segundo Gebrim, contribuir com o treinamento de médicos de outros estados.

Onde fazer
Em alguns dos hospitais que já oferecem a fertilização in vitro na rede pública, todo o tratamento é gratuito. Na maioria, no entanto, o casal precisa custear medicamentos para estimular a ovulação e a maturação dos óvulos. Os gastos variam de R$ 3 a R$ 10 mil, segundo os centros de reprodução assistida que oferecem o serviço.

Para ter acesso ao tratamento, os casais precisam passar por uma série de exames que verifiquem que a fertilização in vitro é a única opção para ter filhos. O tempo de espera pode ser de anos. Segundo gestores de programas de fertilização ouvidos pelo G1, a inclusão da fertilização in vitro na tabela do SUS possibilitaria a ampliação de vagas e diminuiria o tempo na fila.

“O Hospital das Clínicas da UFMG há muitos anos se vira para oferecer o tratamento gratuitamente e temos uma fila muito grande. A única forma de aumentar [o número de ciclos de fertilização in vitro] seria com o financiamento do SUS”, diz Francisco de Assis Nunes Pereira, subcoordenador do laboratório de reprodução humana do HC da UFMG.

Veja abaixo informações sobre os hospitais que realizam fertilização in vitro na rede pública.

SÃO PAULO
Centro de Referência em Saúde da Mulher do Hospital Pérola Byington
Ciclos de fertilização realizados por ano: 300
Taxa de sucesso de gestação: 30%
Critérios para entrar na fila de espera: a mulher tem que ter produção de óvulos e o homem produção própria de espermatozóide; a mulher também tem que ter até 35 anos.
Características do atendimento: completamente gratuito.
Hospital Universitário de Ribeirão Preto
Ciclos de fertilização realizados por ano: 450
Taxa de sucesso de gestação: 30%
Critérios para entrar na fila de espera: ter avaliação básica e diagnóstico realizado na rede SUS; idades mais avançadas , pelo fato de ter menor resposta, não são priorizadas, em função da demanda.
Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar parte da medicação - o restante é fornecido pelo hospital.
Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Ciclos de fertilizações realizados por ano: 500
Taxa de sucesso de gestação: de 30 a 40%
Critérios para entrar na fila de espera: não há restrição de idade ou local de origem
Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar a medicação.
Hospital das Clínicas de São Paulo
Ciclos de fertilizações realizados por ano: 600
Taxa de sucesso de gestação: não informada.
Critérios para entrar na fila de espera: não informados.
Características do atendimento: não informados.

BRASÍLIA
Centro de Reprodução Assistida do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS)
Ciclos de fertilização realizados por ano: 250
Taxa de sucesso de gestação: 32%
Critérios para entrar na fila de espera: encaminhamento de centros de saúde públicos que diagnosticaram necessidade de fertilização in vitro.
Características do atendimento: completamente gratuito.
RECIFE

Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP)
Ciclos de fertilização realizados por ano: 60
Taxa de sucesso de gestação: em torno de 35%
Critérios para entrar na fila de espera: não há restrição de idade ou local de origem; é analisada a reserva ovariana da paciente, ou seja, o que o ovário pode oferecer de óvulos.
Características do atendimento: completamente gratuito.
BELO HORIZONTE

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Ciclos de fertilização realizados por ano: 220
Taxa de sucesso de gestação: de 10 a 50%
Critérios para entrar na fila de espera: encaminhamento da rede de saúde municipal de saúde pública de Belo Horizonte.
Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar a medicação.

PORTO ALEGRE

Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Ciclos de fertilização realizados por ano: 250
Taxa de sucesso de gestação: 25 a 30%
Critérios para entrar na fila de espera: ter menos de 35 anos na chegada à fila de espera e não ser portador de doenças virais (hepatite B, C, HIV, HTLV I/II)
Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar a medicação.
Hospital Fêmina do Grupo Hospitalar Conceição
Ciclos de fertilização realizados por ano: primeira fertilização está prevista para maio de 2012 e a estimativa é realizar cerca de 120 ciclos por ano.
Critérios para entrar na fila de espera: serão definidos em março.
Características do atendimento: a fertilização in vitro será gratuita e o hospital está buscando formas de viabilizar a gratuidade dos medicamentos.

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Mulher que já perdeu dois filhos busca fertilização no RS para ser mãe

24/03/2012 08h51 - Atualizado em 24/03/2012 08h51

Mulher que já perdeu dois filhos busca fertilização no RS para ser mãe

Maria Elisabete Garcia fará técnica 'in vitro' em Porto Alegre.
Contato com pesticidas de lavoura de fumo adiou o sonho de ser mãe.


Do G1 RS
Elisabete Garcia mantém esperanças de ser mãe  (Foto: Caetanno Freitas/G1 RS)

Infértil, Elisabete Garcia se prepara para ser mãe pela primeira vez (Foto: Caetanno Freitas/G1 RS)

Moradora da área rural de Dom Feliciano, município de 13,2 mil habitantes no Sul do Rio Grande do Sul, a dona de casa Maria Elisabete Garcia se prepara para encerrar um sofrimento que a acompanha há pelo menos oito anos. Obrigada a trabalhar na lavoura de fumo com o pai desde os sete anos de idade, ela sente no corpo os efeitos da longa exposição aos pesticidas. Hoje, aos 28, Elisabete é infértil e já perdeu dois bebês. A esperança de ter um filho renasceu com a possibilidade de fazer um tratamento de fertilização in vitro sem ter que arcar com os custos do procedimento.


A dona de casa será a primeira paciente a fazer o fertilização gratuita na Unidade de Reprodução Humana (URH) do Hospital Fêmina, em Porto Alegre. “Eu quero muito ter um filho. Uma filha, na verdade. Todo mundo quer e eu não sou diferente”, afirma Elisabete.

Longe dos pesticidas por orientação médica, ela não terá de pagar pelo procedimento, cujo custo total pode atingir R$ 20 mil. Porém, ela terá que pagar o valor dos medicamentos hormonais, fundamentais para o sucesso da técnica.

O preço dos remédios varia entre R$ 3,5 mil e R$ 5,5 mil. Elisabete não tem condições financeiras para comprar os medicamentos, mas conta com a ajuda de parentes, amigos e de desconhecidos que possam ajudá-la a realizar este sonho. “É muito bom ter esta oportunidade. Eu jamais conseguiria pagar um procedimento desses. Mas a gente se vira para tentar pagar os remédios agora”, explica.



Dra. Andrea Nacul e Elisabete confiam no sucesso da operação (Foto: Caetanno Freitas/G1 RS)

Dra. Andrea Nácul e Maria Elisabete Garcia
(Foto: Caetanno Freitas/G1 RS)


Especialista em reprodução humana e coordenadora da URH do Hospital Fêmina, a Dra. Andrea Nácul garante o sucesso da fertilização in vitro.

“É a primeira vez que faremos o procedimento, mas para que tudo dê certo temos de seguir alguns passos. Ela precisa emagrecer, cuidar da alimentação e tomar os medicamentos corretamente”, explica a doutora.

Na técnica oferecida pelo hospital, chamada popularmente de “bebê de proveta”, os médicos retiram os óvulos do organismo da mulher e unem com o sêmen coletado do homem. Depois de passar até cinco dias em uma incubadora, os embriões são inseridos novamente no ovário da mulher.

O Hospital Fêmina afirma que a cirurgia de Maria Elisabete será custeada com dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do que eles chamam de "cobrança por similaridade". Nela, procedimentos equivalentes são lançados para cobrança do valor do governo, uma vez que a fertilização in vitro não faz parte da tabela do SUS. O Ministério da Saúde informa que não foi firmado nenhum convênio com o hospital. A pasta tem um grupo de estudo para avaliar a possibilidade de incluir o procedimento na tabela do SUS até o final deste ano.


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Casais enfrentam anos de espera para fazer fertilização na rede pública

24/03/2012 08h51 - Atualizado em 24/03/2012 09h10

Casais enfrentam anos de espera para fazer fertilização na rede pública

Verônica Salviano, de SP, deu luz a Gabriela depois de quatro anos na fila.
Katiana Paz, de AL, aguarda há dois anos para fazer o procedimento.



Amanda Rossi
Do G1, em São Paulo

A felicidade de Verônica Salviano, 34 anos, com o nascimento da filha Gabriela não cabe em adjetivos. “Foi uma sensação tão maravilhosa, tão linda, tão gostosa, eu não sabia se chorava ou se ria, estava em estado de graça”, lembra, emocionada. O parto ocorreu em dezembro de 2010, após quase sete anos de tentativas para realizar a fertilização in vitro na rede pública.

“Foi uma sensação tão maravilhosa, tão linda, tão gostosa, eu não sabia se chorava ou se ria, estava em estado de graça"
Verônica Salviano, após a fertilização

Apesar de não constar na tabela do SUS, a fertilização in vitro é oferecida gratuitamente em pelo menos oito hospitais no Brasil, que realizam cerca de dois mil procedimentos por ano. Segundo gestores de programas de fertilização públicos ouvidos pelo G1, este número é incapaz de atender a demanda, o que aumenta o tempo na fila de espera.

A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida onde óvulo e espermatozoide são fecundados em laboratório. Depois, o embrião é implantado diretamente no útero na mãe. A técnica tem mais sucesso que a inseminação artificial, mas também é mais cara. Em clínicas particulares, o custo de uma tentativa gira em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil, mas pode ir a R$ 50 mil. A chance de engravidar na primeira tentativa é de cerca de 30%, dependendo da idade da mulher.

Gabriela, hoje com um ano e três meses, nasceu após quase sete anos de tentativas dos pais. (Foto: Flavio Moraes / G1)
Gabriela, hoje com um ano e três meses, nasceu após quase sete anos de tentativa dos pais de realizar a fertilização in vitro na rede pública. (Foto: Flavio Moraes / G1)


Gabriela
Verônica tinha 25 anos quando procurou ajuda para engravidar pela primeira vez. A fertilização in vitro era a única opção, já que seu marido tinha passado por vasectomia há mais de 15 anos. O casal, de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, desistiu assim que ouviu o valor do tratamento: em torno de R$ 20 mil na época. “Era muito caro, fora da nossa realidade”, conta.

Dois anos depois, eles descobriram que o Hospital Pérola Byington, em São Paulo, oferecia fertilização in vitro gratuitamente. Verônica pegou a senha, fez todos os exames e finalmente entrou na fila em 2004.

“Nós íamos para o hospital [buscar informações] e nossa senha nem se mexia. Era frustrante, porque a gente não tinha dinheiro para ir para uma clínica particular e eu ficava preocupada com minha idade”, conta Verônica. As chances do procedimento ter sucesso diminuem conforme a mulher fica mais velha.

Após uma espera de quatro anos, ela e o marido foram finalmente chamados em 2008. Um tipo raro de problema nas trompas de Verônica dificultou o processo e só no final de 2010 o sonho de ter um filho se realizou.

“Apesar de tanto sofrimento, eu não desisti”, se emociona a mãe de Gabriela, que está com um ano e três meses. "Estava em um hospital público, mas de primeiro mundo. Se não fosse ele, eu não teria condições financeiras".

Infográfico fertilização in vitro (Foto: G1)


Na fila
Katiana Paz, de Maceió, alimenta o mesmo sonho de Verônica. Há 9 anos ela e o marido Wellington tentam ter um filho, sem sucesso.

“Fui para um especialista em fertilização, fiz exames e ele descobriu que eu tinha um probleminha, meu esposo também”, lembra. A única opção para o casal era a fertilização in vitro.

“O médico disse que a fertilização custava R$ 15 mil a tentativa. Fiquei desesperada. Este valor pode ser pouco para quem tem condições, mas para quem não tem é uma fortuna”, afirma. A notícia fez Katiana e o marido adiarem os planos.

Eu disse: meu Deus, é verdade? É um tratamento tão caro que eu nem acreditei que era oferecido na rede pública"
Katiana Paz

Em 2010, eles descobriram que uma instituição em Recife, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), oferecia a fertilização de forma gratuita.

“Eu disse: meu Deus, é verdade? É um tratamento tão caro que eu nem acreditei que era oferecido na rede pública", conta.

Desde então, Katiana e Wellington começaram a fazer viagens quase mensais para Recife para realizar os exames e se preparar para o procedimento. Segundo ela, sua senha está chegando e eles estão “na porta” da fila. Eles terão duas tentativas e estão bastante otimistas. Wellington acha que o casal conseguirá ter duas meninas e já está planejando reformas na casa para receber os bebês.


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