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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Bélgica debate estender direito à eutanásia a crianças

BBC
Fonte: www.g1.globo.com


28/06/2013 07h00 - Atualizado em 28/06/2013 07h34

Bélgica debate estender direito à eutanásia a crianças

O senado belga está debatendo a questão, que foi apresentada por representantes de quatro dos cinco partidos de coalizão governista.

Da BBC

Quatro dos cinco partidos da coalização belga apresentaram o projeto (Foto: BBC)
Quatro dos cinco partidos da coalização belga
apresentaram o projeto (Foto: BBC)
O Senado belga está debatendo uma proposta de lei que estenderia aos menores de idade o direito de solicitar eutanásia, legalizada para os adultos em 2002.
A proposta foi apresentada pelos líderes de quatro dos cinco partidos que formam o governo de coalizão - os socialistas PS e SPA e os liberais MR e Open VLD - sendo que os dois maiores partidos da oposição, Ecolo e Groen, já expressaram seu apoio, o que garantiria a aprovação da ideia.
Bélgica é um dos poucos países do mundo que autoriza a morte assistida, junto com Suíça, Luxemburgo e Holanda - este último o único onde o direito se aplica também a menores de idade, apesar de nenhum caso ter sido registrado até hoje.
O objetivo da proposta é "atender as crianças que se encontram em uma situação médica sem solução, que enfrentam um sofrimento físico ou psíquico constante e insuportável", explicou ao jornal La Libre Belgique o senador socialista Philippe Mahoux, um dos autores do texto, que também participou da elaboração da lei de 2002 sobre o direito à eutanásia.
Capacidade de discernimento
Os senadores preferiram não determinar uma idade a partir da qual uma criança poderia solicitar o procedimento.

Caberia a um pedopsiquiatra (psiquiatra de crianças) ou a um psicólogo julgar sua capacidade de discernimento e atestar que o paciente é consciente das consequências de seu pedido antes de aprová-lo.
"Todos os especialistas pediátricos consultados (para a elaboração da proposta) insistiram sobre a extraordinária maturidade que as crianças tendem a adquirir quando enfrentam uma doença letal", afirmou Mahoux, médico de formação.
No entanto, durante os debates no Senado, Dominique Biarent, chefe da unidade de tratamento intensivo do Hospital Universitário Infantil Rainha Fabiola, chamou atenção para o fato de que 'até os 7 ou 8 anos de idade as crianças não compreendem o caráter definitivo da morte'.
Também seria necessário a autorização dos pais do paciente.
Controvérsia

A ampliação da lei conta com o apoio da Associação pelo Direito a uma Morte Digna e do Centro pela Igualdade de Oportunidades e pela Luta Contra o Racismo, mas é duramente criticada pela Igreja católica belga.

"É estranho que os menores de idade sejam considerados legalmente incapacitados para certos atos, como casar-se, mas de repente sejam suficientemente maduros para pedir que os matem", ressaltou em um comunicado o arcebispo André-Joseph Léonard, presidente da Confederação Episcopal da Bélgica.
Os religiosos defendem que, em lugar de estudar ampliar o direito à eutanásia, os legisladores belgas deveriam analisar como o sistema público de saúde poderia cuidar melhor dos portadores de doenças incuráveis.
"Hoje em dia dispomos de cuidados paliativos eficientes e, em caso de intenso sofrimento, podemos apelar à sedação como último recurso", afirmou Léonard.
A proposta em trâmite também prevê um acompanhamento psicológico por tempo indefinido para os pais de uma criança que receba eventualmente a eutanásia.
O Senado ainda não determinou a data de votação, mas os autores do texto querem que ocorra antes do início das férias parlamentares, dia 26 de julho.


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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito

3 comentários:

  1. Quando a morte assistida se trata de criança, acredito que os pais devem ser responsáveis se autoriza ou não o procedimento, é um assunto muito sério e complexo pois se os pais permitem a eutanásia é porque eles não tem esperança alguma de cura ou tratamento para reduzir sequelas, enfim... acho que dignidade para morrer existe porque a morte faz parte da vida, contudo, há que se ponderar e avaliar caso a caso e suas particularidades.

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  2. É complicado falarmos de eutanásia para crianças, já que é nesta fase da vida, que há a formação da personalidade e da opinião, mesmo quando falamos de crianças ditas "maduras", estas ainda estão passando pelo processo de conhecimento do mundo e acepção do mesmo. Juridicamente, o argumento contrário acerca da incapacidade para certos atos, faz-se necessário para analisarmos a questão, por mais que o caso de eutanásia seja para atender as crianças que possuem uma condição de saúde específica. Se estas possuem capacidade para escolherem dar um fim ao sofrimento vivido, também a teriam para fazer demais escolhas acerca de suas vidas. Outro fato é como provar que estas crianças possuem um desenvolvimento mental maior do que outras, as saudáveis. Um maior entendimento de sua existência que faça com que aquelas sejam mais capazes do que essas. É evidente que um psicólogo analisará a validade do pedido da criança que solicitar a eutanásia, porém como saber se esta escolha veio da mesma ou teve uma influência, da família, dos médicos ou da própria política do Estado.

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  3. A situação que uma criança se encontra entre a vida e a morte fomentou um debate na Bélgica com uma proposta de regulamentação legal. Atualmente, já é possível na Holanda a realização da morte assistida por menores de idade. Esta realidade jurídica se adotada neste país poderia ser favorável ao caso em que a própria família não quer mais prolongar a vida da criança, passando por tratamentos rigorosos sem chance de cura por causa de um diagnóstico de estado terminal. Nesse caso, a criança que sofre com uma doença letal terá tempo mínimo de sobrevivência, e durante esse momento teria o direito de escolher, com base no seu discernimento analisado pelo psicólogo, se continua o tratamento ou o direito a morte digna. Dessa forma, a referida proposta de lei busca ampliar a proteção do direito à uma vida digna da pessoa humana garantida no Estado Democrático de Direito, cabendo ao Estado regular estas relações jurídicas no âmbito privado para que os indivíduos exerçam os direitos na ordem civil.

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