Corredora incansável: um caso único e extraordinário no esporte mundial
Após uma cirurgia no cérebro, Diane Van Deren, de 52 anos, esquece a
distância que está percorrendo atrasando assim a chegada do cansaço
Por GLOBOESPORTE.COM
Sedalia, EUA
O esquecimento do cansaço. Essa é a arma secreta para Diane Van Deren percorrer 1600 km, a distância do Rio de Janeiro a Porto Alegre aproximadamente, em menos de 23 dias. A ultramaratonista que retirou uma parte do cérebro, é conhecida como a corredora incansável, pois ao esquecer a distância percorrida, Diane cansa menos.
Com 52 anos e três filhos, Diane já foi tenista profissional na juventude. Até os 28 anos tinha uma saúde imbatível, foi então que surgiu o diagnóstico de epilepsia. Uma doença que em 70% dos casos é controlada através de medicamentos, mas que no caso da americana, não era o suficiente.Foram 12 horas de cirurgia em Diane
(Foto: Reprodução / TV Globo)Diane Van Deren esquece a distância percorrida e não se cansa como outros corredores
(Foto: Reprodução / TV Globo)
- O cérebro é o local de origem dessa doença. existe uma descarga eletrica muita forte nos neurônios e você acaba tendo uma convulsão. Os músculos se contraem, você perde a consciência. É horrível - lembrou.
Após 10 anos de sofrimento, numa tentativa de acabar com as crises epiléticas, já que os remédios não resolviam, Diane optou por uma cirurgia no cérebro para a retirada da parte originária das convulsões. Foram 12 horas no centro cirúrgico e retirado uma fração do lobo temporal direito do tamanho de um limão.
- As pessoas me perguntam: Você não ficou com medo de ter feito uma cirurgia no cérebro? O que eu tinha medo era de morrer num ataque epilético. Eu já estava tendo 3 ou 4 por semana. A operação chegou como uma oportunidade - disse.
Os ataques epiléticos cessaram de imediato depois da intervenção cirúrgica, porém efeitos colaterais passaram a afetar Diane. Sua memória recente ficou comprometida.
- O lobo temporal direito é responsável, principalmente, pelo que chamamos memória curta. Aquela que você usa pra lembrar-se do filme que viu na semana passada ou o que comeu no café da manhã – disse o neurologista Mark Spitz responsável pelo tratamento de Diane.
Com esse resultado, a corredora passou a esquecer da distância que está percorrendo. Diminuindo assim o cansaço e permitindo um desempenho invejável. Daiane retomou as corridas dois anos depois da cirurgia. E aos poucos foi realizando marcas e distâncias cada vez mais complexas.- Me senti livre quando eu corri. Livre. Tinha dificuldades de me orientar, claro. Mas por outro lado não tinha distrações. Não me preocupava com nada, só com correr. Acho que é por isso que passei a correr mais e melhor - disse.
Hoje, Diane não olha mais o relógio. Seu foco fica apenas na respiração e nas passadas. Ela passou a treinar na cidade onde viveu toda a infância e juventude, o que ajuda na localização já que são memórias antigas, e faz da corrida um estímulo à superação.
- Me levanto, calço meus tênis e vou correr. Só penso no ritmo, ouço minha respiração, ouço meus passos e vou em frente. É uma sensação de liberdade – concluiu.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
Diane era portadora de um doença e a cirurgia foi o método utilizado pela medicina para obter a cura de tal doença, através de sua autonomia privada e seguindo a garantia do direito à vida.
ResponderExcluirDiante do procedimento de cura disponibilizado pelos avanços da medicina, é preciso que alguns procedimentos jurídicos como o Termo de Consentimento Livre e esclarecido seja redigido e seguido de forma coerente e assídua.
Nesse caso, e em qualquer procedimento cirúrgico, a paciente deve ter assinado antes da realização da cirurgia, um documento contendo o termo de consentimento livre e esclarecido, em que o médico explica e informa a respeito do procedimento e, uma vez assinado pelo paciente, o mesmo concorda com o procedimento e todos os efeitos que este pode gerar, inclusive efeitos adversos ao esperado. O termo de consentimento livre e esclarecido é importante porque busca oferecer certa proteção ao médico diante de eventuais processos judiciais movidos por pacientes, por exemplo, casos em que médicos apesar de terem feito todo o processo de forma correta não conseguem curar os pacientes. E porque gera maior transparência ao paciente que através desse documento, passa a ter maior conhecimento do procedimento ao qual será submetido e dos efeitos que podem dele decorrer e que podem inclusive, se estender além da cura. No caso da reportagem, a busca de Diane pela cura da epilepsia, que foi de fato obtida, suprimiu os outros efeitos colaterais gerados pela intervenção cirúrgica.
ResponderExcluirAo sofrer os danos das crises de epilepsia Diane utilizando do seu direito a autonomia privada optou por uma cirurgia que retirava parte do seu cérebro, como foi mostrado na notícia. Diante dos efeitos negativos que a cirurgia poderia causar como a perda da memória recente, Diane preferiu se aproveitar dos pontos positivos do seu esquecimento e alcançou resultados ótimos como corredora. Sendo assim capaz de viver uma vida digna graças à intervenção cirúrgica que pode ser realizada respeitando a vontade da mesma.
ResponderExcluirE as consequências do exercício da autonomia em relação a terceiros?
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