Atualizado em 24/10/2014
17h06
Médicos fazem primeiro transplante com 'coração morto'
Usando técnica para aquecer e nutrir órgão, cirurgiões usaram corações que tinham cessado de bater até 20 minutos antes.
Cirurgiões na Austrália realizaram o
primeiro transplante cardíaco usando um coração tecnicamente morto.
Os corações usados em transplantes
normalmente são retirados de pacientes com morte cerebral, mas ainda com
batimentos cardíacos.
Desta vez, porém, os médicos do St
Vincent's Hospital, em Sydney, ressucitaram e transplantaram órgãos que haviam
parado de bater até 20 minutos antes.
A técnica envolveu uma máquina que os
médicos batizaram de "heart-in-a-box" (coração em caixa), que mantém
o órgão aquecido. Os batimentos são então restaurados e fluidos e nutrientes
são injetados para reduzir o dano muscular.
A primeira paciente a receber um
transplante usando a técnica foi Michelle Gribilas, de 57 anos.
"Agora sou uma pessoa totalmente
diferente", disse a mulher, que recebeu o coração dois meses atrás.
"Me sinto como se tivesse 40 anos. Tenho muita sorte."
Desde então, duas outras cirurgias
semelhantes foram realizadas.
A equipe responsável pelos experimentos
estima que a técnica do "coração em caixa", que está em testes em
todo o mundo, pode elevar em até 30% o número de vidas salvas por transplantes,
devido à maior disponibilidade de órgãos.
"Esse avanço representa um passo na
redução da falta de órgãos", disse o chefe da unidade de transplantes do
hospital St Vincent's, Peter MacDonald.
Mais órgãos
Diferentemente de outros órgãos, o coração
não é aproveitado após a chamada morte circulatória – quando cessam os
batimentos cardíacos. O órgão é retirado e mantido no gelo por até quatro horas
antes da operação.
Diversos métodos de aquecimento e fornecimento
de nutrientes são usados para manter outros órgãos, como o fígado e os pulmões,
próprios para transplante.
O diretor médico de transplantes do
sistema de saúde pública do Reino Unido, James Neuberger, disse que o uso de
máquinas neste campo "é uma oportunidade de melhorar o número e a
qualidade de órgãos disponíveis para o transplante".
Mas ele disse que "ainda é muito cedo
para estimar quantas vidas podem ser salvas por transplantes a cada ano se essa
tecnologia for adotada como prática padrão no futuro".
A Fundação Britânica para o Coração
descreveu a técnica como "um desenvolvimento significativo".
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
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