Fonte: www.g1.globo.com
10/11/2013 06h05 - Atualizado em 10/11/2013 07h17
Nova técnica estudada na Argentina permite mudança de sexo em animais
Estudo é realizado por Daniel Salamone e outros três
pesquisadores.
Técnica pode modificar sexo de vacas, éguas e fêmeas de outras
espécies.
Os animais poderão mudar de sexo na Argentina
graças a uma nova técnica desenvolvida por um grupo de pesquisadores da
Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires.
Técnica pode modificar sexo de vacas, éguas e
fêmeas de outras espécies (Foto: Julian Stratenschulte/DPA/AFP)
Trata-se, basicamente, de um procedimento desenvolvido para clonar
cromossomos e, a longo prazo, poder modificar o sexo de vacas, éguas e até
fêmeas de outras espécies.
A ideia parece de ficção científica: selecionar um animal com características
únicas, como uma vaca que tenha a melhor capacidade de produzir leite em
qualidade e quantidade, e depois, cloná-la para que a cópia tenha sua mesma
informação genética.
O detalhe é que, após uma troca de cromossomos sexuais, o animal seria um
touro.
"Deste modo estaríamos aumentando a produção do número de filhotes, porque
enquanto uma vaca com tratamentos hormonais muito caros pode gerar somente de 20
a 30 filhotes por ano, um touro produz mais de 10 mil", explicou à Agência Efe o
diretor do Laboratório de Biotecnologia Animal da universidade, Daniel
Salamone.
A modificação seria feita com fins produtivos, já que costuma existir uma
preferência por filhotes que sejam fêmeas ou machos, dependendo do destino que
se dará ao animal.
Os cromossomos que determinam o sexo são o X e o Y. Assim, se um indivíduo
tem dois cromossomos X é fêmea; se tem apenas um X e um Y é macho.
"A longo prazo, nós buscaremos desenvolver um método para modificar esses
cromossomos de uma fêmea: em vez de ter os XX originais, seria XY", explicou
Salamone.
Desta maneira, os estudos desenvolvidos por ele e pelas pesquisadores Natalia
Canel, Inés Hiriart e Romina Bevacqua permitem um avanço ainda maior nas
tecnologias disponíveis atualmente para a reprodução de animais.
Até agora, só era possível manipular núcleos, enquanto, graças ao avanço do
laboratório dirigido por Salomone, se pode manipular uma unidade menor ao
trabalhar com cromossomos.
Nos últimos anos, a mesma instituição já tinha trabalhado em linhas de
pesquisa distintas que também permitiram notáveis avanços para a biotecnologia
animal.
O laboratório já participou de pesquisas que permitiram gerar as primeiras
vacas clonadas e transgênicas da América do Sul, que são capazes de gerar
hormônios de crescimento no leite.
Vários dos trabalhos desenvolvidos nos últimos anos já estão publicados. Há
dois anos a instituição conseguiu clonar com sucesso cavalos pela primeira vez
na região, e também foram os responsáveis pela clonagem de espermatozóides
selecionando o sexo.
"O fato de trabalharmos com a sexualidade se tornou atrativo por podermos
modificar cromossomos individuais", ressaltou Salamone.
Por causa disso, os pesquisadores começaram a questionar o que aconteceria se
introduzissem um determinado número de cromossomos em um óvulo sem informação
genética.
De acordo com o pesquisador, quando o procedimento foi realizado a equipe
percebeu que o óvulo continuou com a sua capacidade de se multiplicar.
"O que queremos explorar como laboratório são as diferentes possibilidades
para micromanipular os embriões", revelou Salamone.
"Desenvolvemos também um par de trabalhos em que clonávamos um espermatozóide
e um óvulo e então poderíamos usá-lo para fertilizar ou reconstruir um embrião",
acrescentou.
De acordo com os pesquisadores da Faculdade de Agronomia, a técnica para
mudar o sexo das vacas também seria útil nos equinos, criando assim uma versão
masculina de uma égua excepcional com a mesma genética que disputaria partidas
de polo.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
Com a evolução das praticas biomédicas e biotecnológicas nos deparamos com tal desenvolvimento e avanço para manipulação de células e embriões. É de extrema importância para a sociedade em geral o estudo e pesquisa na área da genética, isto possibilitaria o combate a patologias e doenças hereditárias. Dessa forma os pesquisadores argentinos dão um grande passo, e apesar da técnica ainda ser desenvolvida somente em animais, significa que estamos muito próximos de tais procedimentos serem praticados em humanos.
ResponderExcluirEssas novas relações necessitam de tutela do ordenamento jurídico para evitar conflitos e dessa forma garantir legalidade a tais pesquisas. No Brasil, a lei de Biossegurança é amparada pela livre manifestação científica contida como garantia na Constituição Federal, porem ainda devemos caminhar uma longa trilha até a garantia total dessas pesquisas. Amparados pela constituição e por princípios jurídicos, nos como estudiosos do direito devemos argumentar, seja a favor ou contra, nos atendo a juridicidade da ciência do direito.
Dessa forma, acredito que pesquisas evolvendo materiais genéticos devem ser asseguradas devido aos princípios de autonomia e liberdade de investigações científicas.