Doentes terminais protestam contra alto custo de medicamentos no Chile
Manifestação em Santiago, neste sábado, contou com 5 mil pessoas.
Cerca de 15 milhões de chilenos dependem do serviço público de saúde.
Cerca de 15 milhões de chilenos dependem do serviço público de saúde.
Dezenas de doentes terminais e crônicos chilenos protestaram junto a seus familiares contra o alto custo dos medicamentos, em uma mobilização sem precedentes realizada neste sábado (4) em Santiago, segundo a agência AFP.
Os doentes, alguns deles em cadeiras de rodas e outros andando apoiados por familiares, percorreram cinco quadras do centro de Santiago, em meio a batida de tambores e bandeiras onde se lia: "eu sobrevivi a um acidente vascular cerebral, e agora vivo para pagar a dívida do hospital", ou "o Estado é imoral para com os doentes terminais". A manifestação, que contou com cerca de 5 mil pessoas, procura chamar a atenção do governo para que se crie um fundo nacional de medicamentos que permita o acesso à medicamentos das pessoas com doenças terminais e crônicas.
"Há uma proposta para um problema. A ideia é criar um fundo nacional de medicamentos, mas precisa ser apoiado pelo Estado e pelo setor privado", declarou após a marcha, Ricarte Soto, jornalista que organizou a mobilização e que sofre de câncer de pulmão.
"Atualmente nós pagamos muito caro por nossos medicamentos, algumas pessoas não têm recursos para adquiri-los e acabam se endividando, é uma enorme desigualdade", disse à AFP, Monica Castillo, que sofre de câncer de mama.
O tratamento de doenças crônicas e terminais no Chile tem custos elevados e, em muitos casos, não podem ser pagos pelo doente, que acaba adquirindo empréstimos ou hipotecas. No Chile, 16% da população tem seguro privado de saúde que dá acesso a um tratamento adequado, mas de alto custo e cujos valores sobem a cada ano de acordo com a idade, sexo e risco, enquanto cerca de 15 milhões de pessoas precisam recorrer a um serviço público com recursos insuficientes para atender ao excesso de demanda.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
Diante da matéria postada, é nítido o dilema que envolve a indústria farmacêutica e o bem estar social público. O monopólio de informação da indústria farmacêutica cumulada com a ineficiência do Estado em subsidiar ou fornecer medicamentos "genéricos" afeta a população no que tange o seu acesso à saúde. Desta forma, surge o embate de direitos constitucionais: o interesse econômico (propriedade intelectual-patente) versus o interesse social, apesar da importância de cada direito, o Estado -no caso em questão Chileno- não pode permanecer omisso face à 15 milhões de pessoas que não conseguem arcar com os custos do tratamento de suas doenças terminais, estas tão dolorosas somadas à hipotecas de suas casas e pondo fim ao bem estar social e ferindo a dignidade da pessoa humana.
ResponderExcluirÉ lamentável ver que, em alguns países da América Latina, as políticas públicas
ResponderExcluirvoltadas à saúde são precárias.No Brasil, por exemplo, apesar de existir o SUS e
programas que tem servido de modelo na área da saúde, os telejornais noticiam quase que regularmente
as filas extensas à espera de atendimento hospitalar. É preciso ressaltar que o direito à saúde
é direito fundamental, resguardado pela Constiuição Federal de 1988 e
erigido à condição essencial para a efetivação do princípio da dignidade humana. Por seu turno, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos não é omissa no que concerne ao tema,
apregoando ser imprescindível para toda pessoa
certo grau de 'vida', certo grau financeiro, a fim de que possa obter assistência
médica quando necessária; assim preleciona o
Documento em seu art.25º, "Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para
lhe assegurar e à sua família a SAÚDE e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário,
ao alojamento, à ASSISTÊNCIA MÉDICA [...]".De posse de tais informações, resta-nos criticar o
governo chileno, pelo pouco caso com relação ao tema saúde. Premente se faz que a ideia da criação do fundo nacional
de medicamentos seja aceita ou que outra alternativa viável seja proposta pelo Estado.