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terça-feira, 3 de março de 2015

Ela é mãe legítima. Mas o teste de DNA jura que não. E agora?


Ela é mãe legítima. Mas o teste de DNA jura que não. E agora?





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Parece chamada do programa do ratinho, mas leia porque é bem mais surreal e interessante do que isso.
Uma mulher que quase perdeu seus filhos porque seu teste de DNA não era compatível com o das crianças, apesar dela ser de fato a mãe. Como pode?
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Lydia Fairchild é uma quimera, uma pessoa com dois tipos diferentes de DNA no corpo.

DOIS DNAs?

Sim, uma quimera é uma figura mística caracterizada por uma aparência híbrida de dois ou mais animais, mas é também um termo utilizado pela medicina (o quimerismo) para caracterizar essa situação raríssima de 2 tipos de DNA no mesmo corpo. São apenas 40 indivíduos documentados em todo o mundo. 
Essa história é tão fantástica que Lydia Fairchild e seus filhos foram tema de um documentário britânico chamado The Twin Inside Me (também conhecido como “I Am My Own Twin“).

A CONFUSÃO

Em 2002, Lydia estava grávida do seu terceiro filho quando se separou do marido. Por causa da pensão, foi solicitado aos pais um teste de DNA. Para surpresa geral, a paternidade foi confirmada mas a maternidade não.
Lydia foi imediatamente indiciada e acusada de fraude por solicitar benefícios de direito de crianças de outra pessoa. A promotoria recomendou que as 2 crianças fossem encaminhadas para a assistência social.
Já imaginou a situação? Ela tem certeza que é a mãe, mas o teste de DNA diz que não. E agora ela está prestes a ver seus filhos sendo levados por uma assistente social.
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A sorte é que um dos advogados da promotoria descobriu o caso de Karen Keegan, uma quimera de New England e sugeriu que o advogado de Lydia investigasse a possibilidade de se tratar da mesma coisa. Em paralelo, os testes de DNA de outros parentes de Lydia começaram a chegar e surgiu uma indicação de que Lydia teria um DNA compativel com o que seria uma avó das crianças. Diante desta confusão toda, o juiz teve uma ideia: o terceiro filho de Lydia, que estava para chegar, seria a resposta.
Lydia deu à luz ao seu terceiro filho acompanhada de uma testemunha indicada pelo juiz, com a missão de acompanhar o parto e todo e qualquer procedimento feito no recém-nascido e principalmente testemunhar uma coleta de sangue da mãe e do bebê que seria feita imediatamente após o parto.
Resultado: novamente o teste de DNA indicou que Lydia não era a mãe do bebê e o caso foi totalmente revisto.
Novos testes indicaram que as amostras de DNA retiradas da pele e do cabelo davam resultado negativo, mas uma amostra retirada do colo do útero dava positivo. E assim foi descoberto que Lydia, de fato, carregava dois tipos diferentes de DNA, caracterizando assim mais um caso de quimerismo que, por muito pouco, não acabou mal.

COMO ACONTECE?


Em português claro, Lydia e Karen absorveram seus irmãos gêmeos. Bleargh, a biologia pode mesmo ser bem nojenta.ogo após a concepção, um óvulo se fundiu com outro óvulo. O resultado é um óvulo fundido, com dois DNAs que se combinaram e formaram um único indivíduo. Isso significa que, biologicamente, Lydia (e Karen) é mais de uma pessoa.
Não existem números concretos, mas uma boa parte – se não todos – os humanos são quimera em alguma medida, já que as mães e os fetos costumam trocar células durante a gestação. O fenômeno de um gêmeo que absorve completamente o outro no útero, que é o que aconteceu com Fairchild e Keegan, é incomum. Entretanto, como as fertilizações in vitro aumentam a chance de gêmeos, elas aumentam também os casos de quimerismo.








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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito

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