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terça-feira, 31 de março de 2015

Cirurgia feita por Angelina é comum em quem tem mutação genética

24/03/2015 08h46 - Atualizado em 24/03/2015 10h12

Cirurgia feita por Angelina é comum em quem tem mutação genética

A atriz retirou os ovários e as trompas para prevenir surgimento de tumores.
Ela já tinha detectado mutação no gene BRCA1, que eleva risco de câncer.

Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
Angelina Jolie divulga 'Invencível' em Londres nesta terça (25) (Foto: REUTERS/Paul Hackett)Angelina Jolie durante divulgação de filme em Londres (Foto: REUTERS/Paul Hackett)
cirurgia feita pela atriz Angelina Jolie para retirada dos ovários e das trompas de falópioé muito comum em mulheres que já detectaram uma mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2, que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver câncer, de acordo com especialista ouvido pelo G1.

A atriz norte-americana anunciou nesta terça-feira (24) que realizou novo procedimento quase dois anos após fazer uma mastectomia (cirurgia para retirar os dois seios) para evitar um câncer de mama, que já havia vitimado familiares próximos a ela, como sua mãe.
Angelina optou pelas operações depois de fazer um exame de sequenciamento genético, que detectou uma mutação no gene BRCA1. A presença desta mutação, que é hereditária, aumenta em 87% o risco de uma mulher ter câncer de mama e em 50% o risco de ter câncer de ovário.
Segundo a atriz, a decisão de se submeter ao procedimento ocorreu após um exame de sangue ter apresentado uma série de marcadores inflamatórios com níveis altos que poderiam apontar tumores em estágio inicial.
De acordo com a médica oncologista Marina Sahade, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do hospital Sírio Libanês, não existe um único marcador natural que indique a presença de tumores.
Ela afirma que diagnosticar um câncer apenas por esse método não é o ideal, já que há risco de os exames apontarem erro, o chamado “falso positivo”, o que pode causar muita angústia na paciente.
“Para os casos em que já há um acompanhamento, ele pode ajudar no rastreamento do câncer. Ela [a atriz] já tem uma mutação que pode oferecer risco de câncer no ovário. A retirada dos ovários e das trompas, neste caso, é um procedimento comum”, explica a especialista.
O Instituto Nacional de Câncer, o Inca, afirma que o câncer de ovário é um dos mais difíceis de serem diagnosticados e o de menor chance de cura. A estimativa é que 5.680 novos casos tenham sido detectados no Brasil em 2014. Esse tipo de tumor mata por ano pouco mais de 3 mil mulheres no país, de acordo com o Inca.

Procedimento

Segundo a oncologista, a cirurgia para retirada dos órgãos do sistema reprodutor feminino pode ser feita por vídeo, com a presença de um ginecologista ou um cirurgião. A mulher fica pouco tempo internada. No entanto, há efeitos colaterais, principalmente em pessoas mais jovens.
“Ela começa a sentir precocemente os efeitos da menopausa, como fogacho [sensação súbita de ondas de calor pelo corpo, particularmente na cabeça, face e peito] e redução na líbido. Isso numa mulher muito jovem é desagradável. Além disso, a pessoa tem que estar ciente da decisão, já que não poderá ter mais filhos”, complementa.
Marina afirma que, após a mastectomia feita pela atriz, muitas mulheres passaram a procurar mais por exames de aconselhamento genético. Ela diz ainda que também houve um aumento na procura por cirurgias para retirada dos seios. "Mas ela só é recomendada nos casos em que a mulher tem risco mesmo", explica a oncologista.
Mutações nos genes BRCA são responsáveis por cerca de 10% dos casos de câncer de mama nos EUA, tanto em mulheres quanto em homens.
Segundo os especialistas, a análise genética de um paciente pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de tumores, mas ela só é recomendada para pessoas enquadradas no grupo de risco -- ou seja, com histórico de incidência de câncer precoce na família, quando a doença surge antes dos 40 anos.
No Brasil, o exame é feito atualmente em grandes hospitais ou clínicas especializadas. O teste estuda uma porção genética específica -- como os genes BRCA1 e BRCA2, os mais verificados atualmente.
O exame de sequenciamento genético no exterior custa aproximadamente US$ 1.000 (o equivalente a pouco mais de R$ 3.000). No Brasil, este mapeamento pode chegar a custar R$ 6.700.



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