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terça-feira, 31 de março de 2015

Cirurgia feita por Angelina é comum em quem tem mutação genética

24/03/2015 08h46 - Atualizado em 24/03/2015 10h12

Cirurgia feita por Angelina é comum em quem tem mutação genética

A atriz retirou os ovários e as trompas para prevenir surgimento de tumores.
Ela já tinha detectado mutação no gene BRCA1, que eleva risco de câncer.

Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
Angelina Jolie divulga 'Invencível' em Londres nesta terça (25) (Foto: REUTERS/Paul Hackett)Angelina Jolie durante divulgação de filme em Londres (Foto: REUTERS/Paul Hackett)
cirurgia feita pela atriz Angelina Jolie para retirada dos ovários e das trompas de falópioé muito comum em mulheres que já detectaram uma mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2, que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver câncer, de acordo com especialista ouvido pelo G1.

A atriz norte-americana anunciou nesta terça-feira (24) que realizou novo procedimento quase dois anos após fazer uma mastectomia (cirurgia para retirar os dois seios) para evitar um câncer de mama, que já havia vitimado familiares próximos a ela, como sua mãe.
Angelina optou pelas operações depois de fazer um exame de sequenciamento genético, que detectou uma mutação no gene BRCA1. A presença desta mutação, que é hereditária, aumenta em 87% o risco de uma mulher ter câncer de mama e em 50% o risco de ter câncer de ovário.
Segundo a atriz, a decisão de se submeter ao procedimento ocorreu após um exame de sangue ter apresentado uma série de marcadores inflamatórios com níveis altos que poderiam apontar tumores em estágio inicial.
De acordo com a médica oncologista Marina Sahade, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do hospital Sírio Libanês, não existe um único marcador natural que indique a presença de tumores.
Ela afirma que diagnosticar um câncer apenas por esse método não é o ideal, já que há risco de os exames apontarem erro, o chamado “falso positivo”, o que pode causar muita angústia na paciente.
“Para os casos em que já há um acompanhamento, ele pode ajudar no rastreamento do câncer. Ela [a atriz] já tem uma mutação que pode oferecer risco de câncer no ovário. A retirada dos ovários e das trompas, neste caso, é um procedimento comum”, explica a especialista.
O Instituto Nacional de Câncer, o Inca, afirma que o câncer de ovário é um dos mais difíceis de serem diagnosticados e o de menor chance de cura. A estimativa é que 5.680 novos casos tenham sido detectados no Brasil em 2014. Esse tipo de tumor mata por ano pouco mais de 3 mil mulheres no país, de acordo com o Inca.

Procedimento

Segundo a oncologista, a cirurgia para retirada dos órgãos do sistema reprodutor feminino pode ser feita por vídeo, com a presença de um ginecologista ou um cirurgião. A mulher fica pouco tempo internada. No entanto, há efeitos colaterais, principalmente em pessoas mais jovens.
“Ela começa a sentir precocemente os efeitos da menopausa, como fogacho [sensação súbita de ondas de calor pelo corpo, particularmente na cabeça, face e peito] e redução na líbido. Isso numa mulher muito jovem é desagradável. Além disso, a pessoa tem que estar ciente da decisão, já que não poderá ter mais filhos”, complementa.
Marina afirma que, após a mastectomia feita pela atriz, muitas mulheres passaram a procurar mais por exames de aconselhamento genético. Ela diz ainda que também houve um aumento na procura por cirurgias para retirada dos seios. "Mas ela só é recomendada nos casos em que a mulher tem risco mesmo", explica a oncologista.
Mutações nos genes BRCA são responsáveis por cerca de 10% dos casos de câncer de mama nos EUA, tanto em mulheres quanto em homens.
Segundo os especialistas, a análise genética de um paciente pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de tumores, mas ela só é recomendada para pessoas enquadradas no grupo de risco -- ou seja, com histórico de incidência de câncer precoce na família, quando a doença surge antes dos 40 anos.
No Brasil, o exame é feito atualmente em grandes hospitais ou clínicas especializadas. O teste estuda uma porção genética específica -- como os genes BRCA1 e BRCA2, os mais verificados atualmente.
O exame de sequenciamento genético no exterior custa aproximadamente US$ 1.000 (o equivalente a pouco mais de R$ 3.000). No Brasil, este mapeamento pode chegar a custar R$ 6.700.



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'Não pode ter medo', diz brasileira que retirou ovários e trompas como Jolie

25/03/2015 05h00 - Atualizado em 25/03/2015 05h00

'Não pode ter medo', diz brasileira que retirou ovários e trompas como Jolie

Atriz de Hollywood retirou órgãos como forma de prevenir o câncer.
Mutação em genes levou atriz e brasileiras à cirurgia preventiva.

Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
A advogada Ana Silvia Peliciari, de 49 anos, vai se submeter à retirada dos ovários, das trompas e do útero na próxima semana (Foto: Arquivo pessoal)A advogada Ana Silvia Peliciari, de 49 anos, vai se
submeter à retirada dos ovários, das trompas e do
útero na próxima semana (Foto: Arquivo pessoal)
Brasileiras que retiraram ou vão retirar os ovários e as trompas de falópio, assim como fez a atriz norte-americana Angelina Jolie, disseram ao G1 que a opção pela cirurgia preventiva foi ou é a decisão mais correta para se protegerem do câncer.

Nesta terça-feira (24), a ganhadora do Oscar divulgou que realizou o procedimento quase dois anos após fazer uma mastectomia (cirurgia para retirar os dois seios) para evitar um câncer de mama, que já havia vitimado familiares próximos dela, como sua mãe.
Angelina optou pelas operações depois de detectar em um exame de sequenciamento genético uma mutação no gene BRCA1.
A presença desta mutação (que pode atingir também o gene BRCA2) é hereditária e aumenta em 87% o risco de uma mulher ter câncer de mama. O risco de desenvolvimento de câncer de ovário também sobe 50%.

Na próxima semana, a advogada Ana Silvia Peliciari, de 49 anos, será operada para retirar os ovários, as trompas e o útero para prevenir o câncer. Mãe de dois filhos, a moradora de Santo André (SP) detectou tumores na mama em 2013.
Ela realizou a cirurgia de mastectomia no mesmo ano e fez seis sessões de quimioterapia. Durante o tratamento, um exame genético apontou que Ana é portadora de mutação no gene BRCA2. O fato não a preocupou. Em vez disso, a incentivou a decidir pela nova operação.
“A oncologia é uma ciência preventiva, porque depois que [a doença] chega, o jogo vira”, disse Ana Silvia. “Não se pode ter medo de investigar uma questão de saúde. Com o avanço da medicina, você tem meios de eliminar [o problema] e salvar a sua vida se tiver a doença no começo. A frase ‘quem procura, acha’ é falha não se encaixa para a medicina”, afirmou.
Ana Silvia disse ao G1 que ao saber da decisão da atriz Angelina Jolie, sentiu que havia escolhido corretamente a opção de remover os órgãos. “Me sinto mais tranquila e faria 10 vezes a mesma coisa. Não vale a pena ficar com uma pulga atrás da orelha”, comentou.
'Doença causa medo'
A psicóloga Ana Letícia Rodrigues, de 45 anos, retirou os ovários e as trompas na última semana (Foto: Arquivo pessoal)A psicóloga Ana Letícia Rodrigues, de 45 anos, retirou os ovários e as trompas na última semana (Foto: Arquivo pessoal)
A psicóloga Ana Letícia Rodrigues Nunes, de 45 anos, descobriu que possuía uma mutação em um dos seus genes após tratar um câncer de mama, que a fez retirar parcialmente uma das mamas em 2013.
Na análise genética, ela soube que era portadora do gene RAD-51C, coativador do BRCA e que também pode provocar neoplasia. Seus médicos então recomendaram a retirada dos ovários e das trompas como forma de prevenção.
Na última semana, a moradora de São Paulo passou pelo procedimento, feito por laparoscopia. Ela disse não se importar com os efeitos colaterais, como a menopausa precoce, e que prefere pensar que evitou o grande risco de ter novamente o câncer, “uma doença que causa medo e morte, mas que pode ser evitada com intervenções precoces”.
“Se eu fosse mais jovem, eu teria pensado mais. Como eu já tenho filhos e não pretendo ter outros, pela minha idade foi uma decisão mais sábia. Claro que a gente se preocupa por ser uma cirurgia, com anestesia geral (...) mas essas coisas a gente pode contornar de uma maneira, ao contrário de um câncer de forma avançada”, complementa.

Câncer pouco detectado

O Instituto Nacional de Câncer, o Inca, afirma que o câncer de ovário é um dos mais difíceis de serem diagnosticados e o de menor chance de cura. A estimativa é que 5.680 novos casos tenham sido detectados no Brasil em 2014. Esse tipo de tumor mata por ano pouco mais de 3 mil mulheres no país, de acordo com o Inca.
Segundo o médico Felipe Melo Cruz, coordenador do departamento de oncologia do Instituto Brasileiro de Controle de Câncer (IBCC), não há sinais que levem a uma investigação precoce sobre a presença deste carcinoma. “Por causa disso, na maior parte dos casos, o tumor é detectado em sua forma avançada. Esse sintoma é visto quando há aumento do volume do abdômen”, disse Cruz.

Desde janeiro de 2014, exames indicados para detectar mutações em genes como o BRCA1 e BRCA2 são obrigados a serem cobertos pelos planos de saúde. O custo de uma análise como essa para um cliente particular chega a R$ 6.700.
 Em fevereiro do ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) publicou portaria que criando a política nacional para doenças raras, que incorporou 15 novos exames, incluindo o aconselhamento genético. Por ser uma norma recente, os milhões de pacientes da rede pública ainda não têm acesso completo à técnica.
Por isso, segundo o médico, nesses casos a melhor forma de prevenção é um acompanhamento regular com ginecologista para a realização de ultrassom na região pélvica. A recomendação deve ser seguida principalmente por quem tem histórico de câncer de mama na família, em parentes de primeiro grau (mãe ou irmão) ou familiares mais próximos.
Essas pessoas têm maior risco de desenvolver a doença no ovário porque há grande chance delas terem mutações genéticas. “O acompanhamento deve ser mais intenso”, diz o médico.
Enviada especial do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Angelina Jolie (dir.) conversa com a refugiada Baw Meh, de 75 anos, de Mianmar, no acampamento de Ban Mai Nai Soi, na Tailândia, perto da fronteira. A idosa vive no acampamento há 18 anos (Foto: Roger Arnold/ UNHCR/AFP)Enviada especial do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Angelina Jolie realizou procedimentos para retirar as mamas, os ovários e as trompas. As cirurgias foram preventivas ao surgimento de tumores (Foto: Roger Arnold/ UNHCR/AFP)











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França aprova a sedação terminal e o cumprimento obrigatório do testamento vital

França aprova a sedação terminal e o cumprimento obrigatório do testamento vital

POR CAMILA
19/03/15  11:45
Nesta terça feria (17), a França aprovou a sedação terminal, ou seja, sedar o paciente de forma “profunda e contínua” até sua morte. O texto passou pelo Parlamento francês com 436 votos a favor, 34 contra e 83 abstenções e  precisará ser considerado pelo Senado. Mas, na França,  a decisão da Assembléia Nacional normalmente é definitiva.
A proposta está alinhada com as propostas do presidente François Hollande, que prometeu em seu programa de campanha de 2012, que “toda pessoa maior de idade, em fase avançada ou terminal de uma doença incurável que provoque sofrimento insuportável físico ou psíquico, que não pode ser amenizado, possa pedir, em condições precisas e estritas, uma assistência médica para terminar sua vida com dignidade”.
A sedação poderá ser usada apenas no caso de doenças ameaçadoras de vida no curto prazo (com prognósticos de pouco de tempo de vida), e será decidida pela equipe médica junto aos familiares do paciente ou requisitada pelo próprio paciente se estiver em plena capacidade de juízo critico.
A proposta de lei não menciona eutanásia ou suicídio assistido, como a promessa de campanha do presidente deu a entender que indicaria, e não permite a possibilidade de injeções letais. Ela distingue-se da eutanásia por considerar que se está induzindo a pessoa a dormir e não a morrer (como aconteceria se fosse administrado diretamente um remédio letal, prática comum nos países que permitem a eutanásia). Mas o limiar entre as duas coisas é complexo. Durante essa sedação, pode se retirar tratamentos médicos, incluindo alimentação e hidratação, até que o paciente morra. Por isso, pode ser considerado uma “eutanásia passiva”. Este método abre brechas aos defensores da eutanásia para afirmarem que o processo pode causar sofrimento ao paciente (como morrer de fome) e assim, a eutanásia poderia ser considerada um caminho mais “humano”, pois o aliviaria desse possível sofrimento.
Um ponto importante da proposta de lei é tornar obrigatório o cumprimento do testamento vital, um documento que explicita manifestações de vontades sobre tratamentos no final da vida, caso o paciente não tenha condições de se expressar. Pode-se indicar o desejo para não ser ressuscitado e não ter aparelhos que sustem a vida artificialmente, como respiração artificial e alimentação, por exemplo.
A questão do uso da tecnologia para manter a vida me lembrou o depoimento da médica, Milena Reis, no post A tal da boa morte. Para Milena, discute-se muito a possibilidade do parto humanizado, sem intervenções da tecnologia como a cesárea. Da mesma forma, deveríamos discutir a morte humanizada, sem essas intervenções que podem ser impedidas de acontecerem via um testamento vital, caso o paciente já não tenha mais consciência para esse tipo de decisão.
A economista Elca Rubinstein, ex-professora da USP e da UNB e doutorada nos Estados Unidos, quer lutar por seus direitos no que se refere ao morrer. Estimulada a fazer um testamento vital durante um curso nos Estados Unidos (chamado “From aging to Saving” – do envelhecimento à sabedoria), ela diz ter sentido dificuldade em pensar sobre sua finitude, mas ficou impressionada com a possibilidade de definir o que pode ser feito e o que não pode ser feito com seu corpo no fim da vida, caso não se esteja em estado consciente para decidir. Elca elaborou um testamento vital, que mantém guardado em um zip-log dentro do freezer de casa e está entrando com uma ação judicial para fazer com que tenha valor jurídico. Ela acionou a mesma advogada de um caso recente, Rosana Chiavassa, que ganhou na Justiça o direito de ter seu testamento vital cumprido por lei e assim ter o que ela considera ser uma morte digna e poder deixar o corpo morrer naturalmente, num processo chamado ortotanásia.
Seu objetivo é abrir precedentes para que o testamento vital seja considerado um documento legal no Brasil.
Elca afirma que “o testamento vital é uma porta pra você começar a ter uma conversa com você mesmo, com sua família, filhos, amigos, médicos e advogado”.
“Depois que o fiz, me senti de bem com a morte, porque o medo de perder a dignidade ao morrer, passou. Se houver uma passagem, eu quero entrar nessa passagem sem ter que ficar até o final, segurada por uma tecnologia médica que nada tem a ver com dignidade”, Elca diz.
Em 42 estados dos Estados Unidos, um documento chamado “Five Wishes”tem valor legal e funciona como um testamento vital. Mas ao invés de ser um documento em branco para se colocar manifestações de vontades, ele indica perguntas que devem ser respondidas, facilitando a reflexão e a tomada de decisão. Aborda questões pessoais, emocionais, espirituais, além das médicas. Nele, pode-se indicar a pessoa que tomará as decisões por você, caso não o possa, como gostaria de ser tratado e o que se deseja que os entes queridos saibam.
Elca menciona quatro razões para se fazer um testamento vital.
1- Físicas
“Se eu estiver morrendo, quero morrer em casa, com as pessoas e coisas que gosto, sem milhões de tubos, nem práticas e tratamentos que prolonguem o sofrimento quando o corpo estiver pronto para partir”.
2- Filosóficas
“Muita gente diz que não vale a pena se preocupar com os momentos finais da vida, porque tudo acaba ali. Eu não concordo. Acho que a morte é uma passagem e por isso é importante fazê-la de bem com tudo o que fui e com o que posso vir a ser”.
3- Financeiras
“Um tratamento para prolongar o final pode ter custos altíssimos e dilapidar o pequeno patrimônio que eu juntei para deixar aos meus filhos.  É preciso olhar o custo-benefício por todos os ângulos”.
4- Informação
“Hoje existe um instrumento, que é o testamento vital, que me permite expressar antecipadamente o que quero e o que não quero”.
Deixo aqui uma curta animação indicada por Elca, “A Dama e a Morte” que representa para ela a possibilidade de morrer quando ela achar que está pronta para isso, sem ser submetida a vários tratamentos e tecnologias que prolonguem sua vida sem sua vontade.

Tudo isso me remete à uma pergunta veterana aqui do blog: o que é uma boa morte? Não conheço alguém que voltou de lá para contar, mas continuamos aqui refletindo e acredito que seja benéfico colocar-se em pauta, no Brasil, a discussão sobre “morte digna” e assim tornar mais claro o significado e os desdobramentos desse emaranhado de conceitos como ortotanásia, eutanásia, distanásia, suicídio assistido, testamento vital, cuidados paliativos, enfim, essas referências que muitas vezes não são claras nem para os médicos que tratam do paciente terminal.
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Atualização em 20.03 – A sedação paliativa
Recebi um e-mail do médico geriatra e paliativista Dr. André Filipe Junqueira dos Santos, indicando algumas considerações importantes sobre este tópico.
No Brasil, ocorre a prática da “sedação paliativa”, que não é regulamentada por lei como ocorreu recentemente na França. Ela é ministrada a pacientes com uma doença incurável, na fase terminal e com sintomas que não podem mais ser controlados – que não respondem a nenhum outro tratamento, por exemplo, uma falta de ar decorrente de um câncer de pulmão. A sedação não é um coma induzido pois nela há um nível de consciência, ao passo que no coma não.
Dr. Junqueira diz preferir o termo sedação paliativa ao termo sedação terminal, pois este último daria a entender que o procedimento vai levar à morte e esse não é o intuito da sedação. Ele diz já ter tido casos em que a sedação foi retirada após a melhora do paciente.
A sedação paliativa é realizada em vários hospitais e muitos já possuem protocolos a respeito, como o Hospital Albert Einstein e o Hospital do Servidor Público Estadual.
Dr. Junqueira diz já existir trabalhos científicos mostrando que a sedação não antecipa a morte, diferindo-se da eutanásia, como esse estudo do Annals of Oncology. A principal diferença é que o objetivo da eutanásia é aliviar o sofrimento antecipando a morte e no caso da sedação, o objetivo é atenuar os sintomas da doença, pelo rebaixamento do nível de consciência. Além disso, a eutanásia não é reversível, a sedação sim.
Na eutanásia, injeta-se uma substância chamada cloreto de potássio, provocando-se uma parada cardíaca. Na sedação, é usado um remédio para baixar o nível de consciência, chamado Midazolam, comercialmente conhecido como Dormonid (medicação utilizada por exemplo, para sedação durante uma endoscopia) .
O Manual de Cuidados Paliativos da Academia Nacional de Cuidados Paliativos aborda os aspectos éticos da diferença entre sedação paliativa e eutanásia, disponível nesse link (página 520).
Sobre a retirada da alimentação e da hidratação, Dr. Junqueira diz que são procedimentos opcionais e polêmicos. Na sedação, não há a sensação de fome ou sede, pois são atividades reguladas pelo hipotálamo, que deixa de funcionar. Mas Dr. Junqueira considera ser uma questão, do ponto de vista fisiológico, indiferente, porque se o paciente tem horas ou dias de vida, não será a alimentação ou a hidratação que o fará viver mais ou menos. Ele vai morrer em decorrência de complicações da própria doença. Porém, existem outros aspectos além da fisiologia envolvidos na alimentação e na hidratação, como religiosos, psicológicos e emocionais, sendo que esta decisão deve ser feita em conjunto com a equipe médica junto e os familiares.
Ressalto que a eutanásia é considerada crime no Brasil, assim como o suicídio assistido. Assisti, recentemente, o documentário “Choosing to die”(“Escolhendo Morrer”) organizado pelo escritor Terry Pratchett (1948 – 2005) sobre o suicídio assistido. Segue o link abaixo (em inglês – não encontrei um link com legendas em português) para quem tiver interesse em ver como funciona esse procedimento na Suíça, um dos países que em que ele é permitido.





















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Morte psicodélica: drogas alucinógenas para pacientes terminais e a morte de Aldous Huxley

Morte psicodélica: drogas alucinógenas para pacientes terminais e a morte de Aldous Huxley

POR CAMILA
26/03/15  09:00
Estudos sobre a administração de drogas alucinógenas como tratamento terapêutico entra em pauta novamente com o retorno de pesquisas controladas encabeçadas por universidades ao redor do mundo. O post também traz a história da morte do escritor Aldous Huxley, que pediu para sua esposa injetar LSD nele, em seu leito de morte.
A administração de drogas alucinógenas para tratar estresse existencial e depressão em pacientes com risco de morte iminente voltou ao centro de discussões psiquiátricas. O retorno deve-se a universidades ao redor do mundo estarem desenvolvendo experimentos com voluntários, como apontaartigo recente de Michael Pollan, da revista “The New Yorker”.
Esses estudos controlados têm o objetivo de verificar como essas drogas (como a psilocibina, o componente ativo dos chamados cogumelos mágicos) podem ajudar pacientes com câncer avançado, transtorno de estresse pós traumático, vício de drogas e álcool e ansiedades relacionadas ao fim da vida.
Um artigo de capa do jornal “The New York Times” em 2010, “Hallucinogens Have Doctors Turning In Again” (“Alucinógenos Recebem Atenção dos Médicos Novamente”), mencionou que universidades, como a N.Y.U (New York University) estavam fazendo experimentos controlados com a psilocibina em pacientes com câncer na tentativa de aliviar ansiedade e “estresse existencial”, como citou a reportagem. Um pesquisador disse que “os indivíduos transcendem suas primárias identificações com seus corpos e experienciam um estado de ego-free (ausência do ego), e retornam com uma nova perspectiva e profunda aceitação”. O artigo aponta para uma nova onda de estudos com psicodélicos, desde sua proibição em 1970, quando o presidente Ricard Nixon assinou um ato proibindo o consumo, a venda e o uso medicinal de LSD e cogumelos mágicos (psilocibina).
Michael Pollan conta a experiência de um diretor de reportagem de TV americano com câncer avançado, ao participar desses estudos da N.Y.U, ainda em andamento. Ele cita comentários de psicólogos ressaltando que o uso de drogas psicodélicas com esses fins já foi explorado e bem sucedido no passado. Na década de 60, LSD e psilocibina eram drogas legais e fácies de obter nos Estados Unidos, e há estudos, inclusive financiados pelo governo, indicando o sucesso do LSD para tratar alcoolismo e ansiedade acerca do fim da vida.
Os psicoterapeutas que ele entrevistou para sua reportagem se dizem muito contentes com o resultado que a pesquisa tem mostrado e indicam que pacientes com câncer que recebem apenas uma única dose de psilocibina experienciam “imediata e dramática redução em ansiedade e depressão”, estado que perdura por pelo menos seis meses – com apenas uma dose da droga, e que a droga ajuda os pacientes a superarem o medo da morte.
Muitos pacientes com câncer mencionaram sentir como se estivessem nascendo ou parindo durante o experimento. Alguns também descreveram um encontro com seu câncer, resultando na diminuição do poder que a doença tem sobre eles.
A experiência envolve uma espécie de conversa e os pesquisadores acreditam que isso seja responsável pelo efeito terapêutico da droga.
Os voluntários mencionam uma mudança de perspectiva, pois sentem como se pudessem ver as coisas de uma forma mais abrangente, como um astronauta olhando a Terra. Esse distanciamento proporcionaria uma mudança permanente em suas prioridades.
Uma possível explicação que o repórter coloca para o efeito dos pacientes relatarem deixar de temer a morte, é o fato de eles encararem a morte durante a experiência e voltarem com um aprendizado, ou uma informação, em relação a ela. Uma psicoterapeuta afirma que a própria experiência pode ser considerada uma morte, porque o paciente “desprende-se do ego e do corpo, deixando para trás tudo aquilo que é considerado a realidade”.
O neurocientista Robin Carhart-Harris tem feito estudos com a injeção de psilocibina em voluntários e acompanhado seus efeitos no cérebro com equipamentos como a magnetoencefalografia. Ele diz que as formas de consciência que as drogas psicodélicas proporcionam são um estado primitivo de cognição. “O objetivo principal do desenvolvimento do ser humano é o ego, que impõe uma ordem na mente primitiva. A droga inibe o ego, trazendo o subconsciente à tona”, ele diz na reportagem. Carhart-Harris afirma que o estresse existencial acerca do fim de vida se assemelha a um modelo de hiperatividade – pois o ego, com medo de sua dissolução, fica hipervigilante.
Outras universidades que estão encabeçando experimentos desse tipo são a John Hopkins, a Harbour-UCLA Medical Center, a University of New México, a Universidade de Zurich e o Imperial College – em Londres. Em janeiro deste ano, a mais relevante revista médica da Inglaterra, “The Lancelet”, publicou um editorial defendendo pesquisas sobre o uso terapêutico de drogas psicodélicas, “Turn on and Tune in to Evidence-based Psychedelic Research” (“Se ligue e se conecte nas pesquisas psicodélicas baseadas em evidências”). Outro artigo publicado com esse tema é o “Reviving Research into Psychedelic Drugs” (“Revivendo pesquisas sobre drogas psicodélicas”).
Os resultados dos estudos do centro médico da Harbor-UCLA sobre a administração de psilocibina para pacientes com câncer avançado (estágio 4) foram publicados no “Archives of General Psychiatry” (Arquivos de Psiquiatria em Geral”), em 2011, indicando que o uso da droga para pacientes nesse estágio pode ser feito de forma segura e reduzir a ansiedade e a depressão acerca de suas iminentes mortes, segundo artigo da revista do “The New York Times”, “How Psychedelic Drugs Can Help Patients Face Death”(“Como Drogas Psicodélicas podem Ajudar os Pacientes a Encarar a Morte”).
A distinção entre o uso terapêutico e o recreativo de drogas psicodélicas está na forma como a droga é administrada, no acompanhamento médico e terapêutico das seções, que guiam os voluntários em suas “viagens”, e nos critérios de seleção. Rejeita-se quem tem histórico de esquizofrenia e transtorno bipolar na família, por exemplo. A matéria da “The New Yorker” menciona que as reações negativas normalmente associadas ao uso recreativo dessas drogas, como psicose, flashbacks e suicídio, não foram identificadas em nenhuma das 500 administrações da psilocibina na NYU e na Universidade de John Hopkins.
O laboratório da Hopkins está, atualmente, desenvolvendo experimentos sobre o uso de psilocibina na meditação (com o uso de ressonância magnética para acompanhar o processo) e em profissionais religiosos de diversas crenças, para verificar como a experiência com a droga pode contribuir para seus trabalhos.
Segundo a reportagem da “The New Yorker”, a ideia de oferecer drogas psicodélicas aos moribundos foi criada pelo escritor Aldous Huxley. E aqui sigo para a segunda parte desse post. Vamos falar sobre a “mágica” morte de Aldous Huxley.
A morte de Aldous Huxley
 Em 1953, Huxley conheceu a mescalina, uma substância com propriedades alucinógenas extraídas de um cacto mexicano, numa experiência com acompanhamento médico retratada na crônica “Doors of Perception” (“As Portas da Percepção”, editora Globo, 2002), em 1954. A obra inspirou Jim Morrison a nomear sua banda de “The Doors”. Huxley propôs um projeto de pesquisa que estudasse o uso do LSD em pacientes com câncer terminal, na esperança de tornar a morte uma experiência mais espiritual e não apenas fisiológica.
Em 22 de novembro de 1963, mesmo dia em que John F. Kennedy foi assassinado, Aldous Huxley faleceu. Ele tinha 69 anos e uma avançado câncer na laringe. Horas antes de morrer, ele pediu para sua esposa, Laura, injetá-lo com LSD (veja um vídeo com o depoimento dela aqui).
Laura escreveu uma carta ao irmão mais velho de Huxley, contando sobre seus últimos dias e a experiência com a droga nos momentos finais.
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“LSD, 100µg, intramuscular”, conforme o entendimento que Laura teve das letras
Ela diz achar que o uso do LSD tornou a morte de seu marido “pacífica e bonita”. Nas suas últimas quatro horas de vida, ele recebeu duas injeções da droga, junto com sua mulher, que falava para ele seguir adiante, sem medo. “É fácil e você está fazendo isso lindamente, conscientemente e de sua própria vontade. Querido, você está indo em direção à luz”. Laura afirma que as últimas respirações de Huxley foram como uma música terminando “in a sempre piu piano dolcemente”.
“Tenho a sensação de que a última hora de sua respiração só era o reflexo condicionado do corpo, que estava acostumado a isso por 69 anos, milhares e milhares de vezes. Não havia o sentimento de que com o último suspiro, o espírito se foi. Ele estava gentilmente indo embora pelas últimas quatro horas”, Laura diz na sua carta.
A carta foi retratada no livro “This Timeless Moment, a personal view of Aldous Huxley”, escrito por Laura. Pode ser vista em seu formato original nesse link e foi traduzida no livro “Cartas Extraordinárias” (Companhia das Letras, 2014).
Em seu último livro, escrito em 1962, “A Ilha” (Ed. Globo, 2001), Huxley fala sobre a sociedade idealizada de Pala, que vive em uma ilha fictícia em busca da felicidade, com base em conceitos budistas e hinduístas. Os palaneses confrontam diretamente a morte, meditam e fazem sexo tântrico . Eles buscam atingir o nirvana, estado no qual não há mais sofrimento e sente-se a felicidade plena. Utilizam drogas psicodélicas – (chamadas de “moksha”). Laura diz que Aldous estava fazendo o que ele descreveu em “A Ilha”, e teria ficado ressentido pelo livro não ter sido levado a sério e considerado somente uma obra de ficção científica.
O documentário “Huxley sobre Huxley”, veiculado pela TV Cultura com legendas em português, tem Laura Huxley como protagonista e mostra a casa onde ela vivia com o marido, assim como o escritório onde ele trabalhou e morreu.
Os artigos mencionados nesse post apontam que experimentos em andamento sobre a administração de drogas alucinógenas como a psilocibina para pacientes com câncer avançado têm mostrado benefícios e contribuído para diminuir aflições como estresse existencial e depressão sobre a possibilidade de morte iminente. A aprovação do seu uso medicinal, no entanto, não parece estar em discussão, ainda.
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Ilustração de Stephen Doyle para a reportagem “The Trip Treatment” da revista “The New Yorker”


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segunda-feira, 30 de março de 2015

Pais presos por 'sequestrar' filho de hospital dizem que ele se curou de câncer

23/03/2015 09h47 - Atualizado em 23/03/2015 09h49

Pais presos por 'sequestrar' filho de hospital dizem que ele se curou de câncer

Em entrevista a jornal britânico, pai de Aysha King diz que terapia alternativa na República Tcheca, recusada por hospital britânico, fez criança se recuperar até de sequelas.


Os pais do menino britânico Ashya King, que foram detidos em Madri depois de levarem seu filho de um hospital na Inglaterra contra ordens médicas, alegam que a criança, de 5 anos, está curada de um câncer no cérebro.
O caso de Brett e Naghemeh King teve grande destaque na mídia internacional.
Eles eram procurados pela polícia depois de levar Ashya, de 5 anos, do Hospital Universitário da cidade de Southampton e tentar levá-lo para Praga, na República Tcheca, em busca de um tratamento que não estava disponível no NHS, o sistema público de saúde britânico.
Menino britânico Ashya King, antes de ser submetido à primeira sessão de terapia com prótons em Praga (Foto: AP photo/Petr David Josek)Menino britânico Ashya King, antes de ser submetido à primeira sessão de terapia com prótons em Praga (Foto: AP photo/Petr David Josek)
Numa entrevista ao jornal britânico "The Sun", Brett King disse que um recente exame de tomografia computadorizada "não mostrou sinais dos tumores malignos".
Contrariando ordens médicas, eles fugiram do hospital com a criança em agosto passado. Viajaram para a Espanha, mas foram presos a pedido das autoridades britânicas.
Brett e Naghemeh passaram mais de 24 horas na prisão de Soto Del Real, em Madri, mas o pedido de extradição para a Grã-Bretanha foi abandonado pela promotoria depois de as autoridades considerarem o argumento de que a vida de Ashya estava em risco.
Ashya tinha sido diagnosticado com um tumor no cérebro, removido por cirurgiões em Southampton em julho do ano passado. No mês seguinte, ele passou por nova cirurgia. Os procedimentos deixaram sequelas: Ashya perdeu a fala e não conseguia mais comer ou beber sozinho.
Para tentar evitar que o tumor voltasse, os pais do menino queriam que ele fosse submetido à terapia de feixe de prótons. Na ocasião, a direção do Hospital Universitário de Southampton disse que as chances de recuperação do menino com o tratamento regular eram muito boas e de que "não haveria benefícios" com o uso dos feixes de prótons.
Brett e Naghemeh, porém, levaram o menino para a Espanha, onde têm uma casa de veraneio, e arrumaram por conta própria uma sessão de terapia em Praga, no Centro de Terapia de Prótons.
Enquanto os pais estavam detidos na Espanha, o menino ficou sob os cuidados de um hospital da cidade espanhol de Málaga.
Poucos dias depois de os pais de Ashya serem liberados na Espanha, em setembro, o garoto já estava recebendo tratamento com prótons em Praga. Segundo Brett King, o menino voltou a falar e até brinca com o irmão e a irmã num parque perto da casa de veraneio na Espanha, onde se recupera.
"Tudo pelo que passamos nos últimos meses valeu a pena, porque Ashya está se recuperando", afirmou o pai.
















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quarta-feira, 25 de março de 2015

Família se revolta após hospital desligar aparelhos de idosa com morte cerebral



19/3/2015 às 00h21

Família se revolta após hospital desligar aparelhos de idosa com morte cerebral

Parentes e amigos contestam laudo médico do HGE


A Sesab (Secretaria de Saúde do estado da Bahia) confirmou a
morte cerebral da paciente e afirmou que mesmo havendo base jurídica do
Conselho  Federal de Medicina, que afirma
ser legal a suspensão dos procedimentos terapêuticos  quando determinada a morte cerebral, os profissionais
de saúde da unidade, após comunicar o fato a família, buscam um entendimento
para suspender os meios artificiais de sustentação das funções vegetativas, que
são os aparelhos que mantém os outros órgãos da paciente funcionando


Uma família está revoltada com o desligamento dos aparelhos que matinha Maria Dionízia Bispo dos Santos, 60 anos, viva e contesta o laudo médico do HGE (Hospital Geral do Estado), na capital baiana. A aposentada foi internada na unidade médica com AVC (Acidente Vascular Cerebral). Uma semana depois, o coordenador do hospital decidiu desligar os aparelhos da paciente alegando morte cerebral

A Sesab (Secretaria de Saúde do estado da Bahia) confirmou a morte cerebral da paciente e afirmou que mesmo havendo base jurídica do Conselho  Federal de Medicina, que afirma ser legal a suspensão dos procedimentos terapêuticos  quando determinada a morte cerebral, os profissionais de saúde da unidade, após comunicar o fato a família, buscam um entendimento para suspender os meios artificiais de sustentação das funções vegetativas, que são os aparelhos que mantém os outros órgãos da paciente funcionando.
A notícia do desligamento dos aparelhos causou revolta na funcionária pública, que é amiga da família. Ela disse que conversou com o coordenador médico e ele afirmou que a aposentada apresentava morte cerebral, mas segundo a amiga contesta o laudo
- Eu refutei e refuto. Ela apresenta sinais vitais nítidos, inequívocos.
A neta da aposentada afirmou que a avó não estava morta e que ela estava ouvindo.
Já Manuela Brandão, nora da paciente, conta que pediu para a equipe esperar o marido da mulher e os filhos chegarem:

— Ele disse que não, que tinha que desligar os aparelhos.






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Deputados franceses aprovam projeto que prevê coma induzido para doente terminal

SONO ETERNO

Deputados franceses aprovam projeto que prevê coma induzido para doente terminal



Embora a eutanásia continue proibida na França, um projeto de lei pretende, de certa forma, antecipar o fim do sofrimento de doentes terminais. A proposta é autorizar que os médicos induzam o coma em pacientes que têm apenas alguns dias de vida. O texto foi aprovado nessa terça-feira (17/3) pelos deputados franceses, na Assembleia Nacional, e segue agora para análise do Senado.
Pelo projeto, os doentes terminais poderão escolher ficar em coma até que o coração pare de bater. Seria uma forma de esperar a morte sem sentir dor. Permitir a eutanásia ou o suicídio assistido foi uma das promessas feitas pelo presidente François Hollande em 2012, quando foi eleito.
O projeto, aprovado com folga pelos deputados, tem o apoio da maior parte da população. Ainda assim, recebeu críticas dos dois lados. Para os conservadores, colocar um paciente em coma até ele morrer é o mesmo que permitir a eutanásia. Já aqueles que defendem a prática argumentam que o coma não é a morte digna que muitos querem poder escolher ter.








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Jean Wyllys protocola projeto de regulamentação do aborto

Jean Wyllys protocola projeto de regulamentação do aborto

PL 882/2015 permite que interrupção de gravidez seja realizada no SUS até a 12ª semana de gestação

POR 
RIO - O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) protocolou nesta terça-feira o projeto de lei 882/2015, que trata da legalização do aborto. O texto determina que a interrupção da gravidez poderá ser realizada nas doze primeiras semanas, tanto pelo SUS quanto pela rede privada. Após a 12º semana, há outros casos previstos, como em situações de violência sexual ou de riscos à gestante ou ao bebê, desde que comprovados clinicamente.




Deputado assina projeto de regulamentação do aborto - Divulgação

- A interrupção voluntária da gravidez não deve ser tratada como um instrumento de controle de natalidade, mas um direito da mulher a decidir sobre seu corpo. E sua legalização deve ser encarada como uma decisão política de acabar com a morte de milhares de mulheres pobres que recorrem a cada ano ao aborto clandestino pela omissão do Estado – defendeu Wyllys.
O texto do projeto garante que o médico tem o direito de se recusar a realizar o procedimento abortivo se a prática for contrária à sua consciência. Entretanto, o profissional não pode ser recusar caso haja risco para a mulher ou um contexto de urgência.

Na justificativa do projeto, o parlamentar afirma que não há motivo “para que o aborto seguro seja ilegal e as mulheres que o praticam, bem como aqueles e aquelas que as assistem, sejam considerados criminosos ou criminosas (...) O único motivo para isso é a vontade de uma parcela do sistema político e das instituições religiosas de impor pela força suas crenças e preceitos morais ao conjunto da população, ferindo a laicidade do Estado”.


EDUCAÇÃO SEXUAL TAMBÉM EM PAUTA

Um dos pontos do projeto determina que o MEC deverá incluir no sistema educacional tópicos de educação reprodutiva, como métodos contraceptivos e prevenção de DST-HIV, abusos sexuais e gravidez indesejada. Ele cita, ainda, a aceitação e o reconhecimento da diversidade sexual.
O texto determina que a mulher que optar pelo aborto receberá informações acerca dos métodos de interrupção da gravidez, os serviços de saúde para a gestação e parto, e seus direitos trabalhistas vinculados à gravidez, por exemplo. Após cumprida esta etapa, o aborto deverá ser realizado em no máximo três dias.

NÚMEROS DO ABORTO

Na justificativa do PL, Wyllys afirma que há uma estimativa de que entre 729 mil e 1 milhão de abortos inseguros sejam realizados no Brasil anualmente. O texto também cita uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB), segundo a qual uma em cada sete mulheres brasileiras entre 18 e 39 anos já realizou ao menos uma interrupção voluntária da gravidez.
“Na faixa etária de 35 a 39 anos a proporção é ainda maior, sendo que uma em cada cinco mulheres já fizeram pelo menos uma interrupção voluntária da gravidez ao longo da vida”, completa.

BARREIRA NA CÂMARA

O projeto deve encontrar dificuldade para ser aprovado no Congresso. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já se posicionou contra a votação de qualquer projeto de legalização do aborto no Brasil e declarou: “Vai ter que passar por cima do meu cadáver para votar”.
- O presidente da Câmara dos Deputados disse que o aborto só seria discutido na Casa por cima do cadáver dele, então quero dizer ao presidente que hoje estou protocolando um PL que cria uma política pública de garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres para que o Congresso não continue passando por cima do cadáver de muitas delas – disse Wyllys.














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