28/05/2012 10h51
- Atualizado em
28/05/2012 10h51
Boneca 'deficiente mental' provoca polêmica na Suécia
Brinquedo é parte de campanha por "tratamento normal"
a deficientes.
“Queremos ser tratados como todo mundo", diz
comunicado de grupo.
Uma boneca chamada de “retardada real” está provocando polêmica na
cidade de Gothenburg, no oeste da Suécia, desde que foi
lançada como parte de uma campanha para chamar a atenção para o
tratamento dado a pessoas com deficiência mental.
“Me trate como uma retardada real”, diz a embalagem da boneca, criada
pela Cooperativa de Gothenburg para uma Vida Independente (GIL, na sigla
em alemão). “Ela não sua, não faz sexo, não bebe ou vai ao banheiro.
Muito melhor que um retardado normal”, completa o texto.
A boneca feita pela GIL, cooperativa
que presta assistência a pessoas com deficiência mental (Foto:
Reprodução / The Local)
De acordo com o grupo, uma organização sem fins lucrativos que presta
assistência a pessoas com deficiência para que possam viver de forma
independente, a boneca foi criada para estimular as pessoas a pensarem
sobre o tratamento dado a estas pessoas no país.
“É muito comum as pessoas dizerem coisas como: ‘Oh, que ótimo que você
pode comprar sua própria comida!’ Isso faz você se sentir como um total
idiota”, disse o membro da organização Anders Westgerd ao jornal sueco
“The Local”.
De acordo com ele, a controversa boneca, que chegou a lojas da cidade
na quinta-feira, foi criada para criar um debate sobre a atitude
condescendente das pessoas com os deficientes mentais.
“Foram exatamente as pessoas que dizem não ter preconceito que sofreram
o maior ataque de pânico ao ver a boneca. São em geral essas pessoas
que tratam deficientes com um cuidado exagerado”, disse Westgerd.
De acordo com a cooperativa, a boneca foi pensada com característica de
uma pessoa com paralisia cerebral e não para parecer “bonitinha”.
“Nós não somos mais bonitos que ninguém. Nós somos tão estúpidos,
espertos, confiáveis, excitantes e felizes quanto você”, diz um
comunicado divulgado por Westgerd. “Queremos ser tratados como todo
mundo. Se você tem uma enorme necessidade de ser carinhoso com um
deficiente, você pode comprar uma das nossas bonecas em vez disso.”
Embora o grupo diga que só quer motivar o debate, muitos moradores de
Gothenburg acharam a iniciativa despropositada.
“É feia e assustadora. Nós temos pessoas com deficiência em nossa
família e não as tratamos com cuidados excessivos. É simplesmente
negativo. As pessoas simplesmente riem e veem a coisa toda como uma
piada”, disse o casal Rosanna Muller e David Sokolowski a um jornal
local.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
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