Ensaios sobre a velhice é o livro lançado nesta terça pelo Projeto Leis & Letras
(04/11/2014)
| ||
O livro aborda a relação do idoso com a família, direitos, questões referentes à saúde e ao dia a dia, com textos leves, além de sugerir filmes sobre o assunto, conforme esclareceu a professora Maria de Fátima Freire de Sá em entrevista. Se destina aos idosos e a cuidadores, assistentes sociais e familiares. Segundo a desembargadora Taísa Maria Macena de Lima, um dos assuntos tratados é "a difícil passagem da fase laboral para a aposentadoria", quando a pessoa ainda tem vitalidade e não está preparada para isso. Também se refere ao impacto financeiro dessa nova fase, à questão da saúde como um direito que, não raro, tem que ser buscado na justiça e à armadilha dos empréstimos consignados, muitas vezes tomados para ajudar outros membros da família, em situações que constituem abuso. Em entrevista antes de iniciar o evento, a magistrada também questionou a aposentadoria compulsória dos servidores públicos aos 70 anos, mesmo quando vigorosos e com muito a oferecer. A segunda vice-presidente do TRT e diretora da Escola Judicial, desembargadora Emilia Facchini, após compor a mesa de honra junto com as duas palestrantes e o coordenador acadêmico da Escola Judicial, juiz Mauro César Silva, se dirigiu ao público presente. Disse que o conteúdo do livro "toca fibras bem sutis da nossa sensibilidade emocional e intelectual". Após falar de "um delicioso passeio" que a obra propicia sobre diversos aspectos dessa fase da vida, se referiu ao aumento no período de vida produtiva, alcançado nos últimos anos, e aos exemplos de idosos em plena atividade profissional. Para ela, ao se deparar com a abordagem técnica, jurídica e humana do livro, o leitor acaba aproximando o intelecto do seu coração. Ao iniciar sua palestra, a desembargadora Taísa Maria Macena de Lima discorreu sobre a relação do idoso com a família, onde, segundo ela, grande parte das tensões se estabelecem. Na sua opinião, existem diferentes perfis: "o velhinho serelepe" e o idoso que necessita de mais cuidados por estar mais fragilizado para a vida. A autora criticou dois tipos de postura de familiares que considera equivocadas: superproteção e descaso ou abandono. Na sequência, citou o filme hispano-argentino Elsa e Fred, do diretor Marcos Carnevale, que trata de um casal de pessoas de idade que "resolvem viver a própria vida". No fim da sua fala, a desembargadora defendeu a adoção de políticas públicas voltadas para os idosos. A professora Maria de Fátima Freire de Sá defendeu que seja garantida a autonomia para o idoso que está em plena capacidade de discernimento. Abordou o direito que a pessoa tem, nessa idade, de decidir sobre tratamentos ou outras questões referentes à sua saúde, e a possível opção por cuidados paliativos. Defendendo uma relação horizontal entre médico e paciente, a professora acredita que o profissional da saúde deve saber transmitir "verdades" de forma adequada. Após falar da necessidade de cuidados espirituais e emocionais, a palestrante abordou a questão da eutanásia, como uma possibilidade para a qual "não podemos fechar os olhos". Ela recomendou o filme Uma primavera com minha mãe, dirigido por Stéphane Brizè. Ao final do evento, foi exibido um trecho do longametragem Minhas Tardes com Margueritte, do diretor Jean Becker, com a participação de Gèrard Depardieu. (Texto: David Landau / Fotos: Madson Morais) |
-------------------------------------------------------------------
CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
Nenhum comentário:
Postar um comentário