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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Tratamento para reverter Down é testado com sucesso em roedores

Fonte: www.g1.globo.com

04/09/2013 20h14 - Atualizado em 04/09/2013 20h23

Tratamento para reverter Down é testado com sucesso em roedores

Camundongos foram modificados para ter condição similar à síndrome.
Composto garantiu crescimento normal do cerebelo e melhorou memória.

Do G1, em São Paulo
Bebê com síndrome de Down brinca com a mãe (Foto: Kirill Kudryavtsev / AFP)
Bebê com síndrome de Down brinca com a mãe
(Foto: Kirill Kudryavtsev / AFP)
Pesquisadores americanos fizeram testes de um novo tratamento em camundongos com condição similar à síndrome de Down que foi capaz de melhorar o aprendizado e a memória dos animais, além de aparentemente eliminar um efeito comum do distúrbio - o cerebelo com tamanho menor do que o normal.
Segundo a pesquisa, a aplicação de uma única dose de um composto em roedores recém-nascidos fez com que o cerebelo crescesse normalmente, conforme os camundongos ficassem adultos.
Os cientistas, no entanto, disseram ser necessária cautela quanto ao composto, que tem como principal componente uma molécula que ainda não foi testada em pessoas com Down.
Não há certeza sobre a segurança de sua aplicação em humanos, afirmam os pesquisadores.
A pesquisa foi publicada na revista "Science Translational Medicine" nesta semana.
Promessa
Os resultados positivos dos experimentos trazem uma promessa no desenvolvimento de remédios para tratar o distúrbio, que podem ou não incluir a molécula estudada.

"A maioria das pessoas com síndrome de Down tem um cerebelo que é 60% do tamanho normal", disse Roger Reeves, professor da Universidade de Medicina Johns Hopkins, de acordo com uma nota divulgada pela instituição.
"Tratamos os camundongos em condição análoga à síndrome de Down com um composto que acreditamos que pode normalizar o crescimento do cerebelo, e funcionou muito bem. O que não esperávamos eram os efeitos na memória e aprendizado, que são controlados geralmente pelo hipocampo, não pelo cerebelo", afirmou o cientista.


Geneticamente modificados

Pessoas com síndrome de Down, afirma o estudo, em geral possuem três cópias do cromossomo 21 ao invés das duas normalmente encontradas. Como resultado, estes indivíduos possuem cópias extras de mais de 300 genes contidos no cromossomo - os efeitos são problemas intelectuais, traços faciais marcantes e algumas vezes problemas cardíacos e outras consequências para a saúde.

Nos testes, a equipe da Universidade Johns Hopkins utilizou camundongos geneticamente modificados para ter cópias extras de cerca de metade dos genes do cromossomo humano 21, provocando condições similares às da síndrome de Down, como cerebelo menor e dificuldade em aprender sobre como se mover em um labirinto.
O composto foi injetado nos roedores após nascer, enquanto os cerebelos ainda estavam se desenvolvendo. "Nós fomos capazes de normalizar completamente o crescimento do cerebelo até eles atingirem a fase adulta com apenas uma dose", afirmou Reeves.
Mais pesquisas são necessárias para entender exatamente como o tratamento funciona, detalhou o cientista. Em princípio, a análise de certas células do hipocampo ligadas no aprendizado e afetadas pelo Down parecem não ter sido alteradas pela substância, afirmam cientistas.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito

2 comentários:

  1. Sobre a notícia do possível tratamento para reverter a síndrome de down, cabe, no mínimo duas discussões importantes. A primeira, com relação ao motivo que enseja o tratamento: ser a pessoa portadora da Síndrome de Down, um “distúrbio” que na maioria das vezes afeta o desenvolvimento dos que a possuem. Entretanto, não são poucos os estudos que mostram que o discernimento e a capacidade de raciocínio do portador da síndrome podem se desenvolver se houver estímulo e inclusão. A nossa Constituição garante, primordialmente, a dignidade humana, de maneira, que os portadores de Síndrome de Down devem ter igualmente seus direitos respeitados. É certo que eles possuem necessidades específicas, mas isso não justifica sua segregação. Dessa maneira, não fica demonstrado que os fins justificariam os meios, ou seja, a real necessidade uma intervenção para que a Síndrome de Down deixe de existir, ou uma vez portadora, a pessoa seja “curada”. Um segundo problema é que os testes que vêm sendo desenvolvidos, segundo os próprios pesquisadores, não são ainda seguros para sua aplicação em humanos. Por essa razão, e em obediência ao Princípio da Precaução, é que se deve evitar os riscos potenciais que podem vir a surgir em decorrência da aplicação dessa substância em seres humanos. Diante da ausência da certeza científica formal, a existência de um risco sério ou irreversível devem ser previnidos. No campo do Biodireito, o profissional deve pautar sua atuação respeitando esse princípio, além de outros dois, da responsabilidade e da autonomia privada.

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  2. Como a reportagem mesmo diz, ainda é um estudo que deve ser aprofundado, pois não se sabe das possíveis consequências em seres humanos. Assim, sob o manto do princípio bioético da beneficência, no qual procurasse maximizar os benefícios, mas não gerar nenhum mal concomitantemente é necessário cautela ao testar novos procedimentos. Ademais é um técnica que pode melhorar a vida de milhões de pessoas afetadas com a síndrome no mundo e merece atenção dos Estados.

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