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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

ONG holandesa oferece pela internet pílulas para abortar devido ao zika

France Presse
02/02/2016 12h02 - Atualizado em 02/02/2016 12h42

ONG holandesa oferece pela internet pílulas para abortar devido ao zika

'Nosso objetivo é salvar a vida das mulheres', diz Rebecca Gomperts.
Women on Web foi criada em 2005 para apoiar acesso ao aborto seguro.

Da France Presse
Uma ONG holandesa oferece pela internet pílulas gratuitas às mulheres grávidas infectadas com o zika vírus para provocar, se desejarem, um aborto medicinal seguro diante da suspeita de que a doença gera malformações congênitas.
A organização, alarmada pela situação, pede ao governo do Brasil que não intercepte os pacotes enviados "ao menos durante a duração da epidemia de zika". No país, só é permitido interromper gravidez em caso de risco à vida da mãe, quando a concepção foi resultado de um estupro ou quando o feto é anencéfalo.
'Nosso objetivo é salvar a vida das mulheres', diz Rebecca Gomperts (Foto: Women on Waves)'Nosso objetivo é salvar a vida das mulheres', diz Rebecca Gomperts (Foto: Women on Waves)
"O zika vírus está se espalhando para a maioria dos países onde o aborto é muito restrito", explicou à AFP Rebecca Gomperts, fundadora e diretora do Women on Web.
"Ficamos preocupados que isso provoque o aumento de abortos inseguros. Realmente nos preocupamos com a saúde e a vida das mulheres e queremos garantir que as mulheres tenham acesso a um bom aborto medicinal", acrescentou Gomperts.
Na segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o zika vírus é o principal suspeito da multiplicação de malformações congênitas na América Latina e declarou uma emergência de saúde mundial.
Gomperts disse que as mulheres que temem que seus filhos nasçam com malformações podem entrar no site www.womenonweb.org para uma consulta on-line gratuita.
A página do site possui opções em vários idiomas, incluindo inglês, francês e espanhol.
A mulher interessada que se conecta ao site é direcionada a "um doutor habilitado que poderá fornecer a ela um aborto medicinal", afirma a Women on Web.
A mulher completa um questionário on-line e se "não há contraindicações" é enviado "o aborto medicinal (com as pílulas Mifepristone e Misoprostol)", explica o site, que aponta três condições para que a ajuda seja concretizada.
Viver "em um país no qual o acesso ao aborto seguro está restrito", "gravidez de menos de 9 semanas" e não sofrer "nenhuma doença grave", explica o site.
Um "aborto medicinal" é uma combinação de duas pílulas diferentes para desencadear uma interrupção de gravidez não cirúrgica, explicou Gomperts.
A Women on Web foi criada em 2005 para apoiar o acesso ao aborto seguro em todo o mundo.
Atualmente recebe cerca de 10mil mensagens de e-mail mensais pedindo assessoramento.
"Nosso objetivo é salvar a vida das mulheres", insiste Gomperts, que não quis revelar quantos pacotes de aborto medicinal envia por mês.
Com mais de 1,5 milhão de pessoas contagiadas desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido da Colômbia, que no sábado informou sobre mais de 20.000 casos, 2.000 deles em mulheres grávidas.
O Brasil, com 4.000 casos suspeitos de microcefalia, também é o maior país católico do mundo por população e impõe restrições rígidas sobre o aborto.
Entre estas restrições figura a interceptação dos pacotes que contêm as pílulas para um aborto medicinal, indicou a Women on Web.
Por esta razão, a ONG pede ao governo brasileiro a suspensão da medida, "ao menos durante a duração da epidemia de Zika", disse sua diretora, que também demonstrou preocupação pela atitude dos correios de Colômbia e Guatemala, que podem atrasar a chegada dos pacotes.


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