Cresce doação de órgãos no Brasil, mas rejeição de famílias ainda é alta
Foram 7.898 órgãos doados no ano passado, segundo associação.
Taxa de negativa familiar para transplante foi de 46%
O Brasil registrou crescimento nas doações e
transplantes de órgãos em 2014, de acordo com levantamento da Associação
Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) divulgado nesta segunda-feira (23).
Foram 7.898 órgãos doados no ano passado, 3% a mais que em 2013.
A taxa de doadores também subiu de 13,5 por milhão de
pessoas para 14,2 por milhão, no entanto, ficou abaixo da meta proposta pela
associação para 2014, que era de 15 por milhão. Além disso, o índice está longe
da alcançar o objetivo de 20 doadores por milhão pessoas até 2017.
Para se ter ideia, na Espanha, considerado o país que
mais registra transplantes, a taxa é de 37 por milhão.
De acordo com Lucio Pacheco, presidente da ABTO, a má
distribuição das equipes que realizam transplantes pelo Brasil pode ser uma das
respostas esta dificuldade.
Segundo o Ministério da Saúde, que coordena o Sistema
Brasileiro de Transplantes, há mais de mil equipes preparadas para realizar
cirurgias distribuídas pelo Brasil e 400 unidades prontas para atuarem nessa
área.
Mas para Pacheco, há uma concentração desse tipo de mão
de obra no Sul e Sudeste e quase nenhum ou nenhum no Norte, Nordeste e
Centro-Oeste. “Enquanto em São Paulo há 20 equipes para realizar cirurgias de
fígado, o que é muito, em Minas Gerais há apenas 3. Em outros estados mais
longes, não há”, explica.
Rejeição das famílias
Outro problema que dificulta a realização dos
transplantes é a falta de autorização da família para a cirurgia. Medida pela
chamada "taxa de negativa familiar", o índice em 2014 ficou em 46%,
apenas 1% menor que em 2013.
Em alguns estados, o percentual de famílias que não
aceitam que um parente doe seus órgãos é ainda maior. Em Goiás, por exemplo, o
valor salta para 82%. Em Sergipe, para 78% e no Acre 73%.
“O brasileiro é muito mais solidário que isso. Não
sabemos ao certo o que provoca esse alto índice, se é a falta de preparo das
pessoas na abordagem das famílias logo após a constatação da morte [cerebral ou
não] ou se é a desconfiança do serviço público de saúde”, explica.
Pacheco complementa que é preciso reverter tal situação
com mais campanhas educacionais, que mostrem à população o que é a doação de
órgãos, explique a morte cerebral e tire dúvidas relacionadas ao sistema de
transplantes.
“É importante entender a doação de órgãos como um papel da sociedade civil. Hoje você pode não estar precisando, mas no futuro, você pode ir para a fila de espera”, conclui.
“É importante entender a doação de órgãos como um papel da sociedade civil. Hoje você pode não estar precisando, mas no futuro, você pode ir para a fila de espera”, conclui.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
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