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terça-feira, 3 de junho de 2014

Vigorexia: 7 dúvidas sobre a obsessão pelo corpo perfeito

Tempo de Mulher | Por Patricia Gattone

7 dúvidas sobre vigorexia, a busca obsessiva pelo corpo perfeito


7 dúvidas sobre vigorexia, a busca obsessiva pelo corpo perfeito - 1 (© Foto: Thinkstock)
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Por MADSON MORAES

A busca pelo corpo perfeito não é exclusividade feminina. Jovens e adultos malham durante horas para garantir seus músculos, e detalhe: quase nunca se sentem satisfeitos com o corpo e a imagem que conquistam. Um estudo realizado em Minnesota (Estados Unidos) com 1.307 adolescentes e publicado no jornal americano "Pediatrics", em novembro de 2012, revelou que 90% deles se exercitam apenas para ganhar músculos.
Estes jovens que cultuam a forma física em excesso e que fazem de tudo pelo corpo perfeito, desrespeitando ainda o "mente sã, corpo são", podem sofrer de um distúrbio chamado 'vigorexia'. A pessoa que tem esse problema nunca está satisfeita com sua imagem corporal. Devido a isso, o treinamento ou musculação se torna uma obsessão prejudicando as saúdes física e mental.
No mundo dos famosos, por exemplo, o site britânico "Daily Mail" levantou recentemente a hipótese de que a rainha do pop, Madonna, pode sofrer desse exagero na musculação e dieta, uma vez que ela malharia horas por dia e seis vezes por semana. Embora tenham a mesma raiz, a distorção da imagem corporal, a vigorexia é o oposto da anorexia. Enquanto esta faz com que as meninas se olhem e se sintam sempre gordas, os vigoréxicos já têm uma musculatura bem definida, mas sempre se acham magros e fracos e, por isso, vivem na academia.
O diagnóstico das pessoas com vigorexia pode ser identificado a partir de comportamentos típicos, como treinamento excessivo, distorção da imagem corporal, baixa autoestima e as modificações preocupantes na dieta, além da tendência a se automedicar. Sem contar que os vigoréxicos fogem de situações nas quais o corpo possa ser exposto, desistindo de atividades sociais.
O transtorno, explica Cezar Vicente Jr, nutricionista especialista em transtornos alimentares, que trabalha no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em São Paulo, é conhecido como 'dismorfia muscular' ou 'bigorexia'. O termo tem origem nas palavras "vigor", que significa força; e "Oréxis", que significa fome, apetite. Daí que o sentido de vigorexia pode ser entendido como "o apetite por ficar cada vez mais forte".
A vigorexia foi recentemente incluída no novo manual de psiquiatria americano (DSM-V, 2013) e classificada como um subtipo do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), um problema de saúde mental relacionado com a imagem corporal. "Ainda existem poucos estudos sobre o tema e por isso há dificuldades para avaliar a prevalência de vigorexia na população. Entretanto, os que existem mostram que a maioria dos vigoréxicos são homens, mas pode ocorrer em mulheres também", explica Cezar, membro do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares (Genta).
1) Como um vigoréxico se vê? A doença acomete mais homens ou mulheres?
'O jeito como uma pessoa com vigorexia se enxerga tem relação importante com a quantidade de massa muscular. Geralmente a pessoa se enxerga com pouca ou insuficiente quantidade de massa muscular, que pode ser generalizada ou em específicas partes do corpo. Num estudo clássico de 1993, foi realizada uma avaliação em fisiculturistas e 8,3% deles descreviam-se como fracos e pequenos quando, na realidade eram musculosos', explica Cezar Vicente Jr, nutricionista especialista em transtornos alimentares e membro do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares (Genta).

2) Quais sinais associam alguém à vigorexia?
Os sinais são: comer mais para 'ficar grande', especialmente carnes, peixes e ovos; ingerir suplementos de proteína diariamente;, exercitar-se em excesso ou fazer musculação durante várias horas por dia; não participar de eventos com a família ou amigos para treinar; recusar-se a descansar adequadamente entre as sessões de treino, mesmo que isso implique em problemas de saúde ou lesões; além de insistir que é fraco mesmo sendo muito musculoso. Sem contar nas mudanças bruscas de humor.

3) Vigoréxicos se pesam e se olham no espelho diversas vezes ao longo do dia?
'Não necessariamente. A grande preocupação é com a forma corporal e não com o peso. Mas quem tem vigorexia pode, por exemplo, medir com frequência algumas regiões do corpo (braço com fita métrica etc)', explica Cezar.

4) Os padrões exigentes de beleza são determinantes para a vigorexia?
Para o especialista em transtornos alimentares, o padrão de beleza não é determinante porque muitas pessoas são expostas, mas nem todas desenvolvem um transtorno. Mas Cezar ressalta, 'o padrão de beleza exigente (tanto para homens como mulheres) é um fator de extrema importância para o surgimento dessa doença'.
Ele lembra ainda que, de acordo com alguns estudos, por exemplo, bonecos como os do 'Falcon' e 'X-Men' tiveram um aumento significativo na quantidade de músculos se comparados com as versões dos anos 60/70. O mesmo acontece quando comparamos personagens comuns do universo masculino, como o Super-Homem, Hulk, Liu Kang (do game Mortal Kombat), entre outros.
'Os músculos são sinônimos de força e têm uma relação importante com o significado de 'ser homem'. Força nesse contexto não tem apenas um significado físico, mas também uma série de outros significados relacionados ao caráter, disciplina, em não demonstrar sentimentos etc. Acredito que esse seja o principal ponto para a dificuldade de detectar e tratar a vigorexia', avalia Cezar Vicente Jr.

5) Que problemas a vigorexia pode trazer em longo prazo, se não detectada?
A vigorexia pode causar intenso sofrimento psíquico, lesões em articulações e músculos, cansaço, entre outros sintomas. Dependendo do suplemento utilizado, as consequências podem ser desde taquicardia até problemas nos rins. E caso a pessoa utilize esteroides anabolizantes, as consequências são ainda mais graves como manchas vermelhas pelo corpo, especialmente nos ombros e costas. Além disso, sofrerá com alterações de humor bruscas como raiva, agressividade e depressão, alucinações e medo/desconfiança extrema.
Sem contar os problemas físicos como o crescimento excessivo do tecido mamário; cabelos finos; coloração da pele amarelada; alterações de apetite (perda, diminuição ou aumento); modificação no padrão de sono ou insônia; tontura; tremores; náuseas e vômitos; um rápido ganho de peso ou da massa muscular; aumento da pressão sanguínea; e diminuição do desempenho sexual. Pode gerar ainda o aumento do risco de doenças do coração, acidente vascular encefálico (derrame) e câncer.

6) Quais aspectos são levados em consideração na hora do diagnóstico?
'Grande preocupação com o corpo; achar que nunca está suficientemente musculoso; desistir com frequência das atividades sociais para manter a rotina de exercícios e/ou dieta para hipertrofia (aumento do tamanho da fibra muscular); e fazer uso de substâncias para ganhar massa muscular (suplementos, esteroides anabolizantes, etc.) independente dos seus efeitos colaterais. Além de evitar situações em que o corpo será exposto ou apresentar grande sofrimento nessas situações', explica o nutricionista Cezar Vicente, especialista em transtornos alimentares e membro do Genta.

7) Como se trata alguém com vigorexia?
O tratamento sugerido é multidisciplinar, sendo recomendado um acompanhamento com nutricionista, educador físico, psicólogo e médico. O nutricionista ressalta, no entanto, que é muito difícil que pessoas reconheçam que devem se tratar ou até mesmo que sejam tratadas por profissionais. Isso porque 'esculpir um corpo' com atividades físicas e dieta são comportamentos considerados saudáveis pela sociedade.
'É imprescindível se dar conta de que, mesmo os comportamentos saudáveis (como alimentar-se de forma adequada e praticar atividades físicas), podem causar doenças, especialmente quando são praticados de forma obsessiva e perfeccionista. Além do mais, homens procuram menos os serviços médicos do que as mulheres, e falam menos sobre sofrimento interno', adverte Cezar.



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