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segunda-feira, 29 de junho de 2015

O quanto de direito cabe a nós diante de nossa própria vida?


Nota de esclarecimento: Existe uma diferença entre Suicídio Assistido e Eutanásia, esta será esclarecida ao longo da entrevista.


















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"Meu marido se transformou em uma mulher – e isso salvou nosso casamento", diz americana

24/06/2015 06h00 - ATUALIZADA EM: 24/06/2015 13h19 -

 por Redação Marie Claire

“Digo às pessoas que sou uma lésbica heterossexual. Me casei hetero, mas agora estou casada com uma mulher. Mas continuo amando a mesma pessoa”, diz Jonni sobre a transição do marido de David para Angela. Em julho, elas completam 49 anos de casadas



ANGELA (À ESQUERDA) E JONNI PETTIT COM SEUS NETOS NO NATAL DE 2011 (Foto: Reprodução Facebook)
ANGELA (À ESQUERDA) E JONNI PETTIT COM SEUS NETOS NO NATAL DE 2011 (FOTO: REPRODUÇÃO FACEBOOK)
Em 1965, David Pettit, um jovem segundo-tenente da Força Aérea norte-americana, foi apresentado à Jonni, filha de seu comandante, que o encorajou a chamá-la para sair. Os dois viviam em Novo México, nos Estados Unidos. Horas antes do primeiro encontro, o rapaz decidiu abrir um biscoito da sorte que dizia: “Você e sua esposa serão muito felizes.”

A previsão se concretizou, mas não sem que o casal passasse por uma enorme transformação da qual saíram fortalecidos. David se assumiu transgênero - e salvou o relacionamento que já dura quase 50 anos.
“David, ele ainda era David na época, era perfeito. Ele ficava lindo no uniforme, era divertido e inteligente – e ainda beijava muito bem”, contou Jonni, 68, em entrevista ao site Good Housekeeping.

A paixão foi tão imediata que, seis meses após o primeiro encontro, eles se casaram. Cinco anos depois, nasceu a primeira filha do casal, Audra.

Cansada de passar meses distante do marido, que viajava muito a trabalho, Jonni tomou uma decisão radical: ela e a filha se juntariam a ele nas próximas missões oficiais.
“Durante uma delas, o avião dele não voltou”, relembra. “Eu fiquei na pista esperando, mas ele não apareceu por três dias. Para mim, foi o momento no qual tive a certeza de que eu não poderia viver sem ele. Nossa história não podia acabar tão rápido. Se ele voltasse pra casa, nada mais nos separaria.”

David só voltou quando a Guerra do Vietnã terminou, em 1975. A partir de então, Jonni começou a notar algumas mudanças no comportamento dele. “Ele se transformou em uma pessoa fechada, pouco comunicativa e muito compulsivo com relação à nossa casa. Nós costumávamos sair, nos divertir e rir juntos. Tudo isso desapareceu. Eu amei o meu marido e nós tivemos uma ótima vida sexual. Mas eu simplesmente não conseguia mais arrastá-lo para fora de casa. Foi difícil, eu não sabia o que estava acontecendo.”

Foi só em 1984, depois da aposentadoria dele, que todo o mistério foi desfeito. “Uma noite, depois do jantar, em lágrimas, ele finalmente deixou escapar um segredo que carregava há anos. Desde os três anos, David se sentia diferente dos meninos da sua idade.”



“Isso foi no final dos anos 1940, início dos 1950. Transgênero nem fazia parte da nossa linguagem”, explicou Angela, 72, nome adotado legalmente por David. “Então, me peguei pensando, ‘Bom, eu gosto de mulher’. Sempre gostei de meninas. Entretanto, não me sinto como o típico homem conquistador. Eu realmente me sentia bem quando vestia roupas de femininas.”

Na mesma noite, Angela  confessou à esposa que precisava, a partir daquele momento, se vestir como mulher. A princípio, Jonni se viu atordoada. Mas foi o seu amor pelo marido que lhe estimulou a descobrir uma maneira de fazer o casamento funcionar.
DAVID E JONNI PETTIT EM SEU CASAMENTO, EM 1966 (Foto: Reprodução Marie Claire US)
DAVID E JONNI PETTIT EM SEU CASAMENTO, EM 1966 (FOTO: REPRODUÇÃO MARIE CLAIRE US)


UMA NOVA COMPREENSÃO
Em 1997, o casal decidiu dar início a uma terapia. Uma das questões que tinham par trabalhar com a terapeuta era a raiva sentida por Jonni. Mas não era algo sobre a transição de seu companheiro e, sim, sobre o fato de Angela insistir para que a esposa se vestisse de uma maneira cada vez mais feminina.

“Quando David estava em seu estágio mais compulsivo, nós nunca brigamos sobre dinheiro ou sobre a criação da nossa filha, mas sempre discutíamos sobre a minhaaparência. Ele queria que eu me vestisse com babados e com um estilo mais girly. Eu encarava isso como uma crítica. Durante a terapia, nós finalmente descobrimos que ele estava projetando em mim tudo o que gostaria de ser.”
Para Angela, o acompanhamento profissional lhe permitiu descobrir o seu verdadeiro eu. “Eu acordava cedo, vestia minhas roupas femininas, lia o jornal, tomava café e escovava os dentes”, conta. “Depois, eu me trocava novamente, colocava minhas roupas masculinas e saia para dar aula. Assim que chegava em casa, trocava as minhas roupas pelas de mulher. Viver como um homem pela manhã era como atuar, não era algo natural para mim.”

Foi só em 1999, que David finalmente escolheu o nome Angela e passou a tomarhormônios femininos. “A medida que entendi que David realmente precisava ser uma mulher, senti que poderíamos seguir em frente, porque eu queria ter a pessoa que eu amo de volta”, declarou Jonni. “Com os hormônios, ele voltou a ser quem era, risonho e pronto para fazer parte do mundo de novo.”

No ano que se seguiu, o casal precisou passar por diversas adaptações e deu a notícia aos parentes. “Entre as mudanças estava até a mudança do gosto do beijo dela e do cheiro da sua pele”, disse Jonni sobre Angela.

“Certa noite, eu acordei de um sono profundo achando que tinha alguém novo na minha cama. Essas pequenas coisas com as quais você se acostuma sobre as pessoas próximas não estavam mais lá. Mas nós rimos muito sobre tudo isso depois.”

A família, incluindo a filha do casal, aceitou toda a transformação com muito amor. No início, tiveram algumas dúvidas, mas diante da certeza do sentimento que sentiam uma pela outra, entenderam que seguiam no caminho certo. “Fomos muito abençoadas, porque muitos transexuais perdem a família toda”, disse Jonni.

A VIDA COMO DUAS MULHERES
Pouco tempo depois, em janeiro de 2001, Angela se submeteu a uma cirurgia completa de mudança de sexo. E tem sido uma ada
ptação constante, admite Jonni. “Eu tive mais problemas com os seios dela do que com a mudança genital”, revela. “Eu estava acostumada a colocar a cabeça nos ombros dela antes de dormir. Esse era o meu lugar, mas agora existem peitos lá. Mas nós também temos nos divertido muito sobre as descobertas sexuais. Temos mais rido do que chorado.”

E sobre o fato de as pessoas as considerarem lésbicas, Angela é categórica: “Nós começamos um relacionamento como marido e mulher. Embora agora eu seja uma mulher muito feliz, não me sinto bem dizendo que sou lésbica.”

“Eu digo às pessoas que sou uma lésbica heterossexual”, brinca Jonni. “Me casei hetero, mas agora estou casada com uma mulher. Então, claro que sou lésbica. Mas continuo amando a mesma pessoa.”



A trajetória das duas tem implicado em alguns impedimentos legais, como a dificuldade de manter a pensão militar, já que as Forças Aéreas não oferecem benefícios aos cônjuges de transexuais. “Troquei meu nome, mas deixei meu sexo como masculino”, explica Angela. “Caso contrário, Jonni perderia o convênio médico. Eu realmente não me importo, desde que ela esteja bem.”

Elas se apoiaram ainda mais quando Jonni foi diagnosticada com câncer de mama, em outubro de 2009, e teve que passar por cirurgia seguida de quimioterapia e radioterapia. Angela permaneceu ao lado dela durante todo o tratamento. “Teria sido muito mais difícil sem ela”, admite Jonni.

“Por ter sido um homem careca, tive que usar perucas desde a minha transição – então, quando o cabelo de Jonni comelou a cair, nós nos divertimos comprandoperucas juntas”, conta Angela. “Aprendi que a Jonni é muito mais forte psicologicamente do que muitas pessoas. Ela é uma guerreira.”

Elas completam 49 anos de casado em julho e reconhecem o quão rara é a relação que têm. A maioria dos casais acabam se separando. “Muitas mulheres se sentem enganadas ou ressentidas, acham que perderam seus maridos”, diz Jonni. “Eu ganhei. Sou grata por ser a esposa da Angela, porque tive de volta a pessoa que sempre amei. Somos abençoadas.”

E Angela acrescenta: “Nós ainda estamos juntas, cuidando bem uma da outra e nos amando. Há um sentimento de contentamento, conforto e alegria.”








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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Caso a caso, Supremo do México autoriza casamento gay mesmo sem lei


Caso a caso, Supremo do México autoriza casamento gay mesmo sem lei

Sua igreja o repudiou, sua família o aconselhou a não lutar publicamente por seu objetivo e o governo do seu Estado jurou que isso nunca aconteceria.
Mas aconteceu.
Hiram Gonzalez se casou com seu namorado, Severiano Chavez, no ano passado em Chihuahua, que, como a maioria dos Estados mexicanos, oficialmente permite apenas o casamento entre um homem e uma mulher.
Rebecca Blackwell-28.jun.14/AP
Pessoa fantasiada segura bandeira do orgulho gay em parada na Cidade do México
Pessoa fantasiada segura bandeira do orgulho gay em parada na Cidade do México
Nos últimos meses, contudo, eles dois e dezenas de outros casais gays encontraram um aliado poderoso: o Supremo Tribunal mexicano.
Em uma decisão após outra, o Supremo vem considerando discriminatórias as leis que limitam o casamento a heterossexuais. Embora não tenham tido grande repercussão pública, as decisões têm o efeito de legalizar o casamento gay no México, sem que ele tenha sido oficializado na forma de lei.
"Quando ouvi o juiz nos pronunciar legalmente casados, chorei", contou Gonzalez, 41 anos. Como acontece com quase todos os casais homossexuais que se casam no México, ele e Chavez precisaram de uma ordem judicial.
Enquanto os Estados Unidos aguardam uma decisão da Suprema Corte sobre o casamento gay, as decisões do Supremo mexicano incluíram esse país numalista lentamente crescente de países latino-americanos que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O casamento gay já é permitido no Brasil, Uruguai e Argentina. O Chile pretende reconhecer a união civil gay este ano, o Equador a aprovou em abril, e a Colômbia garante aos casais gays muitos dos mesmos direitos previstos aos casais heterossexuais casados.
"É uma mudança enorme em relação a dez anos atrás", comenta Jason Pierceson, professor da Universidade do Illinois em Springfield e estudioso das tendências do casamento gay na América Latina.
A mudança de postura no México, segundo maior país da América Latina, depois do Brasil, é decorrência de uma estratégia legal empregada por defensores da causa gay para passar ao largo dos Legislativos estaduais, que têm demonstrando pouca tendência a legalizar o casamento gay, quando não hostilidade à ideia.
Em 2009, a Cidade do México, que é o Distrito Federal e forma uma grande ilha liberal no país socialmente conservador, legalizou o casamento gay, numa iniciativa pioneira na América Latina. Desde então foram celebrados 5.297 casamentos entre pessoas do mesmo sexo na cidade. Alguns dos casais vieram de outros Estados para se casar.
Dos 31 Estados mexicanos, apenas um –Coahuila, perto da fronteira com o Estado norte-americano do Texas– já legalizou o casamento gay. Um segundo, Quintana Roo, o Estado onde fica Cancún, autoriza as uniões civis gays desde 2012, quando defensores dos direitos dos gays observaram que o código civil estadual referente ao casamento não estipula que o casal seja formado por um homem e uma mulher.
Na maior parte do resto do país, o casamento é definido legalmente como uma união entre um homem e uma mulher. São leis que podem continuar a valer, não obstante as decisões do Supremo.
Em 2010 o Supremo Tribunal manteve a lei da Cidade do México e definiu que outros Estados são obrigados a reconhecer os casamentos celebrados na capital.
Os defensores do casamento homossexual enxergaram uma oportunidade de usar as decisões do Supremo para alegar que as leis de casamento vigentes em outros Estados são discriminatórias.
Levando em conta as decisões internacionais e os tratados contra a discriminação firmados pelo México, o Supremo Tribunal vem concordando sempre, concedendo ordens judiciais em casos individuais para permitir que casais gays se casem nos Estados em que a lei proíbe esse tipo de união.
Um avanço importante foi conquistado este mês, quando o Supremo Tribunal ampliou suas decisões, decretando que qualquer lei estadual que limite os casamentos aos heterossexuais é discriminatória.
"Como a finalidade do matrimônio não é a procriação, não existe razão justificada por que a união matrimonial tenha que ser heterossexual ou que se declare que ela acontece apenas entre um homem e uma mulher", diz a decisão do tribunal. "Tal declaração se revela discriminatória em sua simples expressão."
Mas a decisão não derruba automaticamente as leis estaduais referentes ao casamento. Contudo, permite que os casais gays cujo direito de se casar não é reconhecido em seus Estados busquem mandados judiciais de juízes distritais, que, agora, são obrigados a concedê-los.
No caso de Gonzalez, o Supremo Tribunal já tinha decretado anticonstitucional a lei vigente no Estado de Chihuahua. Com isso, o casal pôr obter um mandado judicial, de modo que seu casamento pudesse acontecer.
Representantes estaduais de Chihuahua juraram que jamais vão legalizar o casamento gay, e Gonzalez contou que foi expulso de sua igreja local por ser gay.
Ele e seu marido se recusaram a ir à Cidade do México para se casar, dizendo que acham que têm o direito de se casar no Estado onde pagam seus impostos.
Para Gonzalez, o princípio é importante.
"Não é apenas a batalha legal, mas tudo o que ela envolve –a tensão emocional e física do processo", disse Gonzalez. "Em última análise, lutamos por nossa dignidade."
Alfredo Estrella-2.jun.2102/AFP
Multidão participa de parada gay no México; Supremo aprova caso a caso o casamento gay no país
Multidão participa de parada gay no México; Supremo aprova caso a caso o casamento gay no país
O advogado Alex Ali Mendez defende os direitos dos gays e em 2012 aceitou um processo envolvendo três casais do Estado de Oaxaca, usando os argumentos do Supremo Tribunal para contestar a lei desse Estado.
O tribunal decidiu em favor do casal, uma decisão inusitada no âmbito estadual.
"Abrimos a porta em Oaxaca e agora a estamos fazendo em outros Estados", disse Mendez.
Ainda restam obstáculos burocráticos e às vezes hostilidade.
Os cartórios que seguem as leis estaduais ainda podem barrar casais gays que buscam se casar.
Cabe aos casais apelar aos tribunais, em um processo que pode custar US$1.000 (cerca de R$3.100) ou mais e arrastar-se por meses. Embora os defensores dos direitos dos gays estejam divulgando os avanços conquistados, muitos casais gays ainda não sabem que contam com recursos legais fortes se quiserem se casar.
O advogado Mendez, que atua nesses processos, disse que o passo seguinte no processo legal será compilar um número suficiente de mandados judiciais em cada Estado para alcançar um patamar com o qual o Supremo Tribunal poderá exigir que os Legislativos estaduais reescrevam suas leis.
Mas especialistas dizem que o México já chegou a um momento divisor de águas.
"Tudo indica que haverá mais igualdade de casamento no México no futuro próximo", comentou Pierceson. "Não sabemos se haverá uma reação contrária ou protestos visando barrar o casamento gay."





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EUA começam a rever sistemas de punição para "predadores sexuais"

DOENÇA CONTROLÁVEL

EUA começam a rever sistemas de punição para "predadores sexuais"


19 de junho de 2015, 11h41

No final da década de 80, começo da década de 90, os crimes contra a liberdade sexual se tornaram tão frequentes, nos EUA, que quase todos os estados passaram leis duras, muitas vezes classificadas de “cruéis” (e, portanto, inconstitucionais) para preveni-los.
Alguns estados aprovaram a castração química, enquanto 20 outros criaram programas que permitem segregar o criminoso sexual da sociedade por tempo indefinido — isto é, depois de cumprir sua pena na prisão, a pessoa é imediatamente transferida para uma instituição de tratamento, com todas as características de uma prisão, de onde não sai até que haja certeza total de que não voltará a cometer o crime.
Em Minnesota, mais de 700 “pacientes”, que foram “encarcerados” no instituto de tratamento, desde que o programa foi criado em 1994, jamais foram libertados. Uma ação coletiva, movida por 14 delas, poderá mudar esse quadro para todos os internos.
Na quarta-feira (17/6), o juiz Donovan Frank, de um tribunal federal em St. Paul, decidiu que a lei que criou esse programa no estado é inconstitucional, porque “viola os direitos fundamentais dos condenados por crime sexual”. Para ele, “esse esquema é um sistema punitivo que segrega uma classe de indivíduos potencialmente perigosos, sem as salvaguardas do sistema de justiça criminal”.
“É fundamental para nossa noção de sociedade livre que não encarceremos cidadãos porque tememos que eles podem cometer um crime no futuro”, ele escreveu em sua decisão de 76 páginas. Sobre a estrutura e história do programa, ele disse que, como está, nenhum dos internos pode ter “uma esperança realista de algum dia sair dessa detenção civil”.
A opinião do juiz não convence os políticos e eleitores conservadores, que preferem se livrar dos “predadores sexuais” para sempre. Mas tem o apoio, em parte, de autoridades estaduais, que estão preocupadas com o custo da manutenção do sistema — não com alternativas para os condenados.
Para eles, o melhor argumento do juiz foi o de que o custo de segregar os “predadores sexuais” em instituições chamadas de tratamento é realmente significativo. Em Minnesota, o custo para manter uma pessoa na instituição é de quase US$ 125 mil por ano — pelo menos três vezes o custo de manter um prisioneiro no sistema penitenciário. No geral, o programa custa ao estado US$ 80 milhões por ano.
Doença controlável?
O juiz tem um apoio maior de psicólogos, psiquiatras e de algumas organizações que acreditam que algumas alternativas ao encarceramento contínuo podem trazer bons resultados. Para eles, a ideia prevalecente há algumas décadas, de que os predadores sexuais são pessoas ruins, não doentes, mudou. Hoje se acredita que essas pessoas sofrem de uma doença neurológica, que pode ser tratada preventivamente e, com isso, evitar a reincidência.

O suporte a essa teoria deriva, principalmente, de um estudo, de 2007, do Centro de Prevenção da Violência, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia, de acordo com o jornal The Christian Science Monitor.
O estudo concluiu que os predadores sexuais são significativamente mais propensos a sofrer de alguma doença mental, do que um cidadão comum. Esses criminosos são cinco vezes mais hospitalizados por esquizofrenia e outros distúrbios psicóticos. E 30 vezes mais propensos a serem diagnosticados com distúrbio de personalidade. E, ainda, correm mais riscos de dependência química ou de álcool.
“Identificar e tratar esses distúrbios reduz significativamente o risco de os predadores sexuais voltarem a praticar o crime”, escreveu o psiquiatra Seena Fazel, principal pesquisador do estudo.
A diretora do Instituto para o Bem-Estar Sexual de Massachusetts, Renee Sorrentino, disse ao jornal que uma alternativa eficaz para manter os predadores sexuais sob controle é utilizar o Lupron, um agente hormonal usado para tratar pedófilos. “No caso deles, o medicamento é muito eficiente, porque permite aos pedófilos continuar vivendo suas vidas sem sentir desejo por crianças”.
Ao contrário da castração química, obrigatória em alguns estados para criminosos sexuais reincidentes, o Lupron não causa disfunção sexual. “A capacidade de manter a função sexual é importante para o criminoso sexual que queira, algum dia, manter um relacionamento adulto saudável”, ela disse.
Para Renee Sorrentino, pessoas que não se envolvem em relacionamentos saudáveis se tornam de alto risco. Se forem rejeitados, é ainda pior. Esse costuma ser o caso dos criminosos sexuais que recebem um outro tipo de punição nos EUA. As autoridades enviam aos moradores, de quando em quando, um e-mail como nomes e fotos de “predadores sexuais em sua área”. As escolas também enviam aos pais dos alunos informes semelhantes.
Diante disso, os ex-condenados têm dificuldade para alugar uma residência, não encontram empregos e se tornam moradores de rua, com gana para o crime.
“Os predadores sexuais se tornam menos perigosos se encontram algum relacionamento próximo ou suporte”, diz Renee Sorrentino. E esse foi o caminho encontrado pela organização canadense Círculos de Suporte e Responsabilização (COSA – Circles of Support and Accountability). A COSA, começou a funcionar em 1994 em uma igreja e seu modelo se espalhou por todo os Estados Unidos e pela Europa.
A organização faz reuniões de ex-condenados e pessoas com tendências a cometer crime contra a liberdade sexual com pessoas normais, voluntários que dedicam tempo para conversar com eles, trocar ideias e informações e, enfim, se relacionar. Um estudo publicado no jornal Sexual Abuse mostrou que o COSA reduziu a reincidência em 83% entre ex-condenados.




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Eutanásia de cães com leishmaniose é inconstitucional, diz TRF-3

HOLOCAUSTO CANINO

Eutanásia de cães com leishmaniose é inconstitucional, diz TRF-3


Usar a eutanásia em cães com leishmaniose visceral ao invés de tratá-los contraria dispositivos constitucionais como o direito de propriedade, a proibição da violação do domicílio e a prática de crueldade contra animais. Com essa decisão da 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, os órgãos públicos de Campo Grande (MS) estão impedidos de matar os animais como meio de controle da doença infecciosa não contagiosa no município.
“Não tem o menor sentido humanitário a má conduta do município em submeter a holocausto os cães acometidos de leishmaniose visceral, sem qualquer preocupação com a tentativa de tratar dos animais doentes e menos preocupação ainda com os laços afetivos que existem entre humanos e cães, pretendendo violar o domicílio dos cidadãos sem ordem judicial para, despoticamente, apreender os animais para matá-los”, disse o desembargador Johonsom di Salvo.
Ele foi o relator do Agravo de Instrumento apresentado pela organização não governamental  Sociedade de Proteção e Bem Estar Animal - Abrigo dos Bichos.
Para a turma, em vez de utilizar da prática da extinção dos animais, o Poder Público deveria adotar providências para erradicar os focos (criadouros) do vetor (Lutzomyialongipalpis) da transmissão do protozoário que infecta humanos e animais. Deveria também promover pesquisas com medicamento já usado em outros países para a cura das vítimas da doença.
“Infelizmente, dos 88 países do mundo onde a doença é endêmica, o Brasil é o único que utiliza a morte dos cães como instrumento de saúde pública. Ou seja, no Brasil ainda viceja uma espécie de ‘Idade Média’ retardatária: a preocupação é eliminar ou afastar a vítima e não o causador da doença”, disse o relator.
A ONG havia ajuizado Ação Civil Pública em 2008 para impedir a prática e chegou a conseguir liminar para impedir o Poder Público de sacrificar animais, mas depois o juiz da 1ª Vara Federal de Campo Grande acabou revogando em parte a decisão.
O relator recomenda que a Administração permita que o animal infectado seja tratado sob a supervisão e responsabilidade de médico veterinário. “Convém aduzir que os órgãos públicos não podem proibir — especialmente através de atos normativos inferiores à lei em sentido formal — que os donos dos animais e os médicos veterinários procurem tratar os animais doentes, antes de optarem pela irreversibilidade do sacrifício do animal”, disse. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRF-3.
Processo: 0013792-50.2010.4.03.0000



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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Professora dá uma de cupido e casal com Down se casa em Teresina

09/06/2015 07h00 - Atualizado em 10/06/2015 14h35

Professora dá uma de cupido e casal com Down se casa em Teresina

O casal se conheceu através de uma professora da noiva.
Após a união, recém casados vão morar com os pais de Vinicius.

Amanda DouradoDo G1 PI
Primeiro casamento de portadores de síndorme de Down no Piauí (Foto: Amanda Dourado/G1)Primeiro casamento de portadores de síndorme de Down no Piauí (Foto: Amanda Dourado/G1)
Uma história de amor digna de conto de fadas com direito até a cupido. Assim pode ser definido o relacionamento de Fátima Sousa e Vinicius Saraiva, que casaram no último fim de semana, em um buffet de Teresina. A união mais do que especial tem um detalhe que deixa a história ainda mais interessante: foi o primeiro casamento de pessoas com a síndrome de Down na capital, segundo a Associação de Pais e Amigos Excepcionais (Apae).

Eles se conheceram através da professora Leonice Leia, que dá aula para Fátima. “Eu conheci a mãe do Vinicius durante a aula de hidroginástica. Ela comentou comigo que estava à procura de uma namorada para ele há algum tempo e na mesma hora eu lembrei da Fátima. Agora posso ver que acertei”, disse a professora.

O primeiro encontro do casal aconteceu em um shopping center de Teresina, após as mães combinarem por telefone. “Quando Leonice me deu o telefone da mãe da Fátima, eu liguei na mesma hora e combinei com ela um encontro entre os dois. No dia eles estavam muito empolgados e quando se viram pela primeira vez, nós notamos que rolou uma afinidade”, conta a funcionária pública, Sônia Saraiva mãe de Vinicius.

Fátima e Vinicius namoraram por dois anos, até que o rapaz decidiu pedir a mão da moça em casamento para o pai dela. A relação seguiu a ordem dos romances tradicionais. Os dois se conheceram namoraram, noivaram e, finalmente, "casaram”.
“Eu falei para o pai dela que tinha um assunto sério para falar com ele, que queria casar com a filha dele e cuidar dela”, afirmou Vinicius Saraiva.
Leonice Leia professora que apresentou o casal  (Foto: Amanda Dourado/G1)Leonice Leia, professora que apresentou o casal
(Foto: Amanda Dourado/G1)
O tão esperado “casamento” aconteceu no último fim de semana e os pais estavam mais nervosos que os noivos. “Esse é um momento de vitória para todos nós, é resultado de um trabalho de uma vida toda dedicada a um filho. Eu estou extremamente emocionado e satisfeito com a nova vida dele”, diz o pai do noivo, Manuel Saraiva.

Casamento de pessoas com síndrome de Down é permitido no Brasil, mas para isso é necessário que os noivos não sejam interditados judicialmente pela família.
No caso de Vinicius e Fátima o casamento foi somente simbólico, realizado por um pastor evangélico. “Resolvemos interditar o Vinicius há sete anos, só por precaução, mas tanto ele como a Fátima são bastante independentes”, disse o pai do noivo, Manoel Saraíva.

O casal vai morar na casa dos pais de Vinicius, mas passarão os fins de semana com os pais de Fátima “Eu já estou para morrer de saudades da minha filha, a gente sempre foi muito apegada, mas estou tão feliz por essa nova fase da vida dela”, conta dona Danieli Sousa, mãe de Fátima.
Fátima e Vinicius namoraram por dois anos até casar  (Foto: Reprodução/Facebook)Fátima e Vinicius namoraram por dois anos até casar (Foto: Reprodução/Facebook)
Sindrome de Down
As pessoas com síndrome de Down possuem 47 cromossomos e não 46, como acontece normalmente. A presença de um cromossomo a mais é determinada por uma ocorrência genética e pode acontecer com qualquer casal, independente da faixa etária, e herdada em poucos.

O efeito do material genético em excesso varia de indivíduo para indivíduo, mas pode-se dizer que uma das características é o desenvolvimento, em geral, se dar em um ritmo mais lento.
O pai de Vinicius, Manoel, afirma que a condição do casal não o impede de fazer qualquer tipo de atividade. Vinicius trabalha diariamente na Assembleia Legislativa do Piauí.

"Sempre fiz de tudo para meu filho viver como uma pessoa normal. Antes de conhecer a Fátima ele vivia em festas com os amigos, agora virou um homem comportado. Mas é importante essa independência deles", avalia.


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Perfil das doenças mudou completamente nos últimos 30 anos

20/06/2015 09h20

Perfil das doenças mudou completamente nos últimos 30 anos
A médica Cláudia Burlá, especialista em geriatria com certificado de atuação na área de medicina paliativa, afirma que enfermidades que matavam precocemente saíram de uma fase aguda e se transformaram em problemas crônicos.


OUÇA O ÁUDIO
Duração: 24:12


Para ouvir o áudio clique aqui!





Ela afirma que o envelhecimento da população fez com que as pessoas se vissem obrigadas a conviver com limitações e sequelas, e apresenta o dado de que menos de 10% de todas as mortes ocorrem subitamente. A maior parte delas acontece de forma lenta e progressiva.


Comentário feito pela Professora Maria de Fátima Freire de Sá:


Anexamos ao blog o áudio da entrevista feita à Dra. Cláudia Burlá, uma das maiores especialistas em cuidados paliativos no Brasil. Abaixo, apenas alguns comentários sobre autonomia privada e demanda por cuidados paliativos, sob o ponto de vista do Direito. A íntegra do texto pode ser encontrada no livro Autonomia para Morrer, 2ª edição, de Maria de Fátima Freire de Sá e Diogo Luna Moureira (Del Rey). O assunto também é tratado no capítulo O Idoso e sua Construção Biográfica, em Ensaios sobre a Velhice de Taisa Maria Macena de Lima e Maria de Fátima Freire de Sá (Arraes).

A Medicina paliativa é tratada na atualidade como novo paradigma das Ciências Médicas que se alia à Medicina curativa na efetivação do cuidado com o paciente. Enquanto a segunda lida com a procedimentalização da arte médica objetivando a eliminação de doenças, os cuidados paliativos visam promover a máxima qualidade de vida para pacientes e familiares, seja em decorrência de diagnósticos ou tratamentos médicos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o cuidado paliativo é entendido como:

[...] cuidado total e ativo dos pacientes cuja enfermidade não respondea um tratamento curativo. O controle da dor de outros sintomas de problemas psicológicos, sociais e espirituais, adquire neles uma importância primordial. O objetivo dos cuidados paliativos é conseguir a máxima qualidade de vida possível para os pacientes e seus familiares [...] Os cuidados paliativos [...] afirmam a vida e contemplam a morte como um processo normal [...] nem aceleram nem propõem a morte [...] integram os aspectos psicológico e espiritual do cuidador [...] oferecem um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viver até a morte tão ativamente quanto lhe seja possível [...] oferecem um sistema de suporte aos familiares para ajudá-los a enfrentar a enfermidade do paciente e seu próprio luto.

 Esta é uma realidade que se verifica em muitos países, o que justifica o reconhecimento de um verdadeiro direito aos cuidados paliativos, como o fez o Ministerio de Sanidad e Consumo (Espanha), ao criar um plano nacional de cuidados paliativos, adotando, entre os princípios gerais, o artigo 1º, cujo teor é:

Garantizar a los pacientes en fase terminal los cuidados paliativos, como un derecho legal del individuo, en cualquier lugar, circunstancia o situación, a través de las diferentes estructuras de la red sanitaria, el apoyo psicológico y la ayuda social que precisen sin distinción de tipo de enfermedad ni ámbito de atención.

Trata-se, como salientado na definição da OMS, de cuidado ativo, ou seja, ainda existe muito a ser feito, mesmo que o estado da ciência e da tecnologia não ofereça uma solução curativa. Equipes multidisciplinares apoiarão o paciente no enfrentamento de suas dores – o sofrimento físico, psicológico, espiritual e social.

Na verdade, o cuidado físico sempre foi tido como o fundamental e, nessa seara, se destaca o profissional médico, que ministra tratamentos para minimizar os sintomas da doença, não sendo possível curá-la. Mas, o sofrimento extrapola em muito a questão física, daí, a necessidade de acompanhamento psicológico, espiritual, dentre outros, a partir dos valores assumidos como construção de vida boa de cada um.

Mas os cuidados paliativos não se restringem unicamente à pessoa do paciente, mas também àqueles que estão a sua volta e compartilham do sofrimento, ainda que em outra dimensão. Isso porque o estado emocional do cuidador e dos familiares pode repercutir sobre o estado emocional do enfermo. Também porque o transtorno emocional que padece o cuidador, enquanto o paciente se aproxima da morte ou no momento do falecimento, pode adoecê-lo no seu processo de luto. O cuidado com o cuidador é tão importante que a OMS, ao propor a definição de cuidados paliativos, incluiu os cuidadores entre os merecedores dessa atenção especial. Não é demais enfatizar que o sofrimento do luto que pode evoluir para uma enfermidade.

Embora os cuidados paliativos se apresentem como uma possibilidade para alívio da dor no percurso natural de um morrer com dignidade, é evidente que a sua proposição primeira está em favorecer a efetivação da saúde do paciente.
Não se pode pensar que a efetivação do direito à saúde estaria a pressupor uma ausência de enfermidades, mas o convívio digno com ela, segundo práticas paliativas. Tanto é que o novo marco paradigmático da International Classification of Functioning, Disability and Health pressupõe a retirada da doença do centro das especulações médico-científicas, colocando em seu lugar a pessoa e sua saúde. A participação da pessoa na definição do conteúdo daquilo que vem a ser definido como saúde é fundamental.

Portanto, optando a pessoa pelos cuidados paliativos – ou mesmo na hipótese de autonomia prospectiva apontando tal caminho –, eles devem ser realizados no paciente, assegurando-lhe dignidade no final da vida.


Na Bélgica, tão logo promulgada lei regulamentando a prática da eutanásia (28 de maio de 2002), promulgou-se a lei de cuidados paliativos (14 de junho de 2002), cuja vigência teve início em 05 de novembro de 2002. A discussão sobre os cuidados paliativos na Bélgica se iniciaram na primeira metade dos anos 80, embora sua regulamentação tenha ocorrido em 2002. De toda forma, a regulamentação da eutanásia e dos cuidados paliativos na Bélgica não fomentaram entraves contraditórios entre os defensores de ambas as técnicas, mas, pelo contrário, a proposta sempre foi de interrelação e cooperação. Nos termos da legislação belga, é dever do médico informar o paciente sobre seu estado de saúde e prognóstico, bem como dialogar com ele sobre a sua petição de eutanásia, e sobre as possíveis alternativas terapêuticas e paliativas, e suas consequências.


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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito