22/01/2014 16h47
- Atualizado em
22/01/2014 16h47
Duas irmãs recebem transplantes de pulmão do mesmo doador nos EUA
Uma ficou com o pulmão direito e a outra ficou com o pulmão esquerdo.
As irmãs sofriam de fibrose pulmonar idiopática há cerca de 10 anos.
Irma
Myers-Santana (esquerda) e sua irmã Anna Williamson (direita) receberam
transplante de pulmões do mesmo doador (Foto: AP Photo/Pat Sullivan)
Em uma situação surpreendente, as irmãs Irma Myers-Santana, de 71 anos, e Anna Williamson, de 69, receberam transplantes de pulmão retirados do mesmo doador: Irma ficou com o órgão esquerdo e Anna com o direito. As duas sofrem de fibrose pulmonar idiopática há cerca de 10 anos e submeteram-se às operações no início do mês em Houston, nos Estados Unidos.
"Nunca aconteceu antes... Nós já transplantamos irmãos antes, mas com anos de diferença entre uma operação e outra", disse o médico Scott Scheinin, que fez o transplante de Irma. "Foi um pouco de sorte."
A fibrose pulmonar idiopática é uma doença crônica que leva à formação de fibroses nos pulmões, diminuindo sua capacidade de oxigenar o sangue. Ainda não existe tratamento eficaz, o que leva à alternativa do transplante.
Irma e Anna Williamson passam bem, duas
semanas após transplante
(Foto: AP Photo/Pat Sullivan)
semanas após transplante
(Foto: AP Photo/Pat Sullivan)
Levando em conta o tipo sanguíneo, a altura e a severidade da doença, seria muito difícil que Irma e Anna encontrassem um doador que se enquadrasse nos três critérios ao mesmo tempo, segundo Scheinin.
A situação era ainda mais complexa porque elas insistiram em um "transplante sem sangue", pois são Testemunhas de Jeová e não aceitam transfusões. Elas vivem na Califórnia, mas o Houston Memorial, no Texas, é o único hospital do país que realiza esse tipo de transplante.
"A ironia de tudo isso é que somos irmãs, somos as duas Testemunhas de Jeová, temos o mesmo tipo sanguíneo e recebemos (os pulmões) do mesmo doador", disse Anna, com os olhos cheios de lágrima. É uma das primeiras vezes em anos que ela consegue terminar uma frase sem tossir.
"É um milagre ter todas essas coisas alinhadas dessa forma", disse Anna. Até o transplante, ela tossia durante todo o dia e tinha que estar ligada a um tanque de oxigênio constantemente. Há cerca de um ano, seu médico disse que ela precisaria de um transplante.
Foi então que ela e seu marido foram a Houston, há 10 meses. Em seis meses, Irma teve um declínio repentino e se juntou ao casal, esperando que ela também pudesse ser uma candidata viável a esse tipo de transplante.
Durante a espera, elas viveram em uma casa a poucos metros de distância do hospital. Em algumas ocasiões, cada uma chegou a receber uma oferta de órgão, mas elas sempre discutiam sobre quem deveria recebê-lo.
"Se não tivéssemos feito o transplante quando fizemos, estaríamos mortas agora", disse Anna. Irma concorda e diz pensar que a situação de Anna era ainda mais difícil que a sua.
Agora, menos de duas semanas após a cirurgia, as irmãs usam maquiagem, estão com o cabelo arrumado e brincam com os médicos, convidando-os para uma visita a Santa Barbara com direito a manicure e pedicure de graça no salão de Anna. Seus maridos e filhos as acompanham e elas conseguem falar, brincar e rir sem um tanque de oxigênio.
Médicos visitam Irma e Anna duas semanas após o transplante (Foto: AP Photo/Pat Sullivan)
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
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