Pais lutam na Justiça para
manter vivo bebê de seis
meses com doença incurável
Para médicos, aparelhos precisam ser desligados para que
Charlie morra com dignidade.
Doença causou surdez e impossibilita Charlie de chorar (Foto: Reprodução/Facebook/Connie Yates)
Os pais de um bebê de seis meses que sofre de uma doença incurável estão brigando com os médicos na Justiça para que ele seja mantido vivo.
Charlie, filho de Connie Yates e Chris Gard, nasceu saudável em agosto de 2016, mas começou a perder peso e força com seis semanas de vida. A condição piorou rapidamente e ele foi internado em outubro no Hospital Great Ormond Street, em Londres, depois de desenvolver pneumonia por aspiração.
O bebê foi diagnosticado com miopatia mitocondrial - uma condição que causa perda progressiva de força muscular.
Desde a internação, ele vem recebendo tratamento 24 horas e, como a doença não tem cura, o hospital acredita que Charlie deveria ter o direito de morrer com dignidade.
Reação dos pais
"Nós ficamos chocados e horrorizados de descobrir que fomos levados à Justiça e que o hospital está pedindo que os aparelhos que mantém Charlie vivo sejam desligados", disse a mãe ao jornal Daily Mail.
"Esse é um dos casos mais tristes desse tipo que eu já enfrentei nessa corte", afirmou, por sua vez, o juiz Nicholas Francis, responsável pelo processo.
Segundo ele, o bebê não consegue chorar e é surdo. Mas a advogada dos pais, Sophia Roper, disse ao magistrado que eles "acreditam que Charlie está muito melhor do que diz o hospital".
"Eu não consigo traduzir em palavras como é horrível ver um processo judicial com o nome do nosso filho. É como se Charlie estivesse sofrendo uma pena de morte", disse a mãe.
De acordo com um porta-voz do Hospital Great Ormond Street, o bebê tem uma doença rara, complexa e incurável.
"Charlie estava muito mal quando foi internado no nosso hospital, onde vem recebendo cuidados 24 horas por dia na nossa unidade de terapia intensiva. Mas as condições dele continuaram piorando e agora acreditamos que já exaurimos todos os tratamentos disponíveis."
"Não podemos imaginar o quão angustiante é isso para a família. Continuamos a apoiá-los de todas as maneiras, enquanto defendemos o que acreditamos ser o melhor para Charlie."
Tratamento nos EUA
Os pais do bebê, que moram em Londres, querem levá-lo para os Estados Unidos, onde acreditam que ele pode ter uma chance de sobreviver se receber tratamentos pioneiros.
Segundo Kate Gollop, advogada que representa os médicos do Hospital Great Osmond, os especialistas britânicos já consideraram o tipo de tratamento que está disponível nos EUA, mas decidiram não aplicá-lo no bebê.
Um hospital da Espanha já afirmou ter interesse em aceitar Charlie como paciente - isso está no processo que corre na Justiça.
A mãe lançou uma campanha chamada #CharliesFight (#ALutadeCharlie), que já arrecadou mais de 80 mil libras (R$ 320 mil) do total de 1 milhão de libras (R$ 4,6 milhões) que os pais acreditam ser necessário para que o bebê receba o tratamento nos Estados Unidos.
Na primeira audiência do caso, o juiz responsável disse que os pais de Charlie são "profundamente dedicados a ele".
"É uma situação trágica", afirmou.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
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