Acesse o nosso site: www.cebid.com.br

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Alemanha autoriza acesso a medicamentos para suicídio assistido



Tribunal decide que Estado não pode negar a pacientes em circunstâncias 

extremas o acesso a remédios prescritos que os permitam morrer de maneira

 digna. Justiça analisou caso de alemã que teve pedido recusado em 2004.



Para tribunal, remédios podem ser prescritos em casos de sofrimento extremo (Foto: Alessandro Della Bella/AP )



O Tribunal Administrativo Federal da Alemanha decidiu na quinta-feira (2) que pacientes 
"em circunstâncias extremas" poderão ter acesso legal a medicamentos que os levem a 
cometer suicídio assistido, dando fim a mais de uma década de batalhas legais envolvendo
a questão.
A corte em Leipzig se posicionou a favor do "direito de um paciente em sofrimento e com 
uma doença incurável de decidir como e quando sua vida deve terminar", desde que a 
pessoa em questão "consiga expressar livremente sua vontade e agir em conformidade", 
afirma o texto.
A compra de medicamentos para o suicídio assistido é proibida na Alemanha. No entanto, 
levando em conta o direito ao livre arbítrio, o tribunal constatou que, em casos extremos,
 em situações intoleráveis de dor e quando não há alternativas médicas paliativas,
 "o Estado não pode negar acesso a medicamentos prescritos que permitam que o paciente
 tenha uma morte digna e indolor".
A decisão logo causou repercussão. Enquanto a Associação Humanista da Alemanha 
(HVD) comemorou a conclusão, a Fundação Alemã para a Proteção de Pacientes
classificou o julgamento como um "golpe para a prevenção de suicídios na Alemanha". 
Eugen Brysch, membro do conselho do órgão, disse ser "impossível mensurar a dor de
 forma objetiva" e definir juridicamente o que seria um sofrimento intolerável.

Viúvo processava Estado

Em 2004, o alemão Ulrich Koch, hoje com 74 anos, pediu ao Instituto Federal para
 Medicamentos e Dispositivos Médicos uma autorização para obter os remédios 
necessários para que sua mulher cometesse o suicídio assistido. A autorização foi negada
 pelo instituto, e o casal procurou ajuda fora do país. Em 2005, Bettina Koch morreu na
 Suíça, aos 55 anos, auxiliada pela organização Dignitas.
Depois de cair em frente a sua casa, em 2002, Koch ficou paralisada do pescoço para 
baixo e só respirava com a ajuda de aparelhos. Ela necessitava de constantes cuidados 
de enfermeiras. O marido disse que ela "sofria de terríveis espasmos" e tinha problemas 
até para sentar na cadeira de rodas.
Após a morte da mulher, Ulrich Koch entrou com uma ação no Tribunal Constitucional 
Federal, mas a Justiça concluiu que o marido não poderia processar o Estado, já que ele
 próprio não era o principal afetado. O alemão então recorreu ao Tribunal Europeu dos 
Direitos Humanos, que decidiu, em 2012, que Koch tinha direito a um novo julgamento da 
questão na Justiça de seu país.













----------------------------------------------------------------------------------
CEBID - Centro de Estudos em Biodireito

Nenhum comentário:

Postar um comentário