Portadores da Síndrome de Down podem levar vida com normalidade
Lyvia Lopes, de 9 anos, faz balé, toca piano e adora batatas fritas.
Dia Internacional da Síndrome de Down é comemorado nesta quarta.
Dançar balé, tocar piano, comer arroz, carne e batatas fritas são algumas das predileções da estudante Lyvia Mol Ribeiro Lopes, de 9 anos, que mora na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A garota, portadora da Síndrome de Down, está no 2º ano do ensino fundamental e não vê empecilho para desenvolver os afazeres do dia a dia. A mãe, Lidsy Mol Lopes, de 48 anos, também não acha nenhum tipo de limitação na vida da filha. “Eu trato a Lyvia normalmente, chamo a atenção quando é necessário”, afirma. Nesta quarta-feira (21), comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Lidsy conta que, quando era solteira, dava aulas de natação para crianças com Down e autismo e sempre quis ter uma filha com a síndrome. “Casei, tive o primeiro filho, e nada. A segunda, e nada. A terceira, e nada. Aí eu já tinha desistido quando veio a Lyvia. Quando ela nasceu, eu percebi que ela tinha Síndrome de Down, antes do médico avisar”, diz.
Lidsy explica que, quando o pediatra foi dar a notícia, chegou cheio de cuidados, explicando que falaria sobre um assunto delicado. “Como eu já sabia, não foi surpresa pra mim. O meu marido e os meus filhos também receberam muito bem a Lyvia”, relembra.
Ainda de acordo com Lidsy, a sociedade, apesar de ter progredido, ainda tem preconceito, por falta de informação. “Eles [os portadores da Síndrome de Down] são inteligentes, mas aprendem no tempo deles, que é diferente do nosso, mas eles não são limitados por causa da deficiência”.
Para ajudar no desenvolvimento da garota, além das aulas de balé, piano e da escola regular, Lyvia frequenta sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. Ela também já fez tratamento com uma terapeuta ocupacional. “O que eu gosto mais de fazer no balé é o plie”, diz a menina, referindo-se à flexão de pernas com as mãos suspensas.
“A Lyvia consegue acompanhar a turma, ela tem muita flexibilidade. Tem até demais. Quando ela não quer fazer alguma coisa, eu a deixo à vontade. Depois, ela mesma volta e faz. A Lyvia não tem nenhuma restrição e se eu precisar ser mais dura, eu também sou, com o consentimento da mãe”, diz a professora de balé, Mariana de Lucca, de 34 anos.
Nas aulas de piano, Lyvia lê com tranqüilidade as notas musicais, abre o caderno das partituras e mostra, com desenvoltura, as músicas que toca e canta.
“Eu uso com a Lyvia a mesma técnica que uso com os outros alunos. O importante é respeitar a condição de aprendizagem de cada um. O caminho é ela quem vai trilhar e a Lyvia tem aprendido além das minhas expectativas. Ela tem uma memória fantástica. É uma via de mão dupla: ela aprende comigo e eu aprendo com ela”, elogia a professora de piano, Karina Botelho Gomes, de 46 anos.
Lyvia também gosta de tecnologia. Brincar de videogame e com os joguinhos no celular e no computador são passatempos da garota. E os escolhidos são dama e jogo da memória. Ah... ela adora brincar com as bonecas. Ver desenhos animados na televisão e brincar com o labrador Doky também são divertimentos para ela. Na escola, a menina diz que a matéria predileta é ciências porque explica sobre plantas e corpo humano. Quando o assunto é música, Lyvia não titubeia e conta que gosta do grupo mineiro Skank, especialmente da canção “É proibido fumar”.
Com tantas atividades e para compensar a correria da semana, às sextas-feiras vai à lanchonete para comer pão de queijo e beber refrigerante. Na escola, Lyvia disse que a melhor amiga é a Júlia, com quem gosta de brincar.
Tanta felicidade da filha compensou a abdicação do sonho profissional de Lidsy. Quando a menina tinha pouco mais de cinco meses de vida, Lidsy abandonou a carreira de decoradora para se dedicar à filhota. “Vi que eu tinha que dá o meu tempo para ela, viver para ela”. E a escolha deu certo e enche de alegria e orgulho a mamãe coruja.
Alteração cromossômica
De acordo com a psiquiatra infantil e presidente do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Associação Médica de Minas Gerais, Ana Christina Mageste Pimentel, os portadores da deficiência precisam ser estimulados para ter boa qualidade de vida. “Eles são diferentes, mas podem ter uma vida normal”, afirma a médica.
De acordo com a psiquiatra infantil e presidente do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Associação Médica de Minas Gerais, Ana Christina Mageste Pimentel, os portadores da deficiência precisam ser estimulados para ter boa qualidade de vida. “Eles são diferentes, mas podem ter uma vida normal”, afirma a médica.
Ana Christina explica que há três níveis da síndrome: leve, em que há poucos comprometimentos psicomotores; moderada, que apresenta mais dificuldade motora e o desenvolvimento intelectual fica abaixo da média; e o grave, em que o entendimento, a fala e a questão motora ficam muito comprometidos.
A especialista fala que, de uma forma geral, os portadores da Síndrome de Down têm os olhos puxados, a língua maior, uma dobra na mão próxima ao dedo polegar, mais flacidez muscular e atraso neurológico, psicológico e motor.
Ela observa que a alteração cromossômica, ou trissomia, acontece na fase intrauterina em que o cromossomo apresenta três braços em vez de dois. Ana Christina diz que o Down precisa fazer acompanhamentos com terapeuta ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia. “Mas isso vai depender do sintoma apresentado por cada um”.
*Colaborou nesta reportagem Mikaela Salachenski.
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CEBID - Centro de Estudos em Biodireito
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