Acesse o nosso site: www.cebid.com.br

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Bispo católico das Filipinas aprova uso médico da maconha no país

03/07/2014 10h44 - Atualizado em 03/07/2014 10h44

Bispo católico das Filipinas aprova uso médico da maconha no país

Sócrates Villegas, da Conferência Episcopal, publicou post no Facebook.
País asiático debate legalização do uso terapêutico da cannabis.

Da EFE
A Igreja Católica das Filipinas respaldou publicamente o uso médico da maconha em um momento no qual os legisladores do país debatem a aprovação de uma lei que legalizaria o uso da droga para determinados doentes.
"Os princípios católicos sobre tratamentos médicos consideram, de fato, moralmente aceitável o uso da maconha para pacientes com câncer que sofram dores intensas", indicou o presidente da Conferência Episcopal Católica das Filipinas, o arcebispo Sócrates Villegas, em comunicado.
As declarações da Igreja Católica das Filipinas, que exerce uma grande influência sobre a política e o povo do país, supõem um importante respaldo à iniciativa do parlamentar Rodolfo Albano III, que no mês passado de maio apresentou o projeto de lei "Uso Compassivo da Cannabis Médica".
Esta medida, que ainda está sendo estudada, propõe a legalização e regulação do uso médico da cannabis, que comprovou ser beneficente e terapêutica para tratar doenças crônicas ou degenerativas. Embora a lei legalizaria o uso da maconha para determinados tratamentos, o consumo ou posse da droga por qualquer outro motivo seguiria sendo ilegal.
Conflito de opiniões
Post publicado pelo arcebispo Socrate Villegas, das Filipinas, sobre o uso da maconha medicinal (Foto: Reprodução/Facebook)Post publicado pelo arcebispo Socrate Villegas, das Filipinas, sobre o uso da maconha medicinal (Foto: Reprodução/Facebook)
O projeto de lei está começando a ganhar adeptos entre os legisladores do país, e segundo disse Albano na emissora local "ANC", tem o apoio do ministro da Saúde, Enrique Ona. O arcebispo Villegas, que aprova o uso médico da cannabis, pediu aos legisladores e oficiais do governo que assegurem a proteção do público sobre qualquer prejuízo que pode resultar de transformar a maconha em uma droga facilmente acessível.
"Nos preocupa a introdução de substâncias perigosas e aditivas, e que estejam legalmente disponíveis para gente com tendência a dependências. Os efeitos só podem ser daninhos, especialmente para os jovens e crianças", explicou o arcebispo.
Antecipando-se a estes temores, o projeto de lei prevê a formação dentro do Ministério da Saúde de uma "Autoridade Reguladora da Cannabis" para controlar o uso da maconha como substância médica.
A agência repartiria carteiras de identidade aos pacientes autorizados a receber maconha para seu tratamento e desenvolveria Centros de Apoio da Cannabis Médica e Centros de Controle de Segurança da Cannabis Médica, que teriam que estar situados a mais de 300 metros de colégios ou universidades.
No entanto, alguns legisladores se opõem frontalmente ao projeto de lei apresentado por Albano, e afirmam que se for aprovado, desembocaria em um desastre nacional. "A proposta de legalizar a maconha é enganosa, e está camuflada sob o termo 'maconha médica''', assinalou o parlamentar Vicente Sotto à imprensa. "Não se pode declarar legal uma bomba nuclear simplesmente porque um pequeno componente da bomba pode te servir para iluminar sua casa", expôs.
Embora Sotto admita que a legalização da cannabis médica ajudaria alguns doentes, aponta que os maiores beneficiados da lei seriam os traficantes de drogas. "A maconha é um grande negócio para os traficantes de drogas, e se a legalizarmos, se transformará em um negócio até maior", assegura o legislador filipino.
Segundo o Conselho de Drogas Perigosas das Filipinas, a cannabis foi nos últimos anos a segunda substância ilegal mais consumida no país, depois do shabú (como se conhece nas Filipinas a metanfetamina), e atualmente seu consumo ou posse pode receber uma pena máxima de prisão perpétua.
A Conferência Episcopal Católica das Filipinas tem uma grande influência política no país devido à extrema religiosidade do povo e dos legisladores filipinos. Durante anos, a igreja conseguiu bloquear a aprovação de grandes medidas como a Lei de Saúde Reprodutiva que, entre outras questões, garante o acesso universal a métodos anticoncepcionais nas Filipinas, um dos países com mais habitantes do mundo.

--------------------------------------------------
CEBID - Centro de Estudos em Biodireito

Nenhum comentário:

Postar um comentário